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Laura Pigossi luta, mas perde para ucraniana número 20 do mundo e está fora de Roland-Garros

Em sua primeira vez na fase principal do campeonato de Roland-Garros, em Paris, a tenista brasileira Laura Pigossi (119ª do ranking mundial) deu trabalho para a número 20, a ucraniana Marta Kostyuk. Em um duelo eletrizante, interrompido por causa da chuva, a paulista teve grandes chances de vencer, mas se despede do sonho de avançar na tradicional competição francesa no saibro ao perder por 2 sets a 1, em um confronto de 3 horas e 16 minutos.


Laura começou a partida muito forte, abrindo 2 a 0 no primeiro set, depois 4 a 2, mas a rival empatou e venceu com uma quebra de saque no final por 7-5.

Na arquibancada, o técnico de Laura, o espanhol Enrique Huelin, comentou à RFI o desempenho da atleta: “Laura começou com muita energia, acertando bem a direita, jogando alegre e solta. Mas a Marta jogou bem no final do set, com bons saques, esforçada”.

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O segundo set foi equilibrado, mas a brasileira cometeu erros e permitiu o empate em 6-6 e elas decidiram a parcial no tie-break. Kostyuk começou melhor o desempate, com Laura reagindo e marcando cinco pontos seguidos para virar para 6-3. A ucraniana, entretanto, salvou o primeiro set point, mas, na sequência, a brasileira conseguiu fechar e empatar o jogo com um 7-4.

No terceiro set, Kostyuk sentiu dores no pé e pediu atendimento. No retorno ao jogo, Pigossi conseguiu uma quebra, fez 4-0 e vencia por 4-2 quando a chuva interrompeu a partida, depois de 2h 49 minutos.

O jogo foi retomado após mais de uma hora de interrupção e Laura Pigossi não conseguiu manter a pressão sobre a adversária. Ela sentiu dores na coxa esquerda e precisou de atendimento. Depois de mais uma paralisação, Marta Kostyuk sacou para fechar a partida, garantindo a vitória por 6-4 no terceiro set.

“Eu não vou me apegar a esse resultado, poderia ter sido um sorteio mais fácil, mas essas são as meninas das quais eu quero ganhar, então dá na mesma se eu pego elas na primeira rodada ou no final”, disse Laura, em entrevista à RFI após a partida. “Eu acho que fiz um ótimo jogo, um ótimo nível de tênis, mas ainda posso melhorar muito e isso me deixa tranquila, pois tenho muito potencial de crescimento ainda”, completa.

Laura Pigossi também falou sobre as interrupções durante a disputa. “As condições de jogo mudaram muito, depois da chuva a quadra estava pesada e facilitou o jogo dela. Mas eu tive as minhas chances, fiz o que eu tinha que fazer, mas durmo tranquila que hoje escapou, mas eu vou acertar as próximas”, promete. “Não dá para ficar triste, é tudo aprendizado, bola para frente”, conclui.

Laura Pigossi em quadra contra a ucraniana Marta Kostyuk em sua estreia na fase principal de Roland-Garros. Em Paris, em 26 de maio de 2024 – Foto: Rene-Worms Pierre

A torcida brasileira compareceu à quadra 6 e apoiou Pigossi durante toda a partida. Ela ainda pôde contar com o estímulo do namorado, o também tenista Benjamin Lock. “É muito estressante, tenso, mas a Laura já assistiu muitos jogos meus e eu venho sempre apoiar. É um prazer vê-la jogar, neste lugar lindo e em um torneio tão importante. Estou feliz de poder estar aqui”, disse.

Luiz Peniza, capitão do time Brasil na Copa Billie Jean King – a principal competição de equipe no tênis feminino – disse à RFI não ter se surpreendido com a garra de Laura Pigossi em quadra. “A Laura é uma guerreira, os jogos dela são sempre muito competitivos, são jogos longos, é difícil ganhar dela em dois sets e ela faz com que as adversárias sintam o jogo física e emocionalmente”, afirma.

Ele também comentou a boa fase do tênis feminino nacional. “É um bom momento para o tênis feminino do Brasil, tanto individualmente quanto em equipe, as meninas vêm realizando grandes conquistas e, consequentemente o time Brasil cresce”.

Luiz Peniza, capitão do time Brasil na Copa Billie Jean King. Em Roland-Garros, em Paris, em 26 de maio de 2024 – Foto: RFI

Nova cobertura

Na manhã deste domingo, foi inaugurada oficialmente a cobertura retrátil da quadra Suzanne-Lenglen, a segunda maior do complexo de Roland-Garros. A cerimônia contou com a presença de Gilles Moretton (presidente da Federação Francesa de Tênis – FFT), Amélie Mauresmo (ex-atleta e diretora do torneio), Pierre Rabadan (deputado do esporte, dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos junto à prefeitura de Paris) e do arquiteto do projeto, Dominique Perrault.

Semelhante à da arena principal Philippe-Chatrier, a nova cobertura permite que os jogos não sejam paralisados em caso de chuva (como aconteceu no jogo da brasileira Laura Pigossi, na quadra 6). Outra novidade é que pela primeira vez a quadra Suzanne-Lenglen, inaugurada em 1994 e batizada em homenagem a uma jogadora francesa, foi utilizada durante a fase de qualificação, encerrada na sexta-feira (24). “Para os jogadores, é uma oportunidade de sentir como é atuar nas grandes arenas e para o público é a chance de sentir essa emoção, mesmo na fase de classificação, em que os ingressos são mais baratos”, explica Amélie Mauresmo. “Nosso objetivo é que as pessoas descubram o tênis e que possamos aumentar o público”, completa.

Cerimônia de inauguração da cobertura retrátil da quadra Suzanne-Lenglen, em Roland-Garros. Em 26 de maio de 2024 – Foto: Rene-Worms Pierre

Sem favoritos

A diretora do torneio também comentou a ausência de favoritos em Roland-Garros este ano, especialmente no masculino. A principal razão é que muitas das estrelas do tênis tiveram lesões recentemente. É o caso do italiano Jannik Sinner, número 2 do mundo, que sofreu uma lesão no quadril durante o Madri Open. O número 3 do mundo, o espanhol Carlos Alcaraz, está em processo de recuperação de uma lesão no antebraço, enquanto o também espanhol Rafael Nadal, 14 vezes campeão de Roland Garros, está longe da sua melhor forma.

Além dos problemas físicos enfrentados por alguns dos principais tenistas do circuito, outro fator relevante é que os cinco Masters 1000 disputados nesta temporada tiveram campeões diferentes, o que aumenta as esperanças de que outros tenistas, normalmente vistos como coadjuvantes em eventos desse porte, possam brigar pelo título do torneio de saibro de Paris.

“Há 20 anos não tem sido assim, e acho que isso abre uma nova perspectiva. Será que teremos surpresas? Isso cria ainda mais curiosidade e interesse sobre o torneio”, acredita Amélie Mauresmo.

O Brasil tem 4 atletas na disputa de simples masculino: Felipe Meligeni, Thiago Monteiro, Gustavo Heide e Thiago Wild.

Os primeiros a entrarem em quadra nesta segunda-feira (27) serão: Gustavo Heide contra o argentino Sebastian Baez, Thiago Monteiro contra o sérvio Miomir Kecmanovic e, à noite, Thiago Wild contra o francês Gael Monfils.

No feminino, a segunda-feira marcará a estréia de Beatriz Haddad Maia no torneio contra a italiana Elisabetta Cocciaretto.

Com informações de Maria Paula Carvalho, de Roland-Garros – RFI