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Política

Brasil

MST conta 26 invasões e 5 acampamentos no Abril Vermelho e fala em retomada de mobilização

O MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) encerrou nesta sexta-feira (19) o chamado Abril Vermelho, calendário anual de ações em alusão ao massacre de Eldorado do Carajás, no Pará, em 1996.


Segundo o balanço final do movimento, obtido pelo Painel, foram realizadas 26 invasões e instalados 5 novos acampamentos, em 13 estados e no Distrito Federal.

Segundo Ceres Hadich, dirigente nacional do MST, a jornada de 2024 aponta “um momento de possibilidade de voltar a ocupar terras com mais frequência e intensidade”.

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MST invade, pela terceira vez, terreno pertencente à Embrapa em Petrolina (PE) – Foto: Divulgação -15.abr.2024/MST

Para ela, é animador o fato de que novos acampamentos tenham surgido durante o Abril Vermelho no Rio Grande do Sul e no Pará, estados em que a mobilização vinha sendo mais contida.

Ela também afirma que trabalhadores têm mostrado mais disposição de voltar a fazer parte do MST, processo que foi mais difícil diante da hostilidade da gestão Jair Bolsonaro (PL) em relação aos movimentos sociais.

“A própria sociedade está nos sinalizando que é um período interessante para retomada do processo de massificação”, completa.

Sobre os anúncios do governo Lula (PT), o MST diz que o dado de que 50 mil pessoas teriam sido incluídas na reforma agrária em 2023 precisa ser esmiuçado e que só 1.450 famílias foram assentadas.

“Todo o restante desse montante e, a grande parte dele, está em regularização fundiária e reconhecimento de populações quilombolas, comunidades tradicionais ou em outras modalidades de editais, como por exemplo, os PDS [Projeto de Desenvolvimento Sustentável], que não são projetos de assentamentos”, afirma Hadich.

Em apenas 3 meses do primeiro ano do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as invasões de terras já superaram todos os registros de 2019 – Foto: reprodução

A dirigente afirma que o governo tem mostrado esforço em apresentar ferramentas que dialogam com os sem-terra, como o programa Terra da Gente, mas que as políticas de reforma agrária seguem paralisadas. Por isso, afirma, o MST continuará pressionando a administração federal.

Até o final do mandato, a estimativa é de que o Terra da Gente tenha 74 mil pessoas assentadas e 221 mil reconhecidas ou regularizadas em lotes existentes. O orçamento previsto para este ano é de R$ 520 milhões para aquisição de novas terras.

“Esperamos que o programa nos ajude a acelerar de fato um processo de consolidação, de massificação, de constituição de uma reforma agrária no Brasil. Mas a gente sabe também que ele em si não é suficiente para contemplar todas as dimensões da reforma agrária popular”, avalia Hadich.

Com informações de Guilherme Seto (Folha de S. Paulo)