A cidade de Montreal, no Canadá, abre as portas, nesta sexta-feira, à Aids 2022, a 24ª Conferência Internacional sobre o tema. Sob o lema “re-engajar e seguir a ciência”, a maior conferência sobre HIV/Aids ocorre, pela primeira vez, de forma presencial retomando desde 2020.
“Diante do duelo de pandemias, estamos nos unindo para celebrar a resiliência de nossa comunidade e os incríveis avanços na prevenção, tratamento e pesquisa de cura do HIV”, disse Adeeba Kamarulzaman, presidente da IAS e vice-presidente da Aids 2022. “Mas sejamos claros, perdemos terreno nos últimos dois anos e os mais vulneráveis foram os mais atingidos. É por isso que estamos reunindo os mundos da pesquisa, política e ativismo na Aids 2022 para restaurar o impulso na resposta global ao HIV. Para superar o HIV, devemos nos engajar novamente e seguir a ciência.” Mais de 9.500 participantes presenciais e quase 2.000 virtuais estão registrados para participar da 24ª Conferência Internacional de Aids, em Montreal, no Canadá. A conferência acontece de 29 de julho a 2 de agosto.
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Aliança
O evento, que também tem um elemento virtual, aborda políticas, recursos e inovação científica nos campos biomédico, sociocomportamental e de implementação. A área de pesquisas deve dominar os debates assim como o uso de antirretrovirais por pessoas antes e após um possível contato com o vírus.
Momentos antes do evento, a Organização Mundial da Saúde, OMS, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids, Unaids, e a Agência de Saúde Global, Unitaid, anunciaram uma aliança global para acelerar o acesso ao medicamento de longa duração cabotegravir antes da exposição ao vírus, método conhecido como PrEP.
Pesquisa
Num ano, os ensaios que envolveram a rede de Pesquisas de Prevenção resultaram em “reduções consistentes na incidência” do vírus.
Sinead Delany-Moretlwe é diretor de pesquisa e professor na Universidade de Witwatersrand em Johanesburgo, África do Sul. Ele disse que o desfecho do estudo com o cabotegravir de longa ação é “encorajador”.
As análises, entre novembro de 2020 e 2021, confirmaram “um alto nível de proteção contra a infecção” em participantes de sexo feminino.
O ensaio HPTN 084, utilizado na pesquisa, revelou uma ação prolongada no grupo, em comparação com o tenofovir/emtricitabina oral atualmente tomado para a prevenção.
Expectativas
Um dos pesquisadores, Myron Cohen, do Instituto de Saúde Global da Universidade da Carolina do Norte, disse que é essencial capacitar as mulheres com opções de PrEP que sejam “seguras e eficazes para reduzir o HIV como uma ameaça à saúde global”.
Outra expectativa para a Conferência Internacional Aids 2022 é que seja divulgada uma série de estudos sobre a redução do risco de infecções sexualmente transmissíveis pela doxiciclina. A hipótese é que o antibiótico possa reduzir, de forma significativa, o risco de contágio se for tomado após as relações sexuais.
O evento também aborda a prevenção, o tratamento e as questões políticas ligadas à varíola dos macacos, incluindo as implicações para pessoas vivendo com HIV.
Possível cura
A conferência trará novas revelações sobre o impacto do uso persistente de opioides injetáveis entre pessoas vivendo com HIV.
O debate incluirá novas pesquisas sobre requisitos de idade consentida para se realizar testes do vírus e leis de criminalização e impacto sobre a prevenção e o tratamento.
Os estudos sobre o vírus, que causa a Aids, incluem pesquisas sobre coinfecções, como tuberculose e hepatite, e reinfecção por hepatite C.
Os temas da conferência incluem ainda o uso de serviços de saúde mental, a resposta a minorias como indígenas, a ética, a vigilância, a assistência médica e o caminho para uma possível cura e novas vacinas.