Quatro anos depois da tragédia no “Ninho do Urubu”, Centro de Treinamento (CT) do Flamengo, no Rio de Janeiro, a família de Gedson dos Santos, o Gedinho de Itararé (SP), contou sobre a dor do luto e a memória que o garoto deixou ao irmão, hoje com sete anos.
Na semana passada, a Justiça do Rio de Janeiro começou a julgar o caso, quando ouviu um ex-funcionário do time carioca que ajudou a tirar alguns dos jogadores do contêiner-dormitório que pegou fogo no CT, em Vargem Grande. O caso ocorreu em 8 de fevereiro de 2019 e provocou a morte de dez adolescentes.
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Para Gedson Fábio Beltrão dos Santos, pai de Gedinho, as lembranças do filho estão presentes em cada detalhe do cotidiano.
“A gente vive um dia de cada vez. Não é fácil levantar todos os dias e não poder conversar com o Gedinho. A gente era muito ‘ligado’ [um ao outro], sempre vai estar faltando ele em todas as situações. A lembrança é 24 horas.”
“Ele [Geraldo] quer ser jogador igual o Gedinho, tem fotos que estão expostas aqui em casa com a família e amigos num quarto. O Geraldo olha e até pergunta sobre o irmão, às vezes a gente pega ele olhando sozinho para as fotos também”.
Na época do acidente, em 2019, Gedinho tinha 14 anos e Geraldo, três. O caçula da família, Gael, nasceu um tempo depois e não conheceu o irmão mais velho.
‘Nunca foi fatalidade’
A demora por parte da Justiça e a revolta da família fizeram Gedson se afastar do futebol. Para ele, a morte do filho foi uma irresponsabilidade do clube.
“Eu nem estou acompanhando, depois que aconteceu aquilo tudo a gente começou a se ocupar com outras coisas. Pela memória que deixou. Ainda com essa demora, as pessoas comentam que foi uma fatalidade, mas pra mim nunca que foi, na verdade foi uma irresponsabilidade. É revoltante, então pra não criar esse sentimento, a gente acaba se afastando”, lamenta.
Maior tragédia do Flamengo
O incêndio no ninho do Urubu, CT do Flamengo, matou dez pessoas no dia 8 de fevereiro de 2019. As vítimas eram atletas da base do time e tinham entre 14 e 16 anos. No momento em que as chamas começaram, os garotos dormiam. Gedson Santos, o Gedinho, de 14 anos, foi o quinto identificado no IML.
As chamas atingiram as instalações onde dormiam jogadores que não residiam no Rio. A suspeita é de que a causa foi um curto-circuito em um ar-condicionado. Seis contêineres interligados serviam de dormitórios.
Fonte: G1