As Forças Armadas realizaram nesta quinta-feira (8), em diversas cidades do país, homenagens aos pracinhas da Força Expedicionária Brasileira (FEB), no Dia da Vitória na Europa, que marca a rendição da Alemanha nazista em 1945. A data foi celebrada com cerimônias solenes no Rio de Janeiro e em São Paulo, exaltando a bravura dos 25 mil soldados brasileiros que lutaram na campanha da Itália ao lado das forças aliadas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e comitiva em chegada a Moscou, capital da Rússia, na quarta (07) Foto: Ricardo Stuckert/PR
Continua depois da Publicidade
Enquanto isso, membros do governo federal, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, manifestaram alinhamento com as celebrações promovidas por Moscou sobre a “Grande Guerra Patriótica” — nomenclatura adotada na Rússia para a Segunda Guerra Mundial. Lula é esperado para participar da parada militar em Moscou nesta sexta-feira (9), ao lado de líderes de regimes autoritários como Vladimir Putin (Rússia), Nicolás Maduro (Venezuela), Xi Jinping (China) e Miguel Díaz-Canel (Cuba).
Durante a semana, eventos organizados por grupos pró-Rússia foram realizados em cidades brasileiras como Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e no interior do Rio Grande do Sul. As manifestações contaram com a presença de representantes diplomáticos da China, Venezuela e Cuba e tiveram apoio de parlamentares ligados ao PT, como o deputado Delegado Marici, que sediou um dos atos na Assembleia Legislativa de São Paulo.
O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), que tem trajetória militar e é filho de um ex-combatente da FEB, criticou duramente a postura do governo. Em discurso no plenário do Senado, afirmou que Lula “esqueceu dos pracinhas” e “se junta a autocratas inimigos da liberdade”. Mourão também lembrou que o Brasil combateu o nazismo ao lado das democracias ocidentais, e não em colaboração com a União Soviética, que chegou a firmar o pacto Molotov-Ribbentrop com o regime nazista antes de entrar no conflito.

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), criticou duramente a postura do governo – Foto: Reprodução
“É perigosa essa atitude do nosso presidente, comandante em chefe das Forças Armadas. Essa viagem compromete o futuro do país e pode ser interpretada como um alinhamento com regimes inimigos da paz e dos direitos humanos”, afirmou Mourão.
No Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Rio, e na Praça dos Heróis da FEB, em São Paulo, cerimônias militares reuniram autoridades e veteranos em homenagem aos soldados que lutaram na Itália. O comandante militar do Sudeste, general Pedro Celso Coelho Montenegro, destacou a importância histórica da FEB e relembrou as principais batalhas vencidas pelos brasileiros, como Monte Castelo, Castelnuovo e Montese.
“As façanhas da FEB na campanha da Itália são testemunhos eloquentes da bravura e da competência de nossas Forças Armadas”, disse o general.
Diplomatas europeus também participaram das cerimônias. O cônsul ucraniano Jorge Rybka, presente em São Paulo, destacou o papel dos brasileiros na luta por liberdade e mencionou que muitos pracinhas eram descendentes de ucranianos.
“Eles defenderam os mesmos ideais que a Ucrânia sempre defendeu: a liberdade dos povos. A Ucrânia reconhece e agradece esse esforço”, afirmou.
A participação de Lula nas comemorações em Moscou, no entanto, tem gerado críticas por parte de setores políticos e da sociedade civil, que veem a presença brasileira como um gesto de apoio indireto ao governo de Vladimir Putin em meio ao conflito com a Ucrânia.