
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não apresentou um prazo para a devolução do dinheiro desviado do pagamento de aposentados do INSS e responsabilizou a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo escândalo envolvendo a instituição – Foto: Reprodução.
Segundo investigações iniciais da Polícia Federal, o esquema que pode ter desviado bilhões de reais por meio de pagamentos indevidos a aposentadorias e pensões, revela a fragilidade no sistema de controle do INSS. Mesmo diante da gravidade, o governo federal tem resistido à criação de uma CPMI, alegando que a apuração deve permanecer sob responsabilidade exclusiva da PF e dos órgãos de controle. “O foco do governo é esperar o avanço das investigações da Polícia Federal, doa a quem doer”, afirmou Guimarães, em entrevista ao Poder360 nesta segunda-feira (12). O parlamentar deu essas declarações enquanto acompanhava o presidente Lula (PT) em uma missão diplomática na China.
Padilha desconversa
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha — que anteriormente ocupou o cargo de ministro das Relações Institucionais — também evitou comentar diretamente a possibilidade de instalação de uma CPMI. Questionado sobre o escândalo e a necessidade de uma apuração mais ampla, limitou-se a dizer que, desde que assumiu a Saúde há 60 dias, está focado exclusivamente em temas relacionados à sua nova pasta. “Virei a chave. A minha dedicação é buscar mais acesso ao tratamento da saúde no nosso país”, declarou.
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Governo Lula derrubou projeto que protegia aposentados
Em meio à tentativa do governo Lula de se desvincular do escândalo, membros da oposição relembram que, durante o governo Bolsonaro, foi criada a Proposta de Lei nº 14.431/2022, aprovada pelo Congresso, que estabelecia regras mais rígidas para a concessão de benefícios previdenciários e um sistema de cruzamento de dados para evitar fraudes na folha de pagamento do INSS. A norma previa maior transparência, auditoria automática em tempo real e limites para atuação de intermediários e procuradores — muitos dos quais agora aparecem ligados ao esquema fraudulento.
Contudo, já no início de 2023, o governo Lula e sua base no Congresso atuaram para suspender a aplicação de trechos fundamentais dessa legislação sob o argumento de “excesso de burocracia” e “travas ao acesso de populações vulneráveis aos benefícios”. Críticos afirmam que essa decisão abriu caminho para que esquemas irregulares fossem ampliados, sem o mesmo nível de fiscalização implementado na gestão anterior. O revogação parcial da lei foi vista como um retrocesso no combate à corrupção previdenciária.
Lula compara vitórias eleitorais à revolução chinesa
Durante a viagem oficial à China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou de um fórum com empresários e celebrou o anúncio de investimentos chineses de R$ 27 bilhões no Brasil. No encerramento, Lula fez uma comparação inusitada entre suas vitórias eleitorais e a revolução comunista chinesa de 1949, destacando a busca comum pela melhoria da vida da população mais pobre.
“É a única razão que eu acredito que valeu a pena a revolução chinesa de 1949. O que valeu nossas eleições no Brasil é provar que quando um governo tem compromissos sociais e não esquece as origens daqueles que chegaram ao poder e querem governar para todos, as coisas melhoram”, afirmou Lula.
Enquanto o presidente fazia elogios ao regime chinês, o Brasil assistia a uma crescente pressão por transparência em relação ao rombo bilionário no INSS — com o governo federal resistindo a uma investigação mais ampla, e tentando responsabilizar gestões anteriores.