Nos últimos dias de outubro o Bitcoin atingiu um recorde histórico em reais, alcançando os R$ 400 mil. A valorização foi motivada pela eleição norte-americana – e pela possibilidade de uma vitória de Donald Trump, visto como mais pró-cripto pelo setor. O investimento, contudo, não é para todos e é indicado para aqueles com maior tolerância à volatilidade do mercado.
Criada em 2009, o Bitcoin é a criptomoeda mais popular do mercado de ativos. Segundo a plataforma de dados CoinMarketCap, ela ocupa 59% da capitalização do mercado de criptomoedas. A métrica considera o preço atual e a circulação do ativo no mundo.
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Segundo dados da Receita Federal, divulgados em outubro, o mercado de criptomoedas movimentou R$ 248 bilhões no Brasil entre janeiro e setembro deste ano.
Os números podem ser mais altos, porque pessoas com menos de R$ 5.000 em criptos, segundo a legislação, não são obrigadas a informá-las ao órgão.

A imagem mostra uma mão de um boneco de madeira segurando uma moeda dourada. Ao fundo, há várias outras moedas douradas dispostas de forma aleatória. O fundo é de uma cor cinza suave.
Bitcoin é a criptomoeda mais popular do mercado de ativos – Gabriel Cabral/Folhapress
Hoje, existem mais de 9.000 criptomoedas em circulação no mundo. Em seguida ao Bitcoin, de acordo com informações da CoinMarketCap, a segunda moeda com maior circulação é a Ethereum, que representa 13% do mercado. Binance Coin (BNB), Tether, Solana, entre outras, somam, juntas, 28% do mercado.
Especialistas do setor afirmam que não há um perfil específico de investidor para o qual as criptos são recomendadas. Eles identificam uma mudança nos últimos anos.
“No passado, era algo que despertava interesse de quem estava ligado à tecnologia. Hoje, é encarado como um ativo que pode compor uma carteira diversificada. É um debate sobre ‘o quanto’ alocar e não ‘se’. Pode-se começar com 3% e evoluir para 10%, por exemplo, pensando no horizonte de longo prazo”, diz Fabricio Tota, diretor de novos negócios do Mercado Bitcoin.
Para Juliana Inhasz, professora de economia do Insper, a pessoa que quer investir em cripto precisa ter uma maior aceitação à renda variável. Aplicar em ETFs (fundos negociados em Bolsa) pode ser uma opção mais aceitável a esse público, afirma.
“A grande vantagem dos ETFs é comprar uma cesta de moedas. Você não precisa apostar em um só produto. Isso permite equilibrar os impactos de uma aplicação com os ganhos de outra”, diz.
Especialistas também recomendam que o investidor fique atento ao momento e às condições macroeconômicas antes de investir. As eleições americanas foram um dos fatores para a alta do BTC nesta semana que, segundo dados do Mercado Bitcoin, tem rentabilidade de 144% nos últimos 12 meses.
Segundo Cristiano Corrêa, professor de finanças e mercado financeiro do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), um bom caminho para a renda variável é explorar a entrada e saída de um investimento. “O papel tem um ciclo, e as pessoas costumam investir quando o preço da aplicação começa a subir ou já está mais caro”.
Para se resguardar, o investidor deve pesquisar sobre o setor e ter responsabilidade. “A dica é começar devagar, entender a operação em cripto e pesquisar a empresa de onde você está comprando. O dinheiro alocado é aquele que não se precisa no curto prazo. Não se investe o dinheiro do aluguel”, diz.
Regulamentação maior do setor é aguardada
Entre profissionais e estudiosos do setor, é consenso que há espaço para uma maior regulação das criptomoedas no Brasil, que pode trazer mais estabilidade e organização ao setor. Segundo o decreto 11.563, de junho de 2023, a competência para regular a prestação de serviços de ativos virtuais é do Banco Central.
“As consultas públicas que o BC planeja conduzir como parte do processo regulatório, bem como as decisões tomadas pelo órgão, serão essenciais para compreender as medidas que serão adotadas e limitar os riscos associados a sistemas sem governança centralizada, disse Marcelo Cárgano, advogado da Abe Advogados e especializado em regulação e proteção de dados pessoais e privacidade, à Folha em janeiro deste ano.
Segundo a instituição, a regulação dos prestadores de serviço e cambial das criptomoedas está na agenda de 2024. Empresas do setor informaram à Folha que tinham expectativa por novidades em outubro, o que não ocorreu.
O marco regulatório também prevê punições em diferentes esferas, incluindo a criminal. O Código Penal considera fraudes com utilização de ativos virtuais, valores mobiliários ou ativos financeiros como um caso de estelionato, com pena de quatro a oito anos de prisão, além de multa.