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Esporte

Olimpíadas de Paris

Diretor artístico da cerimônia de abertura de Paris 2024 presta queixa por ameaças

Thomas Jolly, responsável pela direção artística do evento, apresentou uma queixa de assédio cibernético. O Ministério Público de Paris abriu, na quarta-feira (31), uma investigação para apurar a denúncia.


A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos foi criticada por autoridades religiosas e líderes políticos conservadores de todo o mundo, e continua repercutindo agora no campo jurídico, com a abertura de uma investigação por assédio cibernético contra o seu diretor artístico, Thomas Jolly.

Nessa semana, a DJ francesa Barbara Butch, estrela da cena queer, que participou da cerimônia, também prestou queixas por cyberbullying após receber ameaças de morte nas redes sociais.

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DJ Barbara Butch recebeu ameaças após abertura das Olimpíadas – Fotos: reprodução

Jolly apresentou queixa à Brigada de Repressão à Delinquência Contra a Pessoa (BRDP), “explicando que foi alvo nas redes sociais de mensagens com ameaças e insultos criticando a sua orientação sexual e as suas supostas origens israelenses”, confirmou o Ministério Público de Paris.

As acusações incluídas na sua denúncia são “ameaças de morte devido à sua origem, ameaças de morte devido à sua orientação sexual, insulto público devido à sua origem, insulto público devido à sua orientação sexual e difamação”.

Questionado pela AFP, o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris indicou que “prestou o seu apoio (…) bem como aos autores e artistas da cerimônia quanto aos ataques dirigidos contra eles”. “Condenamos veementemente as ameaças e o assédio de que são vítimas”, acrescentou.

A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, por sua vez, prestou “(seu) apoio inabalável a Thomas Jolly diante das ameaças e assédios de que é vítima há vários dias”.

“Durante a cerimônia de abertura, Thomas Jolly falou muito bem dos nossos valores. Foi um orgulho e uma honra para Paris poder contar com o seu talento para engrandecer a nossa cidade e dizer ao mundo o que somos”, disse Hidalgo em um comunicado.

“Autores no exterior”

Embora a criatividade da cerimônia, que aconteceu no dia 26 de julho, tenha sido elogiada por muitos espectadores, a cena do espetáculo intitulada “Festividade” alimentou a polêmica nos círculos conservadores e de extrema direita no exterior, bem como na França.

A imagem de um grupo sentado a uma mesa, incluindo várias drag queens famosas (Nicky Doll, Paloma e Piche), tem sido interpretada por alguns como uma paródia da última refeição de Jesus com seus apóstolos, a Última Ceia, como retratado por Leonardo da Vinci, o que os organizadores negam. Thomas Jolly explica que queria representar um “grande festival pagão ligado aos deuses do Olimpo”. Explicação que não convenceu.

O ex-presidente dos EUA e candidato à Casa Branca, Donald Trump, chamou a cena de “desgraça”, enquanto o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, pediu ao Papa Francisco que “levantasse a voz” com ele contra a “propaganda perversa” transmitida, segundo ele, pela cerimônia.

A investigação das ameaças contra Thomas Jolly, liderada pelo Polo Nacional de Combate ao Ódio Online (PNLH) do Ministério Público, foi confiada ao Escritório Central de Combate aos Crimes Contra a Humanidade e aos Crimes de Ódio (OCLCH), disseram fontes próximas.

Segundo uma fonte, muitas mensagens de ódio foram escritas em inglês. Nesta sexta-feira (02-08), a origem geográfica das mensagens ainda não foi identificada, mas tudo indica que há autores no exterior.

(Com APF)