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Internacional

Justiça

Silêncio dos jogadores diante de condenação de Daniel Alves

Advogado da vítima, ao contrário, se manifesta e comemora sentença. David Sáez falou com jornalistas após decisão da Justiça da Catalunha.


Advogado da vítima que acusou Daniel Alves de estupro, crime pelo qual o jogador foi condenado nesta quinta-feira (22) a 4 anos e 6 meses de prisão na Espanha, David Sáez comemorou a sentença.

“Estamos satisfeitos porque é uma condenação que reconhece o que soubemos sempre: a verdade da vítima e o sofrimento dela. Contentes por ela e por todas. Temos que acabar de revisar o conteúdo completo da sentença e se a gravidade da pena se ajusta aos acontecimentos”, afirmou o advogado na porta do edifício da Audiência Nacional, em Barcelona.

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Jogadores brasileiros calaram

Entre os “grandes” jogadores brasileiros diante da condenação de Daniel Alves por estupro, o silêncio é ensurdecedor. Devem estar todos estupefatos.

Uns estão olhando para o que já fizeram, agradecendo a Deus por não terem sido pegos ainda. Outros, aqueles poucos que não sucumbem a um modo coletivo de tratar mulheres, talvez estejam secretamente pensando “bem que eu avisei”.

Nos jornais, a notícia lembra um obituário, elencando as grandes conquistas do jogador baiano, agora ex, que, segundo a “Folha de S.Paulo”, conquistou 42 títulos — “empatado com Messi como maior detentor de troféus em nível mundial”.

A sentença que estampa na testa de Daniel Alves o carimbo de “culpado” apaga a importância do que conquistou antes e o faz entrar para a história como mais um que usou seu poder para violentar mulheres.

Ele deve estar se lamentando por ter feito isso na Espanha. Como Robinho se arrependeu de ter estuprado coletivamente uma jovem de apenas 23 anos, mesma idade da vítima de Daniel, numa boate em Milão, em 2013.

A sentença que estampa na testa de Daniel Alves o carimbo de “culpado” apaga a importância do que conquistou antes e o faz entrar para a história como mais um que usou seu poder para violentar mulheres.

Ele deve estar se lamentando por ter feito isso na Espanha. Como Robinho se arrependeu de ter estuprado coletivamente uma jovem de apenas 23 anos, mesma idade da vítima de Daniel, numa boate em Milão, em 2013.

Mas, condenado a nove anos de prisão, Robinho conseguiu escapar pro Brasil sem cumprir sua pena. Aqui, ele vive solto.

Daniel Alves não teve tempo de fugir. Foi preso preventivamente menos de um mês depois de cometer o crime, graças a um ágil protocolo espanhol de proteção às vítimas, acionado desde o primeiro momento, na boate de Barcelona.

A seriedade com que Itália e Espanha investigaram os crimes cometidos em seus territórios deveria servir de exemplo para o Brasil. Aqui, muitos casos parecidos sucumbiram a desculpas de que já não restavam vestígios para comprovar as versões das mulheres — que, sabemos, sempre têm menos credibilidade do que as palavras de homens como eles.

Uma política de tolerância zero a violência sexual passa por um pacto coletivo de proteção às meninas e mulheres.

Passa pelos contratos publicitários, que em geral saem inabalados de acusações a suas estrelas.

Passa pela educação sexual e pelo exemplo que esses jogadores estão dando às futuras gerações.

Passa, inclusive, pela CBF, a Confederação Brasileira de Futebol, que também precisa parar de tratar mulheres como seres indignos de respeito, assediando funcionárias e contratando prostitutas para servir a seus convidados.

A sentença dada hoje a Daniel Alves mostra que o poder dos jogadores tem, sim, limite. É hora do “país do futebol” mostrar se concorda ou não com isso.

Daniel Alves irá recorrer da decisão 

De acordo com a resolução do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha, o recurso deve ser apresentado em um prazo de até dez dias.

O jogador de 40 anos já passou um ano na prisão, tempo que será descontado da condenação. Depois que for liberado, terá que cumprir um período de cinco anos de liberdade vigiada, além da proibição de se aproximar a menos de mil metros do domicílio ou do local de trabalho da vítima por nove anos e seis meses.

Daniel Alves também está proibido de tentar qualquer tipo de contato com a mulher que o acusou e terá que pagar a ela a quantia de 150 mil euros (cerca de R$ 800 mil).