O jornalismo esportivo está de luto. Em menos de 24 horas, três grandes nomes morreram entre a noite de quarta e a manhã desta quinta-feira, quando, já no fim da noite, Washington Rodrigues, mais conhecido como Apolinho, morreu aos 87 anos de idade. Ele foi um dos maiores comunicadores da História da radiodifusão brasileira, com passagem pelas Rádios Globo e Nacional, tendo trabalhado por último como comentarista e apresentador na Tupi. Estava internado no Hospital Samaritano, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, tratando um câncer no fígado.
Já na manhã desta quinta-feira, o jornalista e apresentador Antero Greco morreu aos 69 anos, em São Paulo. Greco foi diagnosticado com tumor cerebral em junho de 2022, e desde então fazia tratamento para a doença. Nos últimos dias, ele permaneceu internado e sedado no Hospital Beneficência Portuguesa Mirante, na capital paulista.
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Poucas horas depois, uma nova perda. O narrador Silvio Luiz morreu, aos 89 anos. Ele havia sofrido um derrame durante uma transmissão ao vivo na Record e estava em coma induzido e intubado. Internado no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo, o locutor havia sido hospitalizado na última quarta-feira e precisou ser sedado devido a um problema nos rins.
Apolinho
Apolinho já se encontrava em estado muito grave. Apesar de estar lúcido nos últimos momentos de vida, seu tumor era agressivo. O tratamento de quimioterapia foi feito até onde foi possível, mas o estado era irreversível. Ele deixa três filhos e sete netos.
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Sua carreira se iniciou em 1962, na Rádio Guanabara, atual Bandeirantes. O apelido de Apolinho foi dado pelo locutor Celso Garcia, e se originou pelo fato de que ele utilizava na Globo um microfone sem fio, que muito lembrava os utilizados pelos astronautas da missão espacial Apollo 11 (1969).
A marca de bordões e irreverência se imortalizou durante as décadas de carreira, na qual fez grandes amigos, como o narrador José Carlos Araújo, o Garotinho. Este foi seu principal parceiro em narrações de inúmeras partidas do futebol carioca e da seleção brasileira. Dessa forma, se tornou um ícone muito popular, sendo desde sempre também um apaixonado por futebol.
Ao todo, cobriu 13 Copas do Mundo, a primeira em 1970, no México, na qual o Brasil conquistou o tricampeonato mundial. Além do rádio, também foi colunista dos jornais O Dia e Meia Hora, e arriscou participações na televisão, provando ser um comunicador completo. O seu programa na Tupi, o Show do Apolinho, havia acabado de completar 25 anos.
Antero Greco
Ao lado de Paulo Soares, Antero apresentou o SportsCenter, na ESPN. O amigo e colega de bancada prestou homenagem ao jornalista após uma visita de despedida no hospital. Segundo Soares, Antero estava rodeado pela família e com as pessoas que amava.
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Em 9 de setembro do último ano, o apresentador passou mal ao vivo durante um programa e precisou ser retirado às pressas do estúdio. Depois que recebeu o diagnóstico do tumor cerebral, Antero foi hospitalizado e precisou antecipar uma cirurgia prevista para alguns meses depois. Afastado do trabalho, ele fez o procedimento e passou por sessões de radioterapia. Até que sofreu com uma piora recente do quadro.
— Exames foram feitos e se constatou um corpo estranho aqui (na cabeça). Fui internado em urgência e operado pela equipe do Dr. Nilton Lara e saí legal. Dois meses depois, fazendo exames de rotina, mostrou que sobrou ‘um treco da gororoba’, então deveria ser submetido a uma segunda operação. Até que eu tive aquele piripaque. Exame aqui, biópsia aqui e acolá, a coisa ia de ‘médio’ para ‘grave a gravíssimo’ e para ‘coisa muito ruim’, depois foi rebaixado para ‘grave’. Fiz radioterapia e quimioterapia, estou me sentindo muito bem, estou liberado — revelou Greco na bancada do Sportscenter em 2023.
Mauro Cezar Pereira compartilhou em sua coluna no UOL memórias com o jornalista e afirmou que Greco é “muito mais do que aquele cara que nos divertia no fim de noite”.
