A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) calcula que a adesão à greve da classe, iniciada na terça-feira (23) e que vai até à meia-noite desta quarta-feira (24) seja de 75%.
“O balanço à adesão foi bastante elevado, portanto, ontem foi 70%, hoje estamos na ordem dos 80%, até houve uma adesão mais elevada em alguns locais, portanto, o balanço final destes dois dias é de 75%”, disse à Lusa a presidente da FNAM.
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Já o Ministério da Saúde dá conta de uma participação de 31,3% no primeiro dia de protesto, “entre as 26 Unidades Locais de Saúde (ULS) e Institutos Portugueses de Oncologia (IPO) já apurados”. O Ministério acrescenta que “75,1% das consultas programadas para 23 de julho foram realizadas, enquanto ao nível das cirurgias foi praticada 50% da atividade programada”.
Na região norte do país, registaram-se elevadas taxas de participação na greve. A FNAM adianta que a unidade local de saúde (ULS) do Alto Minho tem uma adesão de 100% e “nenhum médico está trabalhando”.
No Hospital de Viana do Castelo, o bloco central apresenta uma adesão de 100%, sendo que no serviço de medicina interna a participação é de 87%.
Nesta quarta-feira, no Hospital de São João, no Porto, só há uma sala no bloco central funcionando – serviços como estomatologia, dermatologia ou otorrinolaringologia tiveram uma adesão total. No Hospital de Santo António, também só funcionou uma sala no bloco central, além das urgências.
As unidades hospitalares de Vila Nova de Gaia, Penafiel e Amarante tiveram igualmente “bastante participação” na greve, de acordo com a Fnam.
Na região Central, tal como na terça-feira, a adesão ronda de novo os 80% nos cuidados de saúde primários, sendo que Hospitais Universitários de Coimbra há “75% de encerramentos”.
A FNAM refere ainda que, no sul, a adesão foi “significativa”, não apresentando, contudo, dados concretos.
As reivindicações da FNAM incluem a reposição do horário normal de trabalho de 35 horas semanais e a atualização da tabela salarial, a inclusão dos médicos em formação na categoria de entrada da profissão e a reposição de 25 dias úteis de férias pagas por ano e mais cinco dias se forem gozadas fora da época de pico.
Em Portugal, cerca de 1,6 milhões de pessoas não têm apoio “médico da família”. Além disso, as urgências obstétricas e pediátricas estão frequentemente encerradas, obrigando as mulheres grávidas e as crianças a percorrer muitos quilómetros para terem acesso a cuidados de saúde. Os tempos de espera nas urgências gerais também são longos, devido à falta de médicos.
Os clínicos portugueses estão entre os mais mal pagos da União Europeia e as suas condições de trabalho vem piorando nas últimas duas décadas. Em consequência, muitos médicos estão trocando o setor público pelo setor privado ou emigrando.
Com EuroNews e Expresso