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Internacional

Guerra

Rússia e Ucrânia retomam negociações de paz em meio à escalada do conflito

Explosões em Kiev e ataque inédito na Sibéria elevam tensão; Trump ameaça deixar mediação caso acordo não avance.


ISTAMBUL (02.jun.2025) — Delegações da Rússia e da Ucrânia se reúnem nesta segunda-feira (2), em Istambul, na Turquia, para uma nova rodada de negociações de paz, mesmo com o agravamento do conflito militar. A retomada do diálogo ocorre após dias de incerteza sobre a participação ucraniana, confirmada no fim de semana pelo presidente Volodymyr Zelensky, que designou o ministro da Defesa, Rustem Umerov, para representar Kiev.

Explosões abalam Kiev, na Ucrânia, enquanto Rússia lança ataque aéreo • Reuters

A reunião foi proposta pelo presidente russo, Vladimir Putin, e resultou até agora na maior troca de prisioneiros desde o início da guerra, mas ainda sem qualquer avanço concreto rumo a um cessar-fogo.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que atua como principal mediador das conversas, pressiona por um acordo imediato e chegou a ameaçar abandonar as negociações caso não haja progresso. “Se não houver um compromisso, os EUA sairão do processo”, disse Trump, que já chamou Putin de “louco” e repreendeu publicamente Zelensky. Ainda assim, o líder americano defende que a paz é possível e indicou que poderá impor novas sanções à Rússia, caso Moscou obstrua os esforços diplomáticos.

Propostas sobre a mesa

Segundo o enviado especial da Casa Branca, Keith Kellogg, as delegações devem apresentar documentos com propostas formais para um acordo. A versão preliminar do plano ucraniano, obtida pela Reuters, exige a retirada total das tropas russas das áreas ocupadas, rejeita qualquer limitação às forças armadas da Ucrânia e exige reparações de guerra. O documento também estabelece a atual linha de frente como base para negociações territoriais — hoje, a Rússia controla cerca de 20% do território ucraniano, o equivalente a 113 mil quilômetros quadrados.

Do lado russo, os termos colocados em 2024 por Putin seguem como condição: a Ucrânia deveria abandonar sua intenção de integrar a Otan e retirar-se de quatro regiões ocupadas e reivindicadas por Moscou.

Escalada antes do encontro

Na véspera da reunião, a guerra se intensificou drasticamente. A Ucrânia lançou um ataque inédito contra uma base aérea na Sibéria, a mais de 4.300 km da linha de frente. Segundo uma fonte da inteligência ucraniana, 40 aviões militares russos foram danificados, com prejuízo estimado em mais de US$ 7 bilhões.

Em resposta, a Rússia realizou seu maior ataque noturno até agora, com o lançamento de 472 drones e sete mísseis contra cidades ucranianas. Ainda no fim de semana, Moscou afirmou ter avançado 450 km² na região de Sumy, o maior ganho territorial mensal desde o segundo semestre de 2024.

Além disso, uma explosão atingiu uma ponte ferroviária na região russa de Bryansk, matando sete pessoas e ferindo outras 69. Um trem de passageiros com quase 400 pessoas estava sobre a estrutura no momento do ataque. Nenhum grupo assumiu a autoria.

Segundo os Estados Unidos, a guerra já deixou mais de 1,2 milhão de mortos e feridos desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.