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Internacional

Meio Ambiente

Gelo marinho nos polos atinge mínimo histórico, alerta observatório europeu Copernicus

Em pleno inverno no hemisfério norte, o Observatório Copernicus indica nesta quinta-feira (6) que a área acumulada de gelo marinho ao redor dos dois polos atingiu um novo mínimo histórico, em fevereiro. Os três meses correspondentes ao inverno no norte do planeta (dezembro a fevereiro) foram quase tão quentes quanto o recorde do ano passado, de acordo com o boletim mensal do Programa de Observação da Terra da União Europeia.


O maior iceberg do mundo, o A23a, no sul da Antártida, se desprendeu em 1986 e continua a se mover há quase 40 anos – Foto: Ian Strachan/EYOS Expeditions/AFP

Os dados são mais uma amostra do aquecimento global acelerado nos últimos dois anos, com recordes sucessivos de calor sendo registrados pelos organismos mais avançados do mundo de medição das condições climáticas globais. “Fevereiro de 2025 está em linha com as temperaturas recordes ou quase recordes observadas nos últimos dois anos” devido ao aquecimento global, destaca Samantha Burgess, do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas de Médio Prazo (ECMWF) do Copernicus, em um comunicado à imprensa.

“Uma das consequências de um mundo mais quente é o derretimento do gelo marinho”, levando “a extensão global do gelo marinho a um mínimo histórico”, acrescenta ela.

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Os blocos de gelo derretem naturalmente no verão (atualmente na Antártida) e se recompõem no inverno (Ártico), mas agora em proporções cada vez menores. Em 7 de fevereiro, “um recorde de baixa foi atingido na área acumulada de gelo marinho” ao redor do Ártico e da Antártida, salientou Copernicus.

Esse derretimento de gelo é particularmente acentuado no Ártico. A camada de gelo da Antártida, sem quebrar o recorde absoluto, é, no entanto, 26% menor que sua média sazonal no auge do verão austral. O mínimo anual pode ter sido atingido no final de fevereiro, diz Copernicus, e “se confirmado, seria o segundo menor mínimo registrado por satélites”.

Terceiro ano de calor histórico

O planeta está entrando no terceiro ano consecutivo de temperaturas historicamente altas, depois de 2024 se tornar o ano mais quente já registrado, quebrando o recorde estabelecido em 2023.

Cientistas do clima esperavam que as temperaturas globais excepcionais dos últimos dois anos diminuíssem após o fim do ciclo El Niño, sinônimo de aquecimento adicional, que atingiu seu pico em janeiro de 2024. Mas os termômetros continuam batendo ou quase atingindo recordes.

Embora fevereiro de 2025 seja “apenas” o terceiro fevereiro mais quente já registrado, teve aumento excepcional de calor de 1,5°C a mais do que nos níveis pré-industriais, ressalta o observatório europeu. Este é o limite de aumento máximo das temperaturas globais visado pelo Acordo de Paris sobre o Clima, para evitar a multiplicação de catástrofes climáticas.

De acordo com a ONU, o mundo está a caminho de cruzar permanentemente esse limite até o início da década de 2030. Mas estudos recentes sugerem que esse marco pode ser ultrapassado antes do fim desta década.

Fevereiro foi marcado por grandes incêndios na Argentina e vários ciclones no sudeste da África e no Pacífico Sul.

Foto de maio de 2022 da geleira de Nansenbreen, no arquipélago ártico de Svalbard, na Noruega – Foto: Jonathan Nackstrand/AFP

Altas médias globais escondem fortes contrastes

Grande parte do Ártico, dos Alpes e do Himalaia, assim como da Escandinávia, do norte do Chile e da Argentina, do México, da Índia e da Flórida, registraram temperaturas muito altas em fevereiro. Em contraste, uma onda glacial foi observada no oeste dos Estados Unidos, e também houve frio na Turquia, no Leste Europeu e no Oriente Médio, assim como em grande parte do leste da Ásia.

Os oceanos também permanecem anormalmente quentes. As temperaturas da superfície do mar foram as segundas mais altas já registradas em fevereiro, com uma média global de 20,88°C. Os oceanos, reguladores climáticos e sumidouros de carbono, armazenam mais de 90% do excesso de calor causado pelas emissões de gases de efeito estufa da humanidade.