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Esporte

Olimpíadas de Paris

O entorno das olimpíadas 2024: Um show do modernismo ou um circo de horrores?

As Olimpíadas de Paris deixam registradas uma série de intercorrências (dentro e fora das arenas) até esta metade das competições, provocando reclamações públicas de atletas, delegações, torcedores e telespectadores espalhados pelo mundo. Brasileiros que foram a Paris para assistir os Jogos Olímpicos relataram problemas para acompanhar a cerimônia de abertura, encontrando dificuldades diante de medidas de segurança promovidas pela organização.


Drag Queens encenando ‘a última ceia’; boxeadora trans, camas de papelão para atletas, comida inadequada, rio Sena poluído, calor em arenas e instalações olímpicas, jogo retomado após quase duas horas, furto, ônibus atrasados, falta de banheiros, formam o cenário descompensado das olimpíadas 2024.

O que deveria ser uma demonstração de inovação em eventos esportivos, virou um mar de críticas, em especial às figuras já conhecidas, escolhidas para ‘iconizarem’ as olimpíadas de Paris, e as cenas marcantes que aparecem, do início à metade do evento formaram um contexto contrário ao que foi idealizado pela organização.

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Insegurança e ataque ao transporte

O treinador argentino, Javier Mascherano, reclamou da organização das Olimpíadas. Além de criticar a interrupção da partida de estreia da sua equipe, o técnico revelou que Thiago Almada teve pertences furtados enquanto treinava com o time.

A imprensa francesa divulgou a informação de que o prejuízo do jogador do Botafogo chega a 50 mil euros (cerca de R$ 305 mil na cotação atual).

No dia anterior à cerimônia de abertura, Zico foi assaltado em Paris e teve um prejuízo milionário ao ter uma mala roubada na entrada do hotel. Os itens subtraídos somam cerca de 200 mil euros, equivalentes a cerca de R$ 1,2 milhão.

Zico é roubado em Paris e fica sem rolex e diamantes. Os itens levados somam cerca de 200 mil euros, o equivalente a R$ 1,2 milhão, na cotação da manhã de sexta (26 de julho) – Foto: Reprodução Instagram

Comida insuficiente

Nos dias iniciais e antecedentes das Olimpíadas, houve reclamações sobre quantidade insuficiente de comida e carnes cruas servidas no restaurante da Vila Olímpica.

— Faltam certos alimentos: ovos, frango, carboidratos, e depois há a qualidade da alimentação, com carne crua sendo servida aos atletas — contou o diretor-executivo da Associação Olímpica Britânica, Andy Anson, ao britânico The Times.

— Eles precisam melhorar dramaticamente nos próximos dias — complementou.

A Grã-Bretanha chegou a levar um cozinheiro britânico para Paris para garantir uma boa alimentação aos atletas.

Transporte com atraso, calor e erros

Antes do início da competição de skate, Rayssa Leal e outros brasileiros esperaram por quase três horas o ônibus que as levaria do Parque La Concorde de volta à Vila Olímpica. Depois do enorme atraso, os integrantes da equipe brasileira retornaram de skate e táxi.

Mas não só Rayssa e os companheiros que tiveram problemas com o transporte. Outras delegações do Brasil, como da natação e da ginástica artística, sofreram questões semelhantes, conforme o jornal O Globo.

Além dos constantes atrasos, os ônibus eram insuficientes para a quantidade de passageiros e estavam sem ar-condicionado. Erros de percurso e nos locais de desembarque também ocorreram.

Seis nadadores sul-coreanos deixaram a Vila Olímpica e foram para um hotel próximo do local de competição devido a reclamações sobre longas viagens em ônibus quentes.

Encenação de Drags que causou tensão religiosa, com retratação da organização e condenada pelo Vaticano – Foto: reprodução

Snoop Dogg carregando a Tocha

Outro registro inusitado dos Jogos Olímpicos 2024 foi a participação do rapper americano, Snoop Dogg. Conhecido por seus clips e aparições em shows fumando maconha.

O episódio, claro, rendeu vários memes. Principalmente, fazendo relação com a tocha e os cigarrinhos de maconha. Mas, além disso, rendeu vários elogios ao simpático e divertido Snoop Dogg. meme pela contradição entre uso de drogas e esporte. Mas, segundo a organização, esta escolha faz sentido.

