Os Estados Unidos vetaram a resolução dos Emirados Árabes Unidos sobre a guerra de Israel no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) nesta sexta-feira (8).
Ao todo, 97 nações “copatrocinaram”, ou seja, assinaram em conjunto, o texto dos Emirados Árabes Unidos, incluindo o Brasil.
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O documento citava “preocupação grave com a situação humanitária catastrófica na Faixa de Gaza” e com o “sofrimento da população civil palestina”, pedindo cessar-fogo humanitário imediato, bem como a libertação imediata e incondicional de todos os reféns.
Os Estados Unidos, por serem um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, têm poder de veto, ou seja, seu voto, sozinho, consegue impedir que uma resolução seja aprovada, mesmo que tenha a maioria dos votos favoráveis.
O representante dos EUA afirmou após a votação que o cessar-fogo proposto seria “irrealista e perigoso”, possibilitando ao Hamas se reorganizar e praticar mais atos de violência. Além disso, destacou que sugestões norte-americanas para a resolução foram ignoradas.
Nesta semana, a representação dos Emirados Árabes Unidos na ONU destacou: “A situação na Faixa de Gaza é catastrófica e quase irreversível. Não podemos esperar. O Conselho precisa de agir de forma decisiva para exigir um cessar-fogo humanitário”.
Mais cedo nesta sexta, a diplomacia brasileira na ONU destacou que é necessário “fazer o que estiver ao nosso alcance para parar essa catástrofe humanitária”.
“O fracasso nesta tarefa resultaria provavelmente um cenário em que a autoridade e a legitimidade do Conselho se desgastariam ainda mais, e [o Conselho] provaria a sua incapacidade de cumprir os seus deveres de acordo com a Carta das Nações Unidas”, ressaltou o embaixador brasileiro.
A resolução seria uma resposta à invocação do Artigo 99 da Carta das Nações Unidas pelo secretário-geral da ONU, Antonio Guterres. Foi a primeira vez em décadas que o artigo foi invocado.
O dispositivo pode ser acionado pelo secretário-geral quando há situações que podem ameaçar a manutenção da paz e da segurança internacionais. A ferramenta é uma forma de Guterres pressionar o Conselho de Segurança a pedir por um cessar-fogo.
O conflito no Oriente Médio é um dos temas mais vetados da história do órgão, e a dificuldade de se chegar a um consenso tem causado frustração na comunidade internacional, levantando questões sobre o papel do Conselho.
Embaixador de Israel fala contra cessar-fogo
O embaixador de Israel nas Nações Unidas disse ao Conselho de Segurança nesta sexta-feira que pedir um cessar-fogo na Faixa de Gaza apenas prolongaria a guerra, e que a única opção para a paz é eliminar o Hamas.
Gilad Erdan começou o discurso criticando Antonio Guterres e a invocação do Artigo 99, dizendo que apesar das guerras na Ucrânia, no Iémen e na Síria nos últimos anos, nenhum conflito provocou a mesma resposta por parte do secretário-geral.
“Apesar do imenso impacto global de outros conflitos e das ameaças muito mais prementes à paz e à segurança internacionais, a guerra defensiva de Israel contra o Hamas — uma organização terrorista designada — foi o catalisador para a ativação do Artigo 99”, destacou.
“A ironia é que a estabilidade regional e a segurança de tanto os israelenses como os habitantes de Gaza só podem ser alcançados quando o Hamas for eliminado, nem um minuto antes. Portanto, o verdadeiro caminho para garantir a paz é apenas através do apoio à missão de Israel, absolutamente não apelando a um cessar-fogo”, alegou Erdan.
Ele também culpou o Hamas por quebrar o acordo de trégua diversas vezes. Durante a pausa, ele disse que foram lançados foguetes e que os parâmetros do acordo de libertação de reféns – incluindo que todas as mulheres e crianças fossem libertadas e que as crianças não fossem separadas dos seus pais – não foram cumpridos.