
Terrorista do Hamas diante de caixões durante a entrega dos corpos à Cruz Vermelha, em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza – Foto: Reuters TV
“Será um dia muito difícil para o Estado de Israel, um dia comovente, um dia de luto”, disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Combatentes encapuzados e armados do Hamas exibiram num palco montado em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, quatro caixões pretos com as fotografias dos réfens israelenses. Acima do tablado, uma faixa retratava Benjamin Netanyahu como um vampiro.
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Os caixões foram em seguida transferidos para camionetes brancas do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que então deixaram a área. Centenas de curiosos assistiram à cena atrás de uma cerca.
Os corpos são de Ariel e Kfir Bibas, que tinham 4 anos e 9 meses respectivamente no dia do sequestro, bem como os de sua mãe, Shiri Bibas, e de Oded Lifshitz, de 83 anos.
Eles foram foram entregues em troca da libertação, prevista para sábado (22), dos palestinos detidos por Israel, como estabelecido pelo acordo de trégua na Faixa de Gaza, que entrou em vigor em 19 de janeiro.
Imagens correram o mundo
O Fórum de Famílias dos Reféns indicou na quarta-feira (19) que foi informado da morte das duas crianças Bibas e da sua mãe, bem como da morte de um quarto refém, Oded Lifshitz, sem especificar em que circunstâncias.
A família das duas crianças, Ariel e Kfir Bibas, pediu em comunicado “que não homenageiem (seus) entes queridos até que a identificação final seja confirmada”.
O Hamas anunciou em novembro de 2023 a morte de Shiri Bibas (de origem argentina) e dos seus filhos num bombardeio israelense em Gaza, fato que nunca foi confirmado por Israel.
Toda a família foi sequestrada durante o ataque de 7 de outubro ao Kibutz Nir Oz, no sul de Israel. As imagens difundidas na época pelo Hamas, da mãe abraçando os dois filhos pequenos, correram o mundo. O pai das crianças, Yarden Bibas, de 35 anos, foi libertado no dia 1º de fevereiro.
Ódio e tristeza
O anúncio da devolução dos restos mortais provocou reações de ódio e tristeza em Israel e no exterior.
Kfir Bibas era o mais jovem dos 251 reféns sequestrados em 7 de outubro de 2023. Antes da entrega dos caixões, nesta quinta-feira, 70 pessoas ainda estavam detidas em Gaza, das quais pelo menos 35 morreram, segundo o exército.
Desde o início do cessar-fogo concluído com a mediação do Catar, Egito e Estados Unidos, 19 reféns israelenses foram libertados em troca de mais de 1.100 palestinos detidos por Israel, nessa primeira fase da trégua.
“De uma só vez”
Esta é a primeira vez que o Hamas entrega os restos mortais de reféns. No sábado, o grupo palestino deve libertar seis reféns com vida.
O acordo prevê, até ao final da sua primeira fase, em 1 de março, a libertação de um total de 33 reféns, incluindo oito mortos, em troca da libertação de 1.900 palestinos detidos por Israel.
O Hamas disse, na quarta-feira (19), que estava pronto para libertar “de uma só vez”, e não mais em etapas sucessivas, todos os reféns ainda detidos na Faixa de Gaza, durante a segunda fase da trégua, que deverá começar em 2 de março.
As negociações indiretas sobre esta segunda fase, que deveria pôr fim definitivamente à guerra, foram adiadas, com o Hamas e Israel trocando acusações mútuas de violações do acordo de cessar-fogo.
A terceira e última fase prevê a reconstrução da Faixa de Gaza em ruínas.
O ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023 resultou na morte de 1.211 pessoas do lado israelense, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelenses e incluindo reféns que morreram ou foram mortos em cativeiro.
A ofensiva israelense lançada em retaliação deixou pelo menos 48.297 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do Hamas, considerados fiáveis pela ONU.
(Com informações da AFP)