O Hamas fez um ataque surpresa contra Israel na manhã deste sábado (7). O grupo militante diz ter lançado cerca de 5 mil foguetes a partir da Faixa de Gaza. Autoridades israelenses falam em 2 mil. Independentemente do número certo, esta é uma das maiores ofensivas contra o país nos últimos anos.
Várias pessoas correram para o Aeroporto Internacional Ben Gurion, o maior de Israel, localizado na capital, Tel Aviv. Com som de sirenes de fundo, é possível ver em um vídeo que circula nas redes sociais que as pessoas estão tentando se proteger dos ataques que iniciaram na manhã deste sábado, 7.
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O grupo terrorista também fez ataques por terra, usando motos, carros comuns e jipes. Extremistas conseguiram inclusive invadir bases militares israelenses e tomar blindados e outros equipamentos bélicos. Também usaram parapentes para atacar, pousando no território inimigo ou atirando e lançando pequenas bombas do ar. Outros que estavam infiltrados em cidades israelenses atiraram em civis e militares.
Até a mais recente atualização desta reportagem, ao menos 150 israelenses haviam morrido e outras 800 estavam feridos. Em resposta, forças israelenses lançaram mísseis e foguetes que mataram ao menos 232 palestinos e feriram outros 1.610. Era o início da Operação “Espadas de Ferro”, de acordo com o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (FDI).
Quase 60 civis e militares israelenses são sequestrados pelo Hamas
Ao menos 57 israelenses foram feitos reféns pelo Hamas no kibut de Beeri, próximo à fronteira com a Faixa de Gaza. Um dos líderes do grupo terrorista, Saleh Al-Arouri, afirmou à emissora de TV Al Jazeera que há vários oficiais entre os capturados.
Vídeos em redes sociais mostram o que seriam civis e militares sendo rendidos e raptados por terroristas. Há inclusive vídeos de mulheres idosas sendo levadas sob mira de arma pesada. Outros são de pessoas tiradas à força de carro e até de casa. Algumas das pessoas capturadas estão feridas.
A imprensa de Israel também informou que homens armados abriram fogo contra pedestres em Sderot. Imagens publicadas nas redes sociais pareciam mostrar confrontos nas ruas da cidade, bem como homens armados em jipes vagando pelo campo.
Líder do Hamas fez convocação para todos palestinos com teor ideológico ‘Saia com caminhões, carros, machados’
“Este é o dia da maior batalha para acabar com a última ocupação na Terra”, disse ele. “Se você tem uma arma, use-a. Esta é a hora de usá-la – saia com caminhões, carros, machados. Hoje começa a melhor e mais honrosa história”, ressaltou.
O chefe do Hamas disse ainda que o ataque a Israel foi uma resposta aos ataques às mulheres, à profanação da mesquita de al-Aqsa e ao cerco a Gaza. Muhammad apelou aos povos árabes e islâmicos para que viessem à “libertação de al-Aqsa”, a mesquita em Jerusalém.
Benjamin Netanyahu disse que o país está “em guerra”
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que o país está “em guerra”, logo após o ataque surpresa do Hamas. “Cidadãos de Israel, estamos em guerra – não numa operação, não em rondas – em guerra”, disse Netanyahu numa mensagem de vídeo.
O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, sustentou a posição de Netanyahu e disse que Israel “vencerá esta guerra” contra o Hamas, horas depois de o grupo lançar foguetes e enviar soldados para o território israelense.
“O Hamas cometeu um grave erro esta manhã e lançou uma guerra contra o Estado de Israel. As tropas das FDI estão lutando contra o inimigo em todos os locais. Apelo a todos os cidadãos de Israel para que sigam as instruções de segurança. O Estado de Israel vencerá esta guerra.”
Ataque aconteceu exatos 50 anos após outra ofensiva surpresa contra Israel
A ofensiva surpresa do Hamas contra Israel aconteceu exatamente 50 anos após o início da Guerra do Yom Kippur, um conflito ocorrido em 1973, envolvendo israelenses e árabes na região próxima ao canal de Suez, na fronteira com o Egito.
Essas ações militares foram iniciadas em uma data que é sagrada no calendário judaico: o Yom Kippur, o Dia do Perdão. Desde 1948, quando foi criado o Estado de Israel, no Oriente Médio, os países árabes se opuseram à presença judaica na região e tentaram se opor de todas as formas contra a formação do novo Estado.
Os israelenses haviam construído uma linha de fortificações em Suez para garantirem a proteção dos territórios conquistados na Guerra dos Seis Dias, em 1967 – quando Israel fez ataques contra áreas então ocupadas por palestinos e outros povos centenários e milenares da região –, o que desagradou os inimigos árabes.
Em 6 de outubro de 1973, as forças do Egito e da Síria iniciaram um ataque contra Israel em batalhas em terra, mar e ar. O exército egípcio cruzou a margem oriental do canal de Suez, rompeu a linha de fortificações israelense e penetrou no deserto. A operação pegou de surpresa o adversário, que precisou recuar no Sinai. Simultaneamente, tropas sírias invadiram as colinas de Golã, território ocupado por Israel, e conseguiram retomar várias posições na região.
O exército israelense reagiu imediatamente. A marinha do país judaico conseguiu derrotar as embarcações árabes e expulsar por terra os soldados egípcios e sírios, no mar Mediterrâneo. Após intensos combates, Israel conseguiu novamente derrotar os árabes e manter os territórios conquistados desde 1967.
A guerra acabou em 26 de outubro de 1973, com a vitória de Israel. Em 1978, israelenses e egípcios assinaram um Acordo de Paz em Camp Davi, nos Estados Unidos. O Egito reconheceu a existência do Estado de Israel, tornando-se o primeiro país árabe a tomar tal atitude. Esse acordo retomou as relações diplomáticas entre israelenses e egípcios.
A Guerra do Yom Kippur teve como principal consequência a Crise do Petróleo, que causou sérios problemas econômicos para os países ocidentais aliados de Israel nos anos 1970 e 1980.
Brasileiro combatente nas Forças de Defesa de Israel está desaparecido
O Ministério das Relações Exteriores informou que um brasileiro ficou ferido e dois estão desaparecidos em Israel após o ataque surpresa do Hamas ao país. Um deles, desaparecido, é Ranani Glazer, um militar que estava em uma rave que foi bombardeada em Gaza.
Segundo o perfil de Glazer no Instagram, ele já foi combatente nas Forças de Defesa de Israel. Sua conta no LinkedIn diz que ele vive em Tel Aviv, mas não confirma se ainda faz parte da corporação.
De acordo com o Itamaraty, o brasileiro ferido está hospitalizado. “A Embaixada do Brasil em Tel Aviv está prestando assistência”, informou o órgão. Em entrevista à GloboNews, o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, também disse não ter informações sobre o paradeiro de Glazer após a festa de música eletrônica bombardeada.
Ainda segundo o Itamaraty, 14 mil brasileiros vivem em Israel e 6.000 na Palestina. O governo está monitorando a situação de 60 brasileiros que estavam próximos às zonas de conflito.
Com informações da AFP, Al Jazeera e CNN Internacional