
Projeto do “Parque da Cidade”, em Belém (PA), está sendo construído para a Cúpula do Clima da ONU, a COP30, prevista para ser realizada em novembro deste ano – Foto: Paulo Santos/AP
“Um classifica o aquecimento global de ‘piada’, tirou os Estados Unidos do Acordo de Paris e freou a transição ecológica. Outro se mostra como um líder ambiental e prioriza a luta contra o desmatamento da Amazônia”, publica o diário, referindo-se a dois dirigentes políticos em lados opostos do fronte: Donald Trump e Lula.
“Será que o presidente brasileiro pode conter a ofensiva anticlimática liderada por seu homólogo americano?”, pergunta Le Monde. Para o diário, as expectativas são maiores em relação ao Brasil, que acolherá a próxima conferência mundial sobre o clima, em novembro.
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A matéria também descreve a grande missão que o país tem nas mãos em um momento em que “o populismo avança, fazendo a ecologia recuar”, com guerras e austeridade orçamentária como pano de fundo. Segundo o jornal, o Brasil é uma das raras nações ainda capazes de dialogar com todas as partes, da União Europeia à administração Trump, China e Rússia. O “gigante sul-americano” tem forte reputação por “sua experiência em matéria de negociação climática e multilateralismo, bem como sua ampla rede diplomática”, diz.
Le Monde destaca ainda o “maestro” das negociações climáticas André Corrêa do Lago, designado como o presidente da COP30. Atual secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério brasileiro das Relações Exteriores, ele é descrito pela publicação como um “diplomata experiente”, e considerado como um “grande conhecedor do assunto” pela arquiteta do Acordo de Paris e diretora da Fundação Europeia do Clima, Laurence Tubiana.
Desafios internos
O jornal também lembra que, por enquanto, o principal desafio do Brasil é a realização da conferência na capital paraense. Organizando uma COP na porta de entrada da Amazônia, o governo Lula envia um sinal forte, considera a matéria. No entanto, pairam dúvidas sobre a capacidade de Belém acolher 50 mil pessoas para o evento em uma cidade com cerca de 18 mil leitos de hotel.
Na pressa de preparar a cidade, trabalhos de construção e renovação da ordem de R$ 6 bilhões seguem à toda vapor, com escândalos ambientais que já começam vir à tona. Enquanto isso, Lula enfrenta a oposição de dois lados: movimentos sociais e indígenas que exigem a co-presidência da conferência do clima e o agronegócio e a extrema direita que planejam uma “contra-COP”. “Situações que também testarão a capacidade de negociação do Brasil”, conclui Le Monde.