
Fiéis muçulmanos rezam ao redor da Kaaba, o santuário mais sagrado do islamismo, no complexo da Grande Mesquita na cidade sagrada de Meca, em 2 de junho de 2025, antes da peregrinação anual do Hajj – Foto: AFP
A peregrinação anual a Meca, na Arábia Saudita, começa oficialmente nesta quarta-feira (4), mais uma vez sob a ameaça de temperaturas escaldantes. A previsão indica que os termômetros podem ultrapassar os 43 °C durante o Hajj deste ano, repetindo o cenário de calor extremo observado nos últimos anos.
Em 2024, a peregrinação foi marcada por temperaturas históricas, que chegaram a 51,8 °C. Na ocasião, mais de 1.300 peregrinos morreram em decorrência da exposição ao calor, segundo dados oficiais divulgados pelo governo saudita. Em 2023, o número de mortes foi significativamente menor, cerca de 200, mas as temperaturas também foram mais amenas, ficando abaixo dos 45 °C.
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Neste ano, as autoridades sauditas reforçaram os alertas. O ministro para o Hajj, Tawfiq Al Rabiah, pediu que os fiéis evitem sair de suas tendas entre 10h e 16h da próxima quinta-feira (5), especialmente durante o dia de Arafat, um dos momentos mais importantes da peregrinação. Nessa etapa, centenas de milhares de pessoas se reúnem no Monte Arafat, cerca de 20 km de Meca, local onde o profeta Maomé teria feito seu último sermão.
A colina quase não oferece sombra, expondo os peregrinos diretamente ao sol por longos períodos. “Alertamos contra a subida nas montanhas ou em locais elevados no dia de Arafat, pois isso exige esforço físico intenso e aumenta o risco de exaustão térmica”, informou o Ministério da Saúde da Arábia Saudita.
Somente na segunda-feira (2), 44 pessoas precisaram de atendimento médico por exposição ao calor. Como forma de prevenção, o governo saudita mobilizou mais de 250 mil funcionários, entre eles milhares de socorristas, e instalou 50 mil metros quadrados de áreas sombreadas, além de mais de 400 pontos de água fresca.
Segundo o governo saudita, até o último domingo (1º), mais de 1,4 milhão de peregrinos já haviam chegado ao país para participar do Hajj.
Tradição milenar
Realizado há mais de 1.500 anos, o Hajj é um dos cinco pilares do Islã. Segundo a tradição, quem realiza a peregrinação de forma correta retorna para casa “puro como no dia em que nasceu”.
O ritual, que deve ser feito pelo menos uma vez na vida por muçulmanos que tenham condições físicas e financeiras, envolve uma série de cerimônias religiosas em Meca e seus arredores. Entre os momentos mais simbólicos está o giro dos fiéis ao redor da Kaaba, a estrutura cúbica considerada o local mais sagrado do Islã, localizada no centro da Grande Mesquita.
A Arábia Saudita, que recebe milhões de peregrinos a cada ano, tem intensificado os investimentos em infraestrutura e segurança para lidar com os desafios impostos pelas mudanças climáticas e o aumento da demanda.