A Arquidiocese de Nova Orleans anunciou um acordo para pagar cerca de US$ 179,2 milhões (aproximadamente R$ 1,012 trilhão) a vítimas de abuso sexual cometidos por membros do clero. O acordo, revelado nesta quarta-feira (21), é um dos maiores já firmados por uma instituição da Igreja Católica nos Estados Unidos e ocorre após anos de litígios e escândalos envolvendo abusos sistemáticos e acobertados.
Segundo o comitê que negociou o acordo, a quantia será destinada a um fundo que beneficiará mais de 500 vítimas e será distribuída assim que a arquidiocese sair oficialmente do processo de falência. A indenização será financiada pela própria Igreja, por suas paróquias e por seguradoras.
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Contudo, o acordo tem sido duramente criticado por representantes das vítimas. Advogados de diversos sobreviventes afirmam que a proposta foi construída em sigilo e desconsiderou a vontade da maioria dos afetados.
“Este acordo proposto foi feito em um acordo secreto, com o qual a Arquidiocese, os comitês de credores e os mediadores sabiam que a esmagadora maioria das vítimas-sobreviventes jamais concordaria e, sem dúvida, votaria contra”, disseram os advogados Soren Gisleson, Johnny Denenea e Richard Trahant em nota à Associated Press.
O processo judicial, iniciado em 2020, levou à revelação de documentos internos da Igreja que apontam décadas de denúncias ignoradas e transferências sistemáticas de padres acusados, sem notificação às autoridades civis — um padrão já identificado em diversas dioceses ao redor do mundo.
A Arquidiocese afirmou que o acordo inclui medidas inéditas de prevenção, uma declaração de direitos dos sobreviventes e mudanças no protocolo para lidar com novas denúncias. O arcebispo Gregory Aymond declarou estar esperançoso por um caminho de cura:
“Sou grato a Deus por todos que trabalharam para chegar a este acordo e para que possamos olhar para o futuro em direção a um caminho de cura para os sobreviventes e para nossa igreja local”, afirmou.
O caso de Nova Orleans se junta a uma longa lista de escândalos envolvendo abusos sexuais na Igreja Católica, com dioceses em cidades como Boston, Los Angeles e Chicago também sendo alvos de processos multimilionários. Ao redor do mundo, milhares de vítimas continuam a buscar justiça por crimes que, por décadas, foram silenciados sob a proteção de líderes e instituições religiosas.