Os cineastas franceses Benoît Jacquot e Jacques Doillon, negam as acusações e compareceram à Direção Regional da Polícia Judiciária de Paris. Jacquot “finalmente poderá dar a sua versão diante da Justiça”, declarou sua advogada, Julia Minkowski.
Marie Dosé, advogada de Doillon, afirmou que “nenhum critério legal justifica a prisão”, sobretudo considerando que “os fatos relatados pela atriz ocorreram há 36 anos e estão prescritos há mais de duas décadas”.
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Segundo ela, seu cliente “deveria ter sido ouvido em uma audiência livre, levando em conta a data dos fatos, o prazo de prescrição atingido há mais de duas décadas e o inevitável arquivamento do caso que colocará fim à investigação”. Ainda de acordo com Dosé, “sua presunção de inocência está sendo desrespeitada”, levando em conta a midiatização do processo.
O Ministério Público de Paris confirmou a custódia policial, “lembrando que o sigilo do procedimento visa respeitar a privacidade das pessoas que confiaram suas histórias apenas à Justiça e a presunção de inocência”.
Confronto entre o diretor e a atriz
Segundo fontes próximas ao caso, a detenção, que pode durar até a noite de terça-feira, pode colocar cara a cara os acusados com algumas das atrizes que prestaram queixa, incluindo Godrèche.
“Não sei se tenho força, mas vou”, escreveu a atriz no Instagram na manhã desta segunda-feira, em uma mensagem acompanhada de uma foto em que aparece ao lado de Benoît Jacquot.
A advogada de Godrèche, Laure Heinich, não quis comentar o caso. No início de fevereiro, a atriz de 52 anos apresentou queixa contra ele por estupro e acusou Jacques Doillon de agressão sexual.
Jacquot e Godrèche, nascidos em março de 1972, iniciaram o relacionamento na primavera de 1986. Eles viveram juntos abertamente, chegando a comprar um apartamento em Paris, até a separação, em 1992. Para a atriz, foi uma relação de “controle” e “perversão”.
Outras queixas
Outras duas atrizes apresentaram queixa contra o cineasta. Julia Roy, 42 anos mais nova do que ele e que estrelou quatro de seus filmes entre 2016 e 2021, o acusa de agressão sexual em “um contexto de violência e coerção moral que durou vários anos”, de acordo com uma fonte próxima ao caso.
A atriz Isild le Besco apresentou uma queixa no final de maio contra Jacquot por estupro de menor de 15 anos, que remonta aos anos de 1998 a 2007.
Quanto a Doillon, Godrèche diz que ele a “apalpou” durante uma inesperada cena de sexo no set de um filme em 1989, quando tinha 15 anos e estava numa relação com Benoît Jacquot.
Essa nova onda de acusações do movimento #MeToo agitou o cinema francês no início de 2024 e abalou a cerimônia do César e o Festival de Cannes.
Uma comissão de inquérito sobre a violência sexual nas indústrias do cinema, audiovisual, moda e publicidade teve início em maio, mas foi interrompida após a dissolução da Assembleia Nacional francesa no início de junho.
Na sexta-feira, Dominique Boutonnat, um dos homens mais poderosos da profissão na França, deixou o cargo de chefe do Centro Nacional de Cinema (CNC) após sua condenação por agressão sexual.
Gérard Depardieu, que também foi alvo de acusações, deve ser julgado em outubro, em Paris, por agressão sexual contra duas mulheres e enfrenta um julgamento por estupro de uma terceira.
Com informações da AFP