AnúncioAnúncio

Política

Brasília (DF)

Lula critica governo Trump após ameaça de sanções a Alexandre de Moraes

Presidente reage a investidas de aliados de Trump contra ministro do STF e defende instituições democráticas brasileiras: “Eles fazem barbaridades e nunca critiquei”.


O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro do STF Alexandre de Moraes em evento em 2023 – Foto: EFE/André Borges

Durante discurso no 16º Congresso Nacional do PSB neste domingo (1º), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente o governo do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após declarações de autoridades americanas sugerindo possíveis sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

A declaração ocorre após o secretário de Estado americano, Marco Rubio, afirmar que há “grande possibilidade” de Moraes ser alvo de sanções, em razão de decisões do magistrado que impactaram plataformas digitais sediadas nos EUA, como o X (antigo Twitter), de propriedade de Elon Musk — aliado de Trump.

Continua depois da Publicidade

“Que história é essa dos Estados Unidos quererem criticar a Justiça brasileira? Eles fazem tantas barbaridades, promovem guerras, e eu nunca critiquei a Justiça deles”, disse Lula, em referência à pressão exercida por parlamentares conservadores americanos, com apoio do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), licenciado e atualmente nos EUA.

“Bancada anti-Moraes” e ataques nas redes

O movimento contra o ministro do STF ganhou força entre aliados de Trump no Congresso americano. Recentemente, o Bureau of Western Hemisphere Affairs — órgão do Departamento de Estado responsável pelas relações com países da América Latina — publicou, em português, que “nenhum inimigo da liberdade de expressão dos americanos será perdoado”, numa crítica direta às decisões de Moraes que envolvem moderação de conteúdo nas redes sociais.

Lula reagiu com firmeza e defendeu o papel do Judiciário brasileiro. “Eles querem processar o Moraes porque ele tenta prender um brasileiro que vive lá e ataca o Brasil o dia inteiro. Isso é inaceitável”, completou.

Eleições e defesa da democracia

O presidente também chamou atenção para as eleições ao Senado em 2026. Segundo ele, há uma articulação de bolsonaristas para formar uma “superbancada” com o objetivo de enfrentar a Suprema Corte e abrir caminho para possíveis pedidos de impeachment contra ministros do STF, especialmente Alexandre de Moraes.

“A Suprema Corte não é perfeita, mas precisamos preservar as instituições que garantem a democracia. Se destruirmos tudo que não gostamos, não vai sobrar nada”, afirmou Lula, ao defender o equilíbrio entre os Poderes.

Mobilização digital e reeleição

Lula também pediu maior engajamento das bases da esquerda nas redes sociais, onde, segundo ele, a extrema direita tem dominado o debate. “Precisamos fazer uma revolução digital. Cada um aqui tem que ser um influencer. Atacou o PSB? Reaja imediatamente.”

O presidente ainda deixou em aberto a possibilidade de disputar a reeleição em 2026, condicionando a decisão ao seu estado de saúde. “Para ser candidato, preciso estar 100% como estou hoje”, afirmou.

Crise do IOF e relação com o Congresso

Em meio à recente polêmica sobre o aumento do IOF — medida que provocou reação negativa no Congresso e no mercado financeiro — Lula defendeu o diálogo com o Legislativo. Ao lado do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o petista pregou a construção coletiva das decisões de governo.

“Não se pode tomar decisões e depois comunicar. O correto é chamar os líderes e construir juntos. Quando há alinhamento prévio, o processo legislativo flui com mais facilidade”, explicou, citando também o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).

Ao concluir, Lula destacou que a missão do governo é convencer o Congresso da importância de suas propostas: “Ninguém tem obrigação de aprovar se não concordar. Nosso papel é dialogar e demonstrar por que as medidas são necessárias”.