A Operação Sinistro Fantasma, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (13/2), mirou em um esquema fraudulento envolvendo o Seguro DPVAT. O grupo criminoso utilizava boletins de ocorrência forjados, laudos médicos falsos e histórias absurdas para garantir indenizações indevidas.
Entre as mentiras mais grotescas descobertas pelas autoridades, estão uma criança de seis anos supostamente grávida e uma motocicleta que sofreu 21 acidentes em menos de um ano.
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Em um dos casos inventados pelos golpistas, uma menina de apenas seis anos teria direito ao DPVAT. No boletim de ocorrência, constava que ela havia sofrido pequenas escoriações após um suposto acidente. No entanto, no laudo médico fraudado, foi incluída a informação de que a “paciente” estaria grávida.
Os agentes acreditam que os golpistas reutilizavam partes de documentos de outras vítimas reais e simplesmente copiavam e colavam informações sem revisar os dados, o que gerou contradições.
Moto envolvida em 21 acidentes diferentes
Outro indício claro da fraude foi a descoberta de uma mesma motocicleta registrada em 21 acidentes distintos, com condutores diferentes, em um intervalo de menos de um ano.
egundo a PF, os criminosos reutilizavam o mesmo veículo em diversas ocorrências fictícias, alterando apenas os nomes das supostas vítimas e as circunstâncias do acidente. Como o DPVAT cobre indenizações individuais, cada “acidente” rendia um pagamento novo para os fraudadores.
Vítima que teve a perna fraturada… duas vezes, em lados diferentes
Um beneficiário conseguiu receber o Seguro DPVAT após um acidente de moto em que, segundo o boletim de ocorrência, a perna esquerda foi fraturada. No entanto, ao cruzar os dados com o laudo médico fraudado, a Polícia Federal descobriu que a fratura registrada era na perna direita.
Homem que ganhou o seguro no lugar da namorada
Em outro caso, um homem conseguiu a indenização do DPVAT após um acidente de moto. O problema? A vítima real do acidente era a namorada dele.
Os criminosos alteravam a identidade dos beneficiários nos documentos, direcionando o pagamento para integrantes do esquema e intermediários, que ficavam com o dinheiro.
Ação da PF
As fraudes causaram prejuízos milionários ao sistema de seguro obrigatório, e a Polícia Federal já identificou mais de 250 solicitações fraudulentas, das quais 157 foram negadas por inconsistências e 92 resultaram em pagamentos indevidos.
Na manhã desta quinta-feira (13), a PF cumpriu três mandados de busca e apreensão, recolhendo documentos, celulares e computadores que podem fornecer novas provas sobre a atuação do grupo.
Os envolvidos podem responder por estelionato qualificado, crime cuja pena pode chegar a seis anos de prisão.