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Cultura

Carnaval 2025 - Rio de Janeiro

Com samba contagiante, Grande Rio rouba a cena no último dia de desfiles

Apresentação da Portela emocionou, mas pecou na evolução. A despedida de Paolla Oliveira como Rainha de Bateria da Grande Rio marca última noite de desfiles.


O terceiro e último dia de desfiles do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro aconteceu nesta terça-feira (4). As escolas Mocidade Independente de Padre Miguel, Paraíso do Tuiuti, Grande Rio e Portela passaram pelo Sambódromo da Marquês de Sapucaí.

A noite foi marcada pela despedida de Paolla Oliveira da Grande Rio e a homenagem da Portela para o cantor Milton Nascimento, recebido pelo público de pé enquanto desfilava em um trono dourado em um dos carros alegóricos.

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Grande Rio homenageou o Carimbó e a Encantaria, cultura típica do Pará, com o enredo “Pororocas Parawaras” – Foto: Reginaldo Pimenta/ O Dia

Acadêmicos da Grande Rio

A escola foi a penúltima a desfilar no Grupo Especial do Rio de Janeiro com o enredo “Pororocas parawaras: as águas dos meus encantos nas contas dos curimbós”, que levou para a avenida a força das águas amazônicas e das entidades encantadas que habitam o encontro do rio com o mar.

No carro abre-alas, 75 lanternas iluminavam a alegoria de 40 metros de comprimento, enquanto balões turcos flutuavam acima das arquibancadas, cada um conduzido por duas pessoas. A escola também contou com grupos musicais e componentes do Pará.

Vista geral do desfile da Grande Rio na última noite do Carnaval carioca em 2025 – Foto: Dhavid Normando

O desfile também marcou a despedida de Paolla Oliveira como rainha de bateria da Grande Rio. Após anos à frente da escola, a atriz, de 42 anos, anunciou que deixará o posto para se dedicar a outras áreas da vida, tanto pessoais quanto profissionais.

A Grande Rio roubou a cena no último dia de desfiles do Carnaval de 2025, entre a noite de terça-feira (4) e a madrugada desta quarta-feira (5). A escola levantou a Sapucaí com homenagens ao Pará, abordando as Encantarias – crenças em seres espirituais e místicos da região – e o carimbó, dança típica do estado.

O samba da Invocada foi o grande destaque da apresentação. A Grande Rio mostrou um chão forte e a arquibancada acompanhou a bateria comandada pelo mestre Fafá.

Paolla Oliveira samba como Rainha de Bateria da Grande Rio durante Carnaval carioca – Foto: Eduardo Hollanda

Portela emociona, mas apresenta problemas

A escola mais aguardada da noite, a Portela protagonizou uma das cenas mais marcantes do Carnaval ainda no esquenta. A música ‘Maria, Maria’, do Milton Nascimento, grande homenageado da noite, foi cantada por todo o Sambódromo antes do inicio do desfile.

Carro alegórica da Portela atravessa a Marques de Sapucaí – Foto: Dhavid Normando

Ao longo do desfile, cada ala representou momentos marcantes da carreira de Milton. As baianas, por exemplo, foram as “Marias”, em referência à canção Maria Maria. O samba-enredo também incorporou referências e pequenos trechos de suas canções.

Com mais de 100 anos de história e 22 títulos no Carnaval carioca, a Portela quebrou uma tradição de duas décadas ao homenagear um artista de fora do seu panteão de sambistas.

A agremiação, porém, teve problemas ao entrar na Avenida. O abre-alas passou por dificuldades ao acoplar, causando avarias e um buraco em frente ao primeiro modulo. Além disso, a fantasia do destaque de chão precisou ter o costeiro retirado e a alegoria que levava Milton ficou danificada ao agarrar na grade.

Mocidade faz bom desfile, mas não empolgou o público

Com fantasias futuristas, painéis de LED e robôs humanoides, a escola buscou conscientizar sobre as consequências do uso indiscriminado da tecnologia. A apresentação contou com 24 alas, sete alegorias e três mil componentes.

A Mocidade levou para a avenida o enredo “Voltando para o futuro, não há limites para sonhar”, desenvolvido pelo casal de carnavalescos Renato e Márcia Lage, que faleceu em janeiro deste ano, aos 64 anos, vítima de leucemia.

Placas-mães inspiraram fantasias de ala da Mocidade Independente – Foto: Eduardo Hollanda

Durante o desfile, a agremiação enfrentou alguns problemas técnicos. A ala das baianas, por exemplo, apresentou dificuldades na evolução, com falta de uniformidade nos movimentos e do alto, era possível perceber espaços na formação.

Abre-alas da Mocidade Independente de Padre Miguel na Marques de Sapucaí – Foto: Eduardo Hollanda

Primeira a desfilar, a Mocidade entrou na Avenida com um enredo futurista, assim como aconteceu no primeiro titulo da escola, em 1985, com ‘Ziriguidum 2001’. O samba abordou a origem cósmica das estrelas aos avanços científicos, passando por tecnologias atuais e criticas ao distanciamento entre humanidade e natureza.

Boneco articulado era parte de comissão de frente da Mocidade Independente, que não usou carros alegóricos em ala – Foto: Eduardo Hollanda

A comissão de frente, com painéis de LED, foi a grande atração a impactar o público, mostrando que a tecnologia seria explorada durante o desfile. Além disso, o chão da comunidade se mostrou um grande trunfo, mas a empolgação não passou para arquibancada, que ainda estava fria.

Paraíso do Tuiuti

Neste ano, a escola levou para a avenida o enredo “Glória ao Almirante Negro”, que homenageou Xica Manicongo, considerada a primeira travesti do Brasil. A comissão de frente contou com 15 mulheres trans para representar essa história. Entre elas, a deputada federal Erika Hilton, que participou do desfile.

Ao longo da apresentação, a agremiação enfrentou atrasos e o tamanho dos carros alegóricos, maiores do que o comum, impactou o fluxo da escola e atrasou a entrada de alas.

Comissão de frente do Tuiuti – Foto: Eduardo Hollanda

Para cumprir o tempo regulamentar de 80 minutos, a escola precisou acelerar todas as alas na reta final, alterando o ritmo do desfile. Apesar de não perder pontos por estourar o tempo, o Tuiuti deve ser penalizado nos quesitos evolução e harmonia.

Deputada Federal Erika Hilton participou de desfile do Paraíso do Tuiuti no Rio de Janeiro – Foto: Eduardo Hollanda

Com dificuldades para manobrar, o abre-alas demorou a entrar na avenida. Com isso, a Tuiuti precisou correr para fechar o desfile com os exatos 80 minutos permitidos, evidenciando problemas de evolução e harmonia.
Na tarde desta quarta-feira (5), acontece a apuração que vai definir a grande campeã do Carnaval carioca.