Rapper estadunidense, Snoop Dogg conduzindo a Tocha Olimpíca – Foto: reprodução 

Quem é Snoop Dogg

Calvin Cordozar Broadus, Jr. nasceu em Long Beach – Califórnia, em 1971. Ele tem 52 anos e ganhou o apelido por sua semelhança com o beagle de estimação do personagem Charlie Brown nos quadrinhos.

Dogg cresceu em meio a um ambiente de violência das gangues e do uso de crack em alguns bairros de Los Angeles. E mesmo com toda a conexão com o esporte que teve na escola na adolescência, ele acabou se envolvendo com o tráfico de drogas.

O rapper já contou que foi alvo de tiros por diversas vezes e que andava armado. Mas em vez de atirar de volta, ele diz que costumava fugir quando via o tiroteio.

“Sempre tive medo. É por isso que acredito que sobrevivi, porque é preciso ter medo ou respeito. E eu não entendia o respeito, então temia tudo. Muitas vezes, levei tiros; muitas vezes eu tinha uma arma em minha posse e poderia ter atirado de volta. Mas estava com muito medo de atirar porque estava muito preocupado com minha vida. É lutar ou fugir e, na maioria das vezes, quando você está lá fora, é preciso fugir”, disse Dogg em uma entrevista a Howard Stern em 2021.

Aos 20 anos, Dogg ficou famoso após ser convidado para cantar com Dr Dre no primeiro single solo do artista, que acabava de deixar o N.W.A.. Juntos, eles gravaram “Deep cover”. A música fez parte da trilha do filme “Traindo o Inimigo” e foi a primeira de muitas parcerias entre eles.

Ele e seu segurança foram acusados de matar um jovem de 20 anos. O guarda costas alegou legítima defesa e os dois foram absolvidos em um júri, em 1996.

O veredicto veio em uma época em que o rapper começou a se dedicar mais à família. Um ano depois de ser inocentado, ele se casou com a empresária Shante Broadus, com quem namorava desde os tempos do colégio.

Hoje, eles são pais de quatro filhos (Corde, de 29 anos, Cordell, de 27, Julian, de 26, e Cori, de 25) e avós de 12 crianças. Ele é chamado pelos pequenos de “Vovô Snoop”.

Foi justamente a família que ajudou o rapper a caminhar para essa outra fase da vida.

Snoop Dogg corre 200m em pista de atletismo durante seletiva olímpica nos EUA e comemora resultado — Foto: Patrick Smith/Getty Images/AFP

Rap suave

Em 1996, Snoop Dogg lançou seu segundo álbum, “Tha Doggfather”. O disco trazia uma versão mais leve e contida do rapper, e isso desagradou a gravadora.

Só que naquela época o rapper já estava com 25 anos, tinha se tornado pai, tinha estabilidade financeira e aprendido a lidar com a fama.

Com a família crescendo, Snoop Dogg foi amadurecendo e, também, investindo em outros setores.

O rapper se tornou empresário e criou sua própria linha de vinhos, de cereais, e a mais famosa delas, de produtos de cannabis.

A trajetória ainda contou com um programa de culinária ao lado da empresária e apresentadora Martha Stewart. –E ele fez tudo isso sem abandonar sua carreira musical.

Snoop Dogg também seguiu conectado ao esporte, criando sua própria liga amadora de futebol americano. Ele tem a intenção de tirar jovens das ruas e levá-los ao esporte. A história sobre o projeto é contada no documentário “Coach Snoop”.

Isso mostra como a participação especial de Dogg nas Olimpíadas de Paris não é tão estranha assim, já que, desde a infância, o esporte fez parte da vida do cantor.

O passo mais recente que ele deu para essa mudança de imagem foi em 2021, quando ele se juntou ao amigo e ator Kevin Hart para um programa em que os dois faziam comentários muito divertidos sobre as Olimpíadas de Tóquio.

Foi essa empreitada que fez surgir o convite da emissora americana NBC para ele ser comentarista, e também para carregar a tocha olímpica em Paris. Dogg comentou que sentiu o Muhammad Ali, e que foi “extraordinário e excelente” estar ali levando o símbolo das Olimpíadas.

“Descobri que quando você segura a tocha você é um mensageiro da paz, então me senti muito bem com isso”, comentou o rapper.

Com agências