A Proteção Civil registou cinco mortes, excluindo do balanço dois civis que morreram de doença súbita relacionada com os incêndios. Três dos mortos eram bombeiros que estavam a combater os incêndios. Mais de 150 pessoas ficaram feridas, 12 das quais com gravidade.
O governo português declarou nesta sexta-feira, (20-09) dia de luto nacional em homenagem às vítimas.
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As autoridades afirmaram na quinta-feira que os bombeiros tinham a maior parte dos incêndios no norte do país sob controlo e que a melhoria das condições meteorológicas tinha ajudado a combater os restantes. Nas primeiras horas da manhã de sexta-feira, quase todos os incêndios florestais tinham sido extintos.
Os incêndios começaram no fim de semana passado, alimentados por um calor intenso e ventos fortes, tendo ardido cerca de 100.000 hectares de terreno em apenas cinco dias.
Fumaça na França e Espanha nos próximos dias
As emissões de carbono podem ser utilizadas como um indicador da intensidade dos incêndios. O total estimado destas emissões até 18 de setembro foi de 1,9 megatoneladas de carbono. Este valor é quase o dobro do anterior recorde de cerca de uma megatonelada registado em 2003.
“Os nossos dados mostram um claro aumento das emissões de fogo e dos impactos da fumaça na composição atmosférica e na qualidade do ar, refletindo a elevada intensidade que rapidamente se desenvolveu com estes incêndios devastadores no Norte de Portugal”, afirma Mark Parrington, cientista sénior do CAMS.
Prevê-se uma “degradação significativa” da qualidade do ar no Norte de Portugal nos próximos dias devido a estes incêndios, segundo o serviço de monitorização da atmosfera. Prevê-se que as concentrações de partículas finas, conhecidas como PM2,5, se mantenham elevadas até, pelo menos, até 25 de setembro.
Até à data, as nuvens de fumaça dos incêndios têm-se deslocado para o Atlântico, mas poderão voltar a atravessar o norte da Península Ibérica, passando pelo Golfo da Biscaia e chegando ao oeste de França nos próximos dias.
As alterações climáticas estão a tornar os incêndios mais frequentes e mais intensos
Um estudo realizado no início deste ano concluiu que as alterações climáticas estão a aumentar a frequência e a intensidade dos incêndios florestais mais extremos do mundo.
Mais de 20 anos de dados de satélite da NASA mostraram que os incêndios graves mais do que duplicaram em frequência entre 2003 e 2023. Foram também 2,3 vezes mais intensos, tendo seis dos anos mais extremos ocorrido a partir de 2017.
Na Europa, Portugal foi um dos países mais afetados nos últimos anos.