“Antero é um puta jornalista, grande companheiro, além de homem culto, educado, leitor voraz, dono de ótimo texto e uma pessoa extremamente bem humorada. Obrigado, Antero, pela parceria e por estar ao nosso lado na caminhada. Agora vou procurar vídeos seus arrancando gargalhadas do Amigão. Vai permanecer a lembrança de sua amizade, nossos longos e ótimos papos sobre assuntos além do futebol e das risadas e ensinamentos que nos proporcionou”, afirmou o jornalista.
Já José Trajano afirmou que Antero é “um dos maiores de sua geração” e disse que “estamos todos chorosos e destruídos”.
Silvio Luiz
Um dos narradores mais famosos do Brasil, ele fez sucesso com bordões clássicos como “olho no lanceeeee”, “pelo amor dos meus filhinhos” e “pelas barbas do profeta”.
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Apesar do problema, Silvio Luiz não podia fazer hemodiálise — tratamento realizado em pacientes com insuficiência renal —, devido à fragilidade decorrente da idade avançada.
Silvio Luiz estava em coma induzido, intubado e impossibilitado de fazer hemodiálise devido à fragilidade decorrente da idade. Ele enfrentava problemas renais.
Sylvio Luiz Perez Machado de Sousa era o nome de batismo de Silvio Luiz. Nascido em 14 de julho de 1934, começou a carreira em 1952, fazendo participações em radionovelas.
Como locutor, iniciou sua trajetória na Rádio Record. Passou pela Rádio Bandeirantes e, na extinta TV Paulista, foi o primeiro repórter de campo da imprensa esportiva brasileira.
Silvio também foi árbitro de futebol. Ele foi um dos assistentes na partida de inauguração definitiva do Estádio do Morumbi, em 1970.
Outra faceta de Silvio Luiz era a atuação. Como ator, participou de duas novelas: “Éramos seis” e “Cela da morte”, ambas na TV Record.
Trabalhou, também, nas Rádios Jovem Pan e Transamérica. Passou por Rede TV, Bandsports e SBT, onde narrou Copa do Mundo de 1994, quando a emissora de Silvio Santos se uniu à Record para a transmissão do Mundial. Por lá, foi apresentador do programa “Gol show” e líder da equipe de esportes do canal por três anos.
Ícone da narração esportiva, Silvio Luiz se notabilizou pelo jeito irreverente, irônico e descontraído nas locuções de futebol. Ele é dono de bordões que marcaram época e são lembrados até hoje, como: “Olho no lance”, “Acerte o seu aí, que eu arredondo o meu aqui”, “Confira comigo no replay”, e “É mais um gol brasileiro, meu povo”.
Premiado, Silvio Luiz venceu por 5 vezes o “Troféu Imprensa” como melhor narrador esportivo do Brasil. Ganhou ainda o “Troféu Comunique-se” e o “Prêmio Aceesp” como melhor locutor de televisão do país.
Companheiro de Silvio Luiz na última transmissão do narrador, Marvio Lucio, o Carioca, prestou homenagem ao amigo em suas redes sociais.
“Nossa ultima foto. Descanse em paz meu ídolo, amigo, pai, companheiro de trabalho. Muito obrigado Senhor por ter colocado o Silvio Luiz na minha vida… Inacreditavelmente era um menino que o amava pela TV, virei amigo e colega de trabalho. Silvio te amarei pra sempre, pra sempre. Vc é exemplo, quero ser como vc, trabalhar e fazer o q gosta até o final. Te amo. Um Bjo pra Marcia, Ale, André e Teca…”, disse Carioca em sua conta no Instagram.
“O Hospital Alemão Oswaldo Cruz informa que o paciente, Sr. Sylvio Luiz Perez Machado de Souza, 89, faleceu nesta quinta-feira (16) às 9h40, em decorrência de falência de múltiplos órgãos. O narrador esportivo e jornalista estava internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital desde o dia 8 de maio. O Hospital Alemão Oswaldo Cruz lamenta o falecimento, a direção, equipe médica e assistencial se solidarizam com os familiares e amigos neste momento de dor“, diz o comunicado.
Silvio Luiz deixa esposa e três filhos. Ainda não há informação sobre local de velório e horário de sepultamento do narrador.