O jornal La Croix chegou às bancas com a manchete “Aprendizes de feiticeiros”, um indício da preocupação que essas tecnologias suscitam. Em sua reportagem especial, o diário investiga se a inteligência artificial é realmente uma ameaça. O jornal nota que assim como Elon Musk e Sam Altman, CEO da empresa californiana OpenAI, que desenvolveu o ChatGPT, muitos especialistas da área alertam para o risco de extinção da humanidade com esse novo tipo de tecnologia.
La Croix lembra o manifesto alarmista assinado no final de maio por 350 personalidades, incluindo executivos da Google, Microsoft e Apple. A carta aberta alertava para os perigos da inteligência artificial, comparáveis aos de uma pandemia ou de uma guerra nuclear.
Continua depois da Publicidade
IA na política
Na França, a questão mobiliza o governo, como aponta reportagem do Le Figaro intitulada “Políticos na batalha da inteligência artificial”. Na semana passada, o ministro francês da Transição Digital reuniu deputados governistas para tratar de regulamentação, soberania e posicionamento político em torno dos desafios relativos às novas tecnologias.
Mas, segundo Le Figaro, a preocupação do governo é principalmente a forma como a questão vem sendo tratada pela extrema direita. A matéria observa que o presidente do partido Reunião Nacional, o ultranacionalista Jordan Bardella, vem multiplicando, há meses, suas aparições na mídia francesa, alertando para os riscos da evolução desenfreada da inteligência artificial. O diário afirma que o governo francês opta por tomar o rumo contrário, com o objetivo de se afastar do discurso da extrema direita e apostar numa visão otimista sobre as novas tecnologias.
Essa decisão, no entanto, é contestada por especialistas entrevistados pelo jornal. É o caso do cientista francês Laurent Alexandre, que lembra que o debate político é “minado por um resultado incerto”, já que neste estágio do desenvolvimento das novas tecnologias “ninguém é capaz de prever a evolução da inteligência artificial”.
“Jepa”, um projeto capaz de raciocinar
O jornal Les Echos fala do lançamento em Paris do “Jepa”, um projeto do grupo Meta que aproxima a inteligência artificial do raciocínio humano, capaz de pensar, aprender e planejar tarefas. Entrevistado pelo diário econômico, Yann LeCun, líder do grupo de inteligência artificial da Meta, diz que “o objetivo é criar máquinas tão inteligentes quanto os humanos, ou talvez até mais”.
A proposta do “Jepa” é criar uma réplica do funcionamento cerebral, diz Les Echos. Este veículo francês também demonstra preocupação com a possibilidade de a IA se sobrepor à inteligência dos humanos.