A Polícia Federal encontrou no celular de um dos investigados na operação Emendafest um contrato que mostra o pagamento pelo hospital Ana Nery de uma porcentagem para um operador captar emendas parlamentares.
O hospital fica em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul, e entrou na mira da PF após os repasses indicarem desvios em valores de emendas parlamentares.
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O objeto das notas, segundo a PF, era “Referente captação de recursos através de indicações de emendas parlamentares”.
Na decisão que autorizou buscas contra investigados nes quinta (13/2), o ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, afirma que havia “como contrapartida o pagamento de comissão de 6 (seis) por cento sobre o valor” da emenda captado.
“No caso em análise, até o momento, foram identificados três pagamentos pelo Hospital por serviços de captação de emendas parlamentares que totalizam R$ 509.400,00 (quinhentos e nove mil e quatrocentos reais)”, diz Dino na decisão.
Segundo a PF, as tratativas para captação e indicação de emendas aponta para a existência de uma organização criminosa que direcionava “emendas parlamentares e se apropriava de parte desses recursos públicos”.
Lino Furtado, assessor do deputado federal Afonso Motta (PDT-RS), é um dos alvos da operação Emendafest.
A PF encontrou conversas entre Furtado e Cliver Fiegenbaun, que seria o captador de recursos do hospital.
Segundo a PF, um áudio enviado na conversa é revelador e indica que o assessor do parlamentar receberia valores de Cliver relacionados a emendas.
“Os pequenos eu posso complementar e botar mais 10 em cima. Pra tu confiar na parceria e eu quero continuar com a tua parceria ano que vem”, diz Cliver em aúdio em 10 de janeiro do ano passado.
Ainda no áudio, ele afirma que era “400, faltou 15, te levo mais, mais 25”.
Os repasses, segundo o áudio, era para não “estragar a parceria”.
“Isso eu tenho do meu, aí eu nem envolvo ninguém, porque eu não quero estragar a parceria e tu vai ver que nós não vamos ratear contigo”, diz Cliver em áudio.
Para a PF, o áudio mostra que a parceria entre os dois, firmada em 2023 com a promessa de envio de emendas, “executada (e em andamento) em 2024, estaria com a promessa de continuar no ano seguinte, ou seja, em 2025.”

Reprodução PF