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Cultura

Música

Morre a cantora e compositora Maria Cristina Buarque de Holanda, aos 74 anos

Cristina, irmã mais nova de Chico Buarque, se tornou nacionalmente conhecida quando gravou a música 'Quantas Lágrimas', de Manacéa, em 1974. A artista era avessa aos holofotes. ‘Uma vida inteira de amor pelo ofício e pela boa sombra’, diz o filho dela, Zeca.


Morreu neste domingo, aos 74 anos, a cantora e compositora Maria Cristina Buarque de Holanda. Filha do historiador Sérgio Buarque de Holanda e irmã de Chico Buarque, Miúcha e Ana de Hollanda, Cristina se tornou nacionalmente conhecida quando gravou a música ‘Quantas Lágrimas’, de Manacéa, em 1974.

A informação da morte foi confirmada pelo filho da artista, Zeca Ferreira, no Instagram. Ele prestou uma homenagem à mãe e reforçou uma das principais característica de Cristina: ser uma cantora avessa aos holofotes.

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Cristina Buarque morava na Ilha de Paquetá, bairro bucólico do Rio de Janeiro — Foto: Reprodução

Nascida em São Paulo, Cristina morava, nos últimos anos, na Ilha de Paquetá, no Rio, onde capitaneava uma roda de samba. De acordo com o jornal ‘O Globo’, ela lutava contra um câncer.

“Uma cantora avessa aos holofotes” resumiu Zeca em uma publicação nas redes sociais. “Uma vida inteira de amor pelo ofício e pela boa sombra.”

Segundo ele, a mãe “viveria mesmo feliz a vida escondidinha no meio das vozes não fosse esse faro tão apurado, o amor por revirar as sombras da música brasileira em busca de pequenas pérolas não tocadas pelo sucesso, porque o sucesso, naqueles e nesses tempos, têm um alcance curto”.

“É imagem bonita e nítida mas desfoca as outras belezas que se perderiam na sombra não fossem essas pessoas imunes ao imediato. Ser humano mais íntegro que eu já conheci. Farol, chefia, braba, a dona da porra toda. Vai em paz, mãe.”

Em 1967, Centão aos 17 anos, Cristina participou do LP Paulo Vanzolini – Onze sambas e uma capoeira, na faixa Chorava no meio da rua. No ano seguinte, Chico Buarque a a levou para gravar em seu LP Chico Buarque Volume 3 — dividiram a faixa Sem fantasia.

A artista lançou em 1974 o primeiro LP Cristina, no qual interpretou um de seus maiores sucessos: Quantas lágrimas, de Manacéia, compositor da Velha-Guarda da Portela. Nesse disco, também gravou composições de outros sambistas, como Dona Ivone Lara, Nelson Cavaquinho e Cartola.

Naquela época, já se firmava um de seus maiores atributos: resgatar pérolas das escolas de samba. Fez isso, por exemplo, com Candeia, gravando em um cassete diversos sambas inéditos ou inacabados.

Em tempos mais recentes, lançou, em 2011, lançou, ao lado de Henrique Cazes, o disco duplo com canções de Noel Rosa Sem Tostão 2… A crise continua. No mesmo ano, apresentou o espetáculo Sem Tostão, uma homenagem a Noel, no Rio de Janeiro.

Tradicional reduto da MPB, o bar Bip Bip, no Rio de Janeiro, publicou uma homenagem a Cristina: “Sempre se posicionando do lado certo, pela esquerda, claro! Sacana na medida certa, não vivia sem um bom papo de botequim”.

Sobrinha da cantora, Silvia Buarque escreveu nas redes: “Minha tia Christina, meu amor. Para sempre comigo”.