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Milhares de pessoas protestaram em Portugal contra os preços das casas e das rendas

A crise da habitação tem as suas raízes numa escassez crónica de habitação social e a preços acessíveis, uma situação agravada pela chegada de estrangeiros ricos em Portugal com a promessa de benefícios fiscais.


Milhares de pessoas protestaram em cidades de todo o país contra os preços incomportáveis das casas e o aumento dos custos de arrendamento, com muitos a dizerem que foram excluídos do mercado da habitação.

Os manifestantes desfilaram com cartazes com palavras de ordem como: “Os nossos bairros não são da vossa conta” e “Tenho de escolher entre pagar uma casa ou comer”.

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A crise da habitação tem as suas raízes numa escassez crónica de habitação social e a preços acessíveis, uma situação agravada pela vinda de estrangeiros ricos para Portugal com a promessa de benefícios fiscais.

O boom do turismo levou também a um aumento do número de alugueres de Alojamentos locais utilizados para férias de curta duração, o que colocou ainda mais pressão no mercado imobiliário para os habitantes locais.

“O problema da habitação é um problema que se arrasta há muitos anos no nosso país e que agora está a chegar a uma situação que é para lá de insuportável”, disse um manifestante no Porto.

O governo de coligação de centro-direita de Portugal, liderado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro e constituído pelo Partido Social Democrata e pelo CDS-Partido Popular, anunciou um pacote de 2 mil milhões de euros para construir 33 mil casas até 2030, mas muitos manifestantes duvidam que consigam cumprir o prometido.

“Dizer ao governo que é necessário tomar medidas para baixar o preço da habitação e colocar em primeiro lugar a vida de quem vive e trabalha no nosso país e precisa de um teto para que isso aconteça com qualidade”, disse André Escoval, do movimento pelo direito à habitação, Porta a Porta.

Ativistas empurram uma maquete de uma casa com cartazes de estilo imobiliário com fotografias do primeiro-ministro Luís Montenegro durante um protesto em Lisboa – Foto: Armando Franca/AP

Vinte e duas cidades de todo o país aderiram ao apelo da plataforma que junta organizações e movimentos como Casa Para Viver, Porta a Porta, Referendo pela Habitação, Projecto Ruído, Vida Justa e 1º Esquerdo.

A plataforma não tem dúvidas que este governo liderado por Luís Montenegro “está bastante comprometido com aquilo que é o negócio imobiliário”.

“Os preços e as rendas das casas continuam a subir, a sobrelotação aumenta, assim como as barracas, as pessoas em situação de sem-abrigo e os despejos. A maior parte do nosso salário, senão todo é gasta a pagar a casa. Desta forma, é inevitável que a pobreza aumente”, referem os organizadores à agência de notícias Lusa.

Na sua declaração de missão publicada online, o movimento Porta a Porta afirma que a crise de habitação em Portugal não é temporária, mas sim “crónica e estrutural”.

Entre 2020 e 2021, os preços das casas em Portugal registaram um aumento de 157%.

De 2015 a 2021, as rendas aumentaram 112%, segundo o Eurostat, a agência de estatísticas da União Europeia.

Portugal é um dos países mais pobres da Europa Ocidental e há muito que procura investimentos com base numa economia de baixos salários.

Pouco mais de metade dos trabalhadores portugueses ganha menos de 1000 euros por mês, de acordo com as estatísticas do Ministério do Trabalho relativas a 2022.

Espanha também atravessa uma grave crise imobiliária

Tal como em Portugal, a maioria dos jovens espanhóis não tem dinheiro para comprar uma casa, sobretudo em cidades como Madrid.

Por esta razão, cerca de 30 coletivos convocaram uma grande manifestação para domingo, 13 de outubro, na capital espanhola, sob o lema “A habitação é um direito, não um negócio”.

De acordo com a plataforma, citada pelo jornal El Confidencial, as rendas na capital espanhola aumentaram mais de 60% nos últimos anos e deixaram os inquilinos à beira do colapso financeiro.

“A maioria de nós não aguenta mais, estamos a afogar-nos”, afirma o Sindicato de Inquilinas e Inquilinos de Madrid num comunicado, no qual critica também a falta de medidas efetivas tomadas pelos vários governos.