
Lula ao lado de autocratas e ditadores estrangeiros em parada militar promovida por Putin na Rússia – Foto: Alexei Nikolski/Kremlin
A presença de Lula ao lado de figuras como Putin, Miguel Díaz-Canel (Cuba), Nicolás Maduro (Venezuela) e Xi Jinping (China), em um momento delicado da geopolítica internacional, chamou atenção e gerou críticas sobre o direcionamento da diplomacia brasileira. Desde o início da guerra na Ucrânia, em 2022, Lula tem mantido uma postura ambígua quanto à invasão russa, evitando condenações diretas ao Kremlin e buscando reforçar relações políticas e comerciais com países de regimes autocráticos.
O desfile promovido por Putin incluiu a exibição de equipamentos militares usados na guerra e foi marcado por discursos que buscaram legitimar a invasão da Ucrânia como continuidade da luta contra o nazismo — uma narrativa criticada por diversos líderes ocidentais, incluindo o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, que classificou o evento como “um desfile de bile e mentiras”.
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A delegação brasileira foi composta por nomes de alto escalão do governo federal, como a primeira-dama Janja Lula da Silva, o assessor especial Celso Amorim, o chanceler Mauro Vieira e a ministra da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos. Após a visita à Rússia, Lula deve seguir para a China, onde participará do Fórum China-CELAC nos dias 12 e 13 de maio.
Apesar de justificar os encontros como parte de uma estratégia de “multilateralismo” e construção de parcerias em áreas como ciência, energia e defesa, a aproximação com governos que enfrentam denúncias de violações de direitos humanos e supressão de liberdades políticas levanta preocupações sobre o futuro da política externa brasileira. Para analistas internacionais, a presença reiterada de Lula em eventos com ditadores e líderes autoritários pode comprometer a imagem do Brasil junto a democracias consolidadas, além de enfraquecer a defesa de valores democráticos no cenário global.

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o Presidente do Brasil, Luis Inácio Lula da Silva, no Kremlin em Moscou – Foto: Alexei Nikolski/Kremlin
Com a insistência em buscar alianças com autocracias, o presidente brasileiro reabre o debate sobre os limites entre soberania diplomática e conivência com regimes que promovem repressão interna e instabilidade internacional.
A oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem manifestado críticas contundentes em relação à sua aproximação com regimes autoritários, especialmente após sua participação no desfile militar em Moscou, ao lado de Vladimir Putin, e o convite para que o presidente russo venha ao Brasil.
O senador Sergio Moro (Podemos-PR) afirmou que “o Brasil de Lula está alinhado internacionalmente com as autocracias, não com as democracias ocidentais”. O ex-deputado Deltan Dallagnol também comentou, dizendo que Lula demonstra estar “acima da lei” e que, em seu governo, o Brasil é amigo de “ditadores sanguinários”. O deputado Kim Kataguiri (União-SP) criticou a declaração de Lula de que Putin não seria preso no Brasil, afirmando que isso desafia o Tribunal Penal Internacional e dá um recado ao mundo democrático de que o Brasil está ao lado de autoritários que atentam contra o mundo livre. Gazeta do Povo
Além disso, a Gazeta do Povo publicou um editorial afirmando que o governo Lula tem como objetivo “privilegiar os laços diplomáticos com os piores e menos democráticos governos do mundo”, citando as aproximações com Nicolás Maduro (Venezuela) e Daniel Ortega (Nicarágua).
Essas críticas refletem a preocupação da oposição com o direcionamento da política externa brasileira, que, segundo seus membros, estaria se afastando dos valores democráticos e se alinhando com regimes que não respeitam os direitos humanos.