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Internacional

Saúde Mental

Cineasta cria vaquinha para congelar corpo do filho após suicídio motivado por bullying

Clare McCann lança campanha para preservar o corpo do filho de 13 anos por meio de criogenia e promete lutar por justiça e conscientização sobre o bullying escolar.


Clare McCann com o filho, Atreyu McCann • Instagram/ Clare McCann

A cineasta australiana Clare McCann, 32 anos, iniciou uma campanha de arrecadação online no valor de US$ 300 mil (aproximadamente R$ 1,6 milhão) para realizar um processo de criogenia no corpo do filho, Atreyu McCann, de apenas 13 anos. O adolescente tirou a própria vida após, segundo a mãe, sofrer meses de bullying na escola.

“Eu implorei à escola, ao Departamento de Educação e aos Serviços para Crianças que interviessem. Tenho registros médicos, relatórios psicológicos e e-mails provando que dei o alarme repetidamente. Mas nada foi feito. E agora, meu lindo menino se foi”, escreveu Clare na página da vaquinha.

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A criogenia é um método experimental que visa preservar o corpo a temperaturas extremamente baixas, na esperança de que avanços futuros da ciência possam possibilitar a ressuscitação. McCann afirma que tem apenas uma janela de sete dias para preservar o corpo do filho.

“Trata-se de esperança e justiça. Me recuso a deixar a história do meu filho terminar em silêncio”, declarou a cineasta.

Além da preservação do corpo, Clare promete utilizar sua visibilidade pública para promover uma campanha nacional de combate ao bullying, levar o caso à Justiça e apoiar outras famílias que enfrentam situações semelhantes de negligência institucional.

Especialistas alertam para sinais e ações contra o bullying escolar

O caso de Atreyu reacende o debate sobre o papel das escolas, das famílias e das autoridades na prevenção do bullying. Para a psicóloga escolar Dra. Mariana Lopes, é fundamental que instituições educacionais adotem protocolos claros e eficazes de intervenção.

“Bullying não é apenas uma fase ou uma brincadeira entre jovens. Ele causa danos psicológicos graves e, em casos extremos, pode levar ao suicídio. As escolas precisam agir de forma preventiva e acolhedora, ouvindo os alunos e suas famílias com seriedade”, afirma a especialista.

Segundo o educador e pesquisador em políticas públicas Anderson Freire, a criação de ambientes escolares seguros depende de uma cultura de escuta ativa e responsabilização.

“Muitas vezes, os sinais de sofrimento são ignorados. Capacitar professores, criar canais de denúncia anônima e envolver os pais em campanhas de conscientização são estratégias fundamentais para prevenir casos como esse”, explica Freire.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o bullying como um dos principais fatores de risco para transtornos mentais em crianças e adolescentes. O suicídio, segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, pode ter origem em situações de violência emocional continuada.

Denúncia e apoio

Casos de bullying escolar devem ser denunciados aos órgãos de educação e, quando houver omissão, ao Ministério Público. No Brasil, o telefone 100 é um canal nacional de denúncias de violações de direitos humanos, incluindo situações de violência contra crianças e adolescentes.

Especialistas reforçam a importância do apoio psicológico a vítimas e familiares. Procurar ajuda profissional, conversar abertamente com os filhos e incentivar ambientes de empatia são ações que podem salvar vidas.

“Atreyu praticou este canto para uma audição pouco antes de eu tirá-lo da escola. Gostaria de não ter confiado nas promessas dos professores de que lidariam com isso. Gostaria de saber o que ele estava passando nas últimas semanas. Achei que ele estava melhorando. Agora sei que ele estava com muita dor. Ele só frequentou a escola por dois meses. Passou metade do tempo em casa se recuperando do estresse de tanto bullying. Tentei de tudo. Simplesmente não foi o suficiente para amenizar a tristeza dele por sentir que ninguém se importava. Principalmente os professores.” Clare McCann.