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São Paulo

Deputados pedem que Vai-Vai fique sem verba pública após “desrespeitar” polícia

Escola de samba, que retratou policiais com chifres e asas, afirma que seu samba-enredo é referente a manifestações culturais, como o álbum “Sobrevivendo no Inferno”, dos Racionais MCs.


O deputado federal Capitão Augusto e a deputada estadual Dani Alonso, ambos do PL de São Paulo, enviaram ofício ao governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e ao prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), pedindo que a escola de samba Vai-Vai fique sem acesso a verbas públicas no próximo ano por “desrespeitar” policiais.

“Proponho que a Vai-Vai seja proibida de receber qualquer forma de recurso público no próximo ano fiscal, como forma de sanção pela conduta ofensiva demonstrada. A medida não apenas servirá de punição, mas também como sinal de que ofensas contra instituições e profissionais de segurança não serão toleradas em nosso estado”, diz o documento.

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Capitão Augusto, que redige o ofício, também pede que sejam reforçadas as diretrizes e critérios para a concessão de apoio financeiro e patrocínio a entidades e eventos culturais. O deputado defende “assegurar que estes não estejam de forma alguma associados a atividades criminosas ou que promovam mensagens de ódio e desrespeito”.

No desfile da Vai-Vai para o Carnaval de 2024 no Sambódromo do Anhembi, que aconteceu no último sábado (10), policiais da Tropa de Choque foram retratados com asas e chifres vermelhos –em uma alusão a figuras demoníacas.

Anteriormente a Vai-Vai explicou em nota que seu samba-enredo “tratou-se de um manifesto, uma crítica ao que se entende por cultura na cidade de São Paulo, que exclui manifestações culturais como o hip hop e seus quatro elementos – breaking, graffiti, MCs e DJs”.

O desfile da Vai-Vai, na noite do último sábado (10/2), no Sambódromo do Anhembi, com uma das alas da escola representado a tropa de choque da Polícia Militar (PM) com alusão à figura de demônios.

Delegados repudiam

O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) emitiu na segunda-feira (12) uma nota de repúdio contra a Vai-Vai. Segundo a entidade, o enredo apresentado no Sambódromo do Anhembi representou com “escárnio” a figura de agentes da lei.

A nota menciona a ala “Sobrevivendo no Inferno” e destaca o uso de chifres que remetiam à figura de um demônio e “demonizaram a Polícia”, motivo de “extrema indignação” por parte do Sindesp.

De acordo com o sindicado, o samba-enredo “afronta as forças de segurança pública, desrespeita e trata, de forma vil e covarde, profissionais abnegados que se dedicam, dia e noite, à proteção da sociedade e ao combate ao crime, muitas vezes, sob condições precárias e adversas, ao custo de suas próprias vidas e famílias”.

Presidente da escola nega

O presidente da Vai-Vai, Clarício Gonçalves, rebateu, nesta terça-feira, 13, as críticas à escola de samba de São Paulo no carnaval de 2024.

Ele nega que a ala que trazia pessoas fantasiadas de policiais do Batalhão de Choque e usavam chifres e asas vermelho-alaranjadas simbolize que a escola esteja contra algum órgão público. “Isso jamais”, destacou ele.

“O enredo é baseado em livros e fatos. Aquela ala que foi polêmica é uma coisa que estava dentro do enredo. Não é possível você falar de um enredo e você ocultar a história. Mas, em momento algum, a gente tem alguma coisa contra a organização que realmente protege São Paulo”, continuou o presidente da Vai-Vai.

Clarício reforçou que a posição da Escola do Povo, como a Vai-Vai é conhecida, é a de aceitar “qualquer pessoa. Não temos bandeira de futebol, não temos bandeira política”, disse. “Nós pegamos uma história e relatamos ela do formato que tinha que ser, com os quatro elementos do hip-hop. Esse nosso enredo foi um dos mais comentados, porém com várias interpretações. E nós estamos sendo bombardeados”.

Mano Brown e KL Jay, durante desfile da Vai Vai – Foto: reprodução

A declaração de Clarício foi dada momentos antes do início da apuração das notas dos desfiles, ocorridos nos últimos dias 9 e 10. Ainda nesta terça, a agremiação emitiu uma nota em resposta ao Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo, que criticou o desfile da agremiação do Bixiga.

No texto, a Vai-Vai afirma que o enredo de 2024 “tratou-se de um manifesto, uma crítica ao que se entende por cultura na cidade de São Paulo, que exclui manifestações culturais como o hip hop e seus quatro elementos – breaking, graffiti, MCs e DJs”.

Esquerda

O desfile contou com a presença de políticos de esquerda, como o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, e o deputado federal e pré-candidato a prefeito da capital pelo PSol, Guilherme Boulos.

Após sua participação, Silvio Almeida disse nas redes sociais que o seu avô materno, o “Lorito”, foi um dos fundadores da Vai-Vai e um de seus primeiros diretores. “É a escola de samba que faz parte da história da minha família e que é uma das mais vigorosas manifestações da cultura negra da cidade de São Paulo”, escreveu o ministro.

Já Guilherme Boulos apenas compartilhou um dos cliques feitos da sua participação no desfile. “Samba e Hip-Hop! Ontem, foi dia de desfilar na Vai-Vai com um enredo histórico de homenagem ao Rap Nacional”, disse o deputado.

Direita

No campo da direita, a fantasia levada pela Vai-Vai ao Anhembi foi duramente criticada. O deputado federal Kim Kataguiri (União), que também é pré-candidato a prefeito, afirmou nas redes sociais que, no desfile, a Vai-Vai “expôs a bandidolatria mais abjeta e nojenta na Avenida”.

O deputado compartilhou uma montagem com fotos de Boulos e das alas que representavam policiais e detentos, com a legenda “Demonizando policiais e homenageando bandidos”. Kim ainda disse que Boulos “não se conteve, participou do desfile e já declarou sua torcida”.

O deputado federal Delegado Palumbo (MDB) disse que o que a Vai-Vai fez com a imagem dos policiais na avenida “não é arte”. “Eles passam uma imagem da polícia como demônio. Muito pelo contrário, os policiais do Choque são verdadeiros anjos de farda”, disse. “Quero ver colocar o PCC como demônio”.

Veja como ficou a classificação do Carnaval de SP

1º Mocidade Alegre: 270,0
2º Dragões da Real: 270,0
3º Acadêmicos do Tatuapé: 269,8
4º Gaviões da Fiel: 269,6
5º Mancha Verde: 269,6
6º Império de Casa Verde: 269,6
7º Acadêmicos do Tucuruvi: 269,4
8º Vai-Vai: 269,4
9º Barroca Zona Sul: 269,3
10º Águia de Ouro: 269,1
11º Rosas de Ouro: 269,1
12º Camisa Verde e Branco: 269,0
13º Tom Maior: 268,7
14º Independente Tricolor: 268,7

Com informações de Metrópoles