A maioria dos países europeus vota neste domingo. As eleições tiveram início na quinta-feira (6), na Holanda; Irlanda e República Tcheca votaram na sexta-feira (7). Eslováquia, Letônia, Malta e Itália foram às urnas no sábado (8). Neste domingo é a vez dos países com a maior quantidade de eleitores participarem do pleito, como a Alemanha, a França e a Espanha.
Os primeiros resultados serão divulgados nesta noite. A previsão é de um reforço da direita no Parlamento Europeu. Já a extrema direita deve se tornar, pela primeira vez na história, a terceira força política no bloco.
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Previsão de sucesso do Reunião Nacional
Na França, mais de 49 milhões de eleitores estão aptos a votar neste domingo. O principal partido da extrema direita francesa, o Reunião Nacional (RN), aparece na frente de todas as pesquisas, com mais de 30% das intenções de votos.
Segundo as sondagens, a legenda ultranacionalista liderada por Jordan Bardella tem mais do que o dobro da preferência do partido Renascimento, do presidente francês Emmanuel Macron. Encabeçado pela candidata Valérie Hayer, o grupo centrista apoiado pelo chefe de Estado aparece em segundo lugar nas pesquisas, com cerca de 15% dos votos, seguida do Partido Socialista, sob a liderança de Raphaël Glucksmann, com cerca de 13% dos votos.
Com apenas 28 anos, Bardella, braço direito de Marine Le Pen, foi o protagonista da campanha eleitoral na França. O presidente do RN obtém um forte sucesso entre o eleitorado jovem, maquiando o discurso xenófobo e ultraconservador da legenda com uma linguagem moderna e simplória que viralizou no TikTok.
O voto na França não é obrigatório e na eleição europeia de 2019, cerca de 50% dos eleitores foram as urnas. Ao meio-dia de Paris (7h em Brasília), a taxa de participação era de 19,81%, com uma leve alta em relação ao último pleito, em 2019. Há cinco anos, no mesmo horário, 19,26% dos eleitores haviam votado.
720 deputados representam 450 milhões de europeus
As decisões do Parlamento Europeu têm um impacto direto na vida cotidiana dos cidadãos nos 27 países do bloco, mesmo sem o direito de propor leis como os parlamentos nacionais. Composto por 720 deputados que representam 450 milhões de europeus, a elaboração de suas políticas é feita por 20 comissões permanentes e três subcomissões também responsáveis em preparar as posições dos eurodeputados.
Os 720 deputados eleitos terão um mandato de cinco anos. O número dos eurodeputados de cada país depende do tamanho de sua população. A Alemanha, por exemplo, tem direito a 96 assentos por ser a nação mais populosa da União Europeia, e é seguida pela França, que terá que eleger 81 políticos.
Atualmente, existem sete grupos políticos no Parlamento Europeu: os democratas cristãos do Partido Popular Europeu, que é o maior grupo, a Aliança Progressista dos Democratas e Socialistas, segunda maior bancada, os Liberais, os Verdes, o grupo A Esquerda, os Conservadores e Reformistas, e a extrema-direita Identidade e Democracia.
Progressistas e ecologistas perderão cadeiras
As pesquisas de opinião mostram que os partidos progressistas pró-Europa e ecologistas perderão assentos, com uma esperada diminuição da centro-direita e centro-esquerda. Isso deve complicar os esforços destinados a renovar as regulamentações e a integrar novos países ao bloco.
Com o aumento da inflação, a crise migratória e a guerra na Ucrânia, a transição ecológica ficou em segundo plano na campanha dessas eleições europeias. Não por acaso, a candidata ecologista Marie Toussaint, que lidera o grupo dos Verdes na França, pode não obter os 5% de votos necessários para ter representação no Parlamento Europeu.
Na Holanda, as primeiras apurações mostraram que, como esperado, o Partido da Liberdade (PVV), do líder populista holandês Geert Wilders, protagoniza um importante avanço, e deve obter 7 das 31 cadeiras do país no Parlamento Europeu. Nas últimas eleições europeias, em 2019, o PVV conseguiu apenas um lugar.
A Itália também é outro dos vários países europeus mergulhados no discurso da extrema direita. O partido Irmãos da Itália, da premiê Giorgia Meloni, lidera as pesquisas de intenção de voto das eleições europeias, com 27% da preferência.
Na Hungria, a previsão é que o Fidesz, partido do primeiro-ministro ultranacionalista Viktor Orbán, obtenha 48% dos votos no domingo, depois de uma campanha anti-europeia e cravejada de fake news.
Vaga de direita reconfigura Parlamento Europeu
A vaga de direita na França deverá influenciar a composição do futuro parlamento, nomeadamente em termos de lugares e de tendências políticas.
A vida poderá ser difícil para a atual grande coligação composta pelo PPE, sociais-democratas (S&D) e pelos liberais.
O partido da Renascença do Presidente Macron tem um papel de liderança na grande coligação devido ao elevado número de lugares que detém, sendo que um revés eleitoral poderia mesmo pôr fim à atual aliança dominante no hemiciclo europeu.
Os liberais franceses parecem estar a ceder alguns dos seus votos aos socialistas de Glucksman, que, no entanto, têm o seu próprio confronto com a esquerda radical de Jean-Luc Mélenchon.