
Presidente Donald Trump, seguindo para foto oficial na Cúpula do G7 em Kananaskis, Alberta, Canadá, em 16 de junho de 2025 – Foto: Amber Bracken/Reuters
A tensão entre Israel e Irã atingiu um novo patamar com ataques aéreos mútuos e retaliações cibernéticas, mergulhando o Oriente Médio em uma crise de potencial impacto global. O conflito, já em seu quinto dia, foi marcado por ofensivas coordenadas, com Israel atingindo figuras-chave do alto escalão iraniano — incluindo comandantes da Guarda Revolucionária — e o Irã respondendo com ataques a alvos estratégicos israelenses, como centros de inteligência militar.
O rei Abdullah da Jordânia alertou que o conflito representa uma ameaça à estabilidade mundial, enquanto o Kremlin afirmou que Israel não demonstrou interesse em negociações de paz. Dentro do Irã, o clima é de tensão e insegurança, com convocação emergencial de profissionais da saúde e relatos de queda na conectividade da internet em Teerã.
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Trump desmente Macron
O presidente dos EUA, Donald Trump, antecipou seu retorno do Canadá, onde participou da reunião do G7 e assinou uma declaração pedindo “paz e estabilidade” no Oriente Médio, para lidar com a crise instalada na região envolvendo Israel e Irã.
Mas, ao contrário do que o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou, o mandatário americano não deixou prematuramente a cúpula para tentar convencer Irã e Israel de chegarem a um cessar-fogo, o que rendeu a Macron comentários do próprio Trump em sua rede social, Truth Social.
“Macron, em busca de publicidade, disse erroneamente que eu abandonei a cúpula do G7 no Canadá para retornar a Washington e trabalhar em um ‘cessar-fogo’ entre Israel e o Irã”, escreveu ele.
“Seja intencional ou não, Emmanuel [Macron] está sempre errado”, acrescentou Trump em sua mensagem, na qual também enfatizou que Macron “não tinha ideia” do motivo de seu retorno a Washington. “Certamente não tem nada a ver com um cessar-fogo. É muito mais importante do que isso”, completou o presidente americano, sem dar mais detalhes.

Eslovacos repatriados, juntamente com tchecos, austríacos e eslovenos, retornando de Israel, em Bratislava, Eslováquia, em 16 de junho de 2025 – Foto: Radovan Stoklasa/Reuters
Israel, por sua vez, indicou que seu objetivo vai além da defesa imediata, sinalizando ambições de mudança de regime no Irã. O ministro da Defesa israelense comparou o líder supremo iraniano, Aiatolá Khamenei, a Saddam Hussein, sugerindo um possível desfecho semelhante.
Enquanto isso, o G7 fez um apelo conjunto pela redução das tensões, e líderes europeus, como o ministro das Relações Exteriores da Espanha, propuseram embargos de armas contra Israel até que o conflito cesse.
A crise continua se desenrolando, com movimentações militares dos EUA, como o envio do porta-aviões USS Nimitz e aviões de reabastecimento para a Europa, reforçando a possibilidade de uma escalada ainda maior.
Quem é o aiatolá Ali Khamenei?

Aiatolá Ali Khamenei em Teerã, Irã, 20 de maio de 2025. Gabinete do Líder Supremo Iraniano – Foto: Arquivo /WANA/Divulgação via Reuters
O aiatolá Ali Khamenei, 86, governa o Irã desde 1989.
Como Líder Supremo, ele detém a autoridade máxima sobre todos os ramos do governo, das forças armadas e do judiciário na república islâmica xiita.
Ao longo de quatro décadas, ele construiu uma potência regional capaz de rivalizar com os estados sunitas do Golfo e ser implacavelmente hostil aos EUA e a Israel, ao mesmo tempo em que reprimia repetidas agitações internas.
Inicialmente considerado fraco e um sucessor improvável do falecido fundador da República Islâmica, o carismático aiatolá Ruhollah Khomeini, Khamenei vem fortalecendo seu poder e se tornando o tomador de decisões inquestionável do Irã.
Incontestável no cargo de Líder Supremo, ele dominou sucessivos presidentes eleitos e promoveu tecnologia nuclear que deixou a região ao redor nervosa.
Seu estilo de liderança mistura rigidez ideológica com pragmatismo estratégico.
Ele é profundamente cético em relação ao Ocidente, particularmente aos EUA, que ele acusa de buscar uma mudança de regime.
Mas desde que o Hamas, apoiado por Teerã, atacou Israel em 7 de outubro de 2023 , a influência regional de Khamenei vem enfraquecendo, à medida que Israel ataca os aliados do Irã – do Hamas em Gaza ao Hezbollah no Líbano, dos Houthis no Iêmen às milícias no Iraque. E o aliado próximo do Irã, o presidente autocrático da Síria, Bashar al-Assad, foi deposto.