O delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para prestar depoimento à Polícia Federal. Ele está preso por, segundo as investigações, ter atuado para proteger os mandantes dos homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Na petição, Barbosa afirma que, embora tenha havido a determinação do magistrado à autoridade policial para que ouvisse os investigados tão logo fossem realizadas as prisões, isso ainda não ocorreu.
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Além do delegado, foram alvos dos mandados cumpridos em 24 de março o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Domingos Brazão e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). Todos negam os crimes.
No documento, o delegado pede também que seja ouvida sua mulher, Érika Andrade de Almeida Araújo, e solicita a revogação das medidas cautelares imposta a advogada. Para a PF, ela teria em seu nome empresas de fachada que teriam auxiliado em suposta lavagem de dinheiro e atuado como “testa de ferro” de Barbosa.
Os advogados Marcelo Ferreira de Souza e Felipe Dalleprane também enviaram ao STF documentos e afirmaram não haver “qualquer lastro probatório ou ao menos indiciário” no sentido de que tenha havido práticas ilícitas na prestação dos serviços realizados pelas empresas de Erika, tampouco que sua evolução patrimonial tenha relação com rendas ilegais.
“Destacamos o caráter essencialmente misógino e machista do relatório da Polícia Federal no tocante à figura de Erika Andrade, porque a despeito do conhecimento inequívoco de sua qualificação profissional, ela é absolutamente desprezada e subjulgada por parte da autoridade policial, simplesmente por ser mulher”, informou, em nota, a defesa ao GLOBO.
Em um acordo de delação premiada firmado com a PF e a Procuradoria-Geral da República, o ex-policial militar Ronnie Lessa relatou que, no segundo trimestre de 2017, Chiquinho, então vereador do Rio, demonstrou “descontrolada reação” à atuação de Marielle para “apertada votação do projeto de Lei à Câmara número 174/2016”.
Com o projeto, ele e o irmão buscariam a regularização de um condomínio inteiro na região de Jacarepaguá, na Zona Oeste da cidade, sem respeitar o critério de área de interesse social, visando obter o título de propriedade para especulação imobiliária.
Nos depoimentos, Lessa ainda relatou que Barbosa foi uma peça-chave para que os homicídios fossem consumados a mando dos Brazão. Ao delegado, caberia garantir uma espécie de imunidade aos envolvidos, ou seja, de alguma forma o inquérito que se sucederia não poderia chegar nos responsáveis pela empreitada criminosa.