
Protesto em Tel Aviv, Israel, neste sábado (29) exige libertação imediata dos reféns mantidos pelo Hamas na Faixa de Gaza – Foto: Maya Alleruzzo/AP
O Hamas teria concordado em libertar cinco reféns israelenses vivos em troca de um cessar-fogo de 50 dias. O grupo militante divulgou um vídeo de um refém fazendo um apelo por sua liberdade.
O chefe do Hamas, Khalil al-Hayya, disse neste sábado (29-03) que o grupo terrorista expressou disposição de libertar cinco reféns durante o feriado muçulmano Eid al-Fitr, que começa no domingo (30-03), após uma proposta que recebeu há dois dias do Egito e do Catar, informou a Reuters.
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“Dois dias atrás, recebemos uma proposta dos mediadores no Egito e no Catar. Lidamos com ela positivamente e a aceitamos”, disse Khalil al-Hayya em um discurso televisionado.
“Esperamos que a ocupação [israelense] não a enfraqueça”, disse Hayya, que lidera a equipe de negociação do Hamas em negociações indiretas destinadas a garantir um cessar-fogo na guerra Hamas-Israel em Gaza, que eclodiu em outubro de 2023.”
O gabinete de Benjamin Netanyahu disse que após “uma série de consultas de acordo com a proposta recebida dos mediadores, Israel transmitiu uma contraproposta em total coordenação com os EUA”.
O governo de Netanyahu insiste na libertação de 10 dos 24 reféns que se acredita ainda estarem vivos em Gaza, de acordo com relatos da mídia citando autoridades em Israel. Dos 251 reféns feitos durante o ataque do Hamas em 2023 a Israel, 58 permanecem em Gaza, incluindo 34 que o exército israelense diz estarem mortos. O Hamas está supostamente aberto a libertar seus corpos. Em troca, Israel deve libertar centenas de prisioneiros palestinos.
Khalil acrescentou que as armas do Hamas são uma “linha vermelha” e que ele não será desarmado enquanto os militares israelenses ocuparem Gaza.
Israel não está participando ativamente das negociações para um acordo de cessar-fogo que está sendo negociado em Doha entre Egito, Catar e Hamas, apesar dos esforços crescentes para chegar a um acordo antes do Eid al-Fitr.
A notícia veio três dias depois de fontes de segurança terem dito à Reuters que o Egito, um dos mediadores nas negociações de cessar-fogo em Gaza, havia recebido indicações positivas de Israel sobre uma nova proposta de cessar-fogo que incluiria uma fase de transição.
Na semana passada, Israel retomou sua operação militar em Gaza, quebrando a calma do cessar-fogo com o Hamas. De acordo com o Ministério da Saúde palestino, 921 pessoas foram mortas no novo ataque.
Neste sábado, o braço armado do Hamas divulgou imagens mostrando um refém israelense em Gaza pedindo ao governo que garanta sua libertação, o segundo vídeo desse tipo compartilhado pelo grupo militante em poucos dias.
O grupo de campanha Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas identificou o homem como Elkana Bohbot, que foi sequestrado do local de um festival de música no sul de Israel durante o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra.
A filmagem dura mais de três minutos e mostra Bohbot falando em hebraico e levantando as mãos repetidamente em desespero enquanto implora por sua liberdade.
Até agora, não foi possível verificar quando ou onde na Faixa de Gaza o vídeo foi gravado.
No vídeo, Bohbot disse que o bombardeio poderia custar sua vida e implorou para se reunir com sua esposa e filho.
Em um desenvolvimento separado, o exército de Israel admitiu neste sábado que havia atirado em ambulâncias na Faixa de Gaza após identificá-las como “veículos suspeitos”. O Hamas condenou o ataque como um “crime de guerra” que matou pelo menos uma pessoa.
O incidente ocorreu no último domingo (23) no bairro de Tal al-Sultan, na cidade de Rafah, no sul, perto da fronteira egípcia.
O Ministério da Saúde de Gaza disse que pelo menos 50.082 palestinos foram mortos em Gaza e outros 113.408 ficaram feridos desde o início da guerra.
A AFP e a Reuters contribuíram para esta reportagem.