
Milhares de flores foram depositadas diante do local da tragédia em Magdeburgo – Foto: Michael Probst/AP
Às 19h03 pelo horário local, no momento exato do ataque de sexta-feira (20), os sinos de todas as igrejas de Magdeburgo tocaram em homenagem às vítimas, antes de um serviço religioso em sua catedral. O ato contou com a presença do chefe de Estado, Frank-Walter Steinmeier e, apesar da chuva torrencial, cerca de 2.000 pessoas reuniram-se do lado de fora do edifício.
Um pouco mais cedo, o chanceler alemão Olaf Scholz depositou flores no local da tragédia. Vários moradores fizeram o mesmo em solidariedade às vítimas desse ataque, que acontece oito anos após um episódio similar em uma feira natalina de Berlim.
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“É importante que permaneçamos unidos como país e que conversemos entre nós”, declarou o chefe do governo, que prometeu atuar “contra aqueles que querem semear o ódio”.
A tragédia aconteceu quando um automóvel BMW invadiu a feira de Natal, atropelando a multidão ao longo de quase 400 metros. O balanço de vítimas fatais ainda é provisório, já que cerca de 40 pessoas seguem hospitalizadas em estado grave. Entre os mortos estão quatro adultos e uma criança de 9 anos.
“Muçulmano islamofóbico”
Um homem foi detido logo após a tragédia e está sendo apresentado como o principal suspeito. Taleb A., um psiquiatra saudita de 50 anos, foi preso no local do crime, ao lado do veículo utilizado para atropelar a multidão.
Segundo a imprensa local, ele teria status de refugiado, com um visto de residência na Alemanha sem duração determinada e não era conhecido dos serviços de polícia. Sites de notícias alemães apontam que ele seria um muçulmano que se tornou islamofóbico.
Mas as possíveis motivações do suposto autor ainda não são claras. Segundo as primeiras informações, ele poderia ter atuado por “insatisfação” com o tratamento dispensado na Alemanha aos demandantes de asilo de seu país. A afirmação foi feita por Horst Walter Nopens, promotor responsável pelo caso neste sábado (21), que confirmou que Taleb A. permanecerá em prisão preventiva.
O suspeito havia denunciado em agosto em sua conta na rede social X “os crimes cometidos pela Alemanha contra os refugiados sauditas e a obstrução da justiça, pouco importa a quantidade de evidências que apresentemos” nos processos de pedido de asilo. A ministra do Interior da Alemanha, Nancy Faeser, disse à imprensa em Magdeburgo que “a única coisa” que pode confirmar é que o suspeito é “islamofóbico”.
Segundo a imprensa alemã, o suposto autor do atentado militou pelos direitos das mulheres sauditas, se descreveu como “ateu” e defendeu nas redes sociais ideias de extrema direita próximas às do partido Alternativa para a Alemanha (AfD). Em uma ocasião, ele declarou que se considerava perseguido por denunciar os “perigos” da islamização da Alemanha.
Até o momento, as autoridades estão descartando qualquer motivação islâmica na tragédia de Magdeburgo, ao contrário do ataque em Berlim em 2016.
Imprensa alemã revela identidade de suposto autor de ataque em feira natalina, um psiquiatra de origem saudita

Foi com uma BMW alugada que o suspeito Taleb A., de 50 anos, avançou sobre frequentadores da feira natalina de Magdebourg, uma cidade de 240 mil habitantes no nordeste da Alemanha, por volta das 19h de sexta-feira (15h em Brasília). Nas redes sociais, imagens mostram o veículo em alta velocidade, atropelando dezenas de pessoas em um trecho de cerca de 400 metros. Outro vídeo mostra o momento em que a polícia bloqueia o carro do suposto agressor e o detém.
Segundo a imprensa local, o motorista seria um homem originário da Arábia Saudita que vive na Alemanha desde 2006 e trabalha como psiquiatra em uma pequena cidade a cerca de 50 quilômetros de Magdebourg. Autoridades alemãs afirmaram que ele agiu sozinho, mas suas motivações ainda não foram reveladas.
Taleb A. teria status de refugiado, uma carteira de residência na Alemanha sem duração determinada e não era conhecido dos serviços de polícia. Sites de notícias alemães apontam que o suposto agressor seria um muçulmano que se tornou islamofóbico.
muçulmano que se tornou islamofóbico.

Uma fonte do governo saudita afirmou às mídias locais ter alertado as autoridades alemãs sobre as opiniões extremistas que o suspeito publicava em sua conta na rede social X. O homem teria criado um site na internet há alguns anos com instruções destinadas a mulheres sauditas interessadas em fugir do regime e encontrar refúgio na Europa.
Mais recentemente, Taleb A. teria publicado nas redes sociais uma mensagem pedindo que a Alemanha fechasse suas fronteiras a imigrantes ilegais, acusando a ex-chanceler Angela Merkel de ter “islamizado a Europa”. O psiquiatra também teria demonstrado sua simpatia ao partido Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema direita. Além disso, publicou posts elogiando o controverso advogado Markus Haintz, uma das maiores figuras do movimento antivacinas no país, o ativista islamofóbico britânico Tommy Robinson e o bilionário americano Elon Musk.
Uma criança entre os mortos
O atropelamento deixou ao menos cinco mortos, entre eles, uma criança, e mais de 70 feridos. A tragédia ocorre oito anos após o atentado contra uma feira natalina em Berlim, que deixou 12 mortos e 48 feridos. Na época, o ataque foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico.
A tragédia em Magdebourg choca o país neste que é o primeiro fim de semana de férias de fim de ano. Desde o início da manhã, moradores da cidade se recolhem nos arredores da feira natalina, onde expressam sua incredulidade com o ataque. “Nunca imaginei que isso poderia ocorrer aqui”, afirma o engenheiro aposentado Michael Raarig, de 67 anos.
O chanceler alemão Olaf Scholz foi até o local do atropelamento na manhã deste sábado prestar homenagem às vítimas. Vestido de preto, o líder social-democrata deixou flores no pátio da igreja em frente à feira.
Dirk Wiese, representante do partido governista, fez um apelo contra conclusões precipitadas sobre o perfil do suposto agressor. “Parece que as coisas são diferentes do que foi suposto no início”, afirmou ao jornal Rheinische Post.
A dois meses das eleições legislativas antecipadas, a extrema direita alemã tenta tirar proveito do ataque, em um momento em que a questão imigratória é uma das principais preocupações da população. “Quando isso terá fim?” escreveu na rede social X Alice Weidel, copresidente do AfD. A legenda aparece em segundo lugar nas pesquisas de opinião, com 20% das intenções de voto.
(Com informações da AFP)