O município de Tarauacá, no Acre, registrou, neste sábado (20), o maior tremor de terra da história do Brasil. Com 6,6 graus na Escala Richter, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos, o terremoto ocorreu às 18h31 no horário de Brasília, 16h31 no horário local.
Até agora, não há registro de danos. Isso porque o abalo ocorreu a 614,5 quilômetros de profundidade, o que permite a dissipação da energia. Segundo os geólogos, um tremor nessa profundidade dificilmente é sentido pela população.
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O Corpo de Bombeiros do município informou que não há ocorrências relacionadas ao tremor até o momento, mas que muitos moradores entraram em contato com a corporação para saber do ocorrido após sentirem o terremoto.
Apesar da profundidade, moradores relatam terem sentido o tremor até na capital Rio Branco, localizada a pouco mais de 400 km de Tarauacá. É o caso da funcionária aposentada do Tribunal de Justiça do Acre, Elaina Rocha, que conta ter acordado por volta das 5h10 deste domingo e sentiu o tremor. Ela temeu que fosse algum problema de saúde e mudou de cômodo, indo até a sala de casa onde viu os lustres balançando. Elaina mora no décimo andar de um prédio na capital acreana, e diz também ter sentido o terremoto da semana passada.
Apesar do susto, ela conta que não teve prejuízos nem ficou ferida. Após constatar que havia sentido o tremor, ela procurou informações na internet e encontrou a confirmação de que um terremoto havia sido registrado no interior do Acre.
“Por volta das 5h10, me levantei, fui ao banheiro e fiquei cambaleando. E disse: ‘meu Deus!’ pensei logo em labirintite, em triglicerídeo, em colesterol alto, que a gente sente logo. E corri para a sala. Quando eu cheguei na sala, tenho dois lustres, eles estavam balançando também. Então, assim, era o terremoto. Corri para o Google e vi que tinha acontecido um terremoto, naquele momento, em magnitude de 6.5 em Tarauacá”, relata.
Já em junho de 2022, um terremoto de magnitude 6,5 atingiu a região da fronteira entre o Peru e o Brasil. O tremor ocorreu por volta de 22h no horário de Brasília, a uma profundidade de 616 km e a cerca de 111 km da cidade de Tarauacá, no Acre.
Este terremoto é mais um que entra para a lista dos maiores já registrados no Brasil. Em janeiro de 2019, os moradores de Tarauacá sentiram um terremoto que, de acordo com Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), chegou a magnitude 6,8.
No caso do terremoto registrado no dia 20 deste mês, o tremor ocorreu a 614,5 quilômetros de profundidade e a 124 km de Tarauacá. Contudo, jornalista Gilson Oliveira disse que sentiu o tremor de terra. Ele relata que, por volta das 16h33, estava sentado no sofá quando sentiu a casa balançando. “Perguntei se minha esposa tinha sentido, ela disse que não tinha sentido. Eu senti, foi forte”, contou.
Sem estragos
George Sand, professor de Sismologia da USP (Universidade de São Paulo) e integrante da Rede Sismográfica Brasileira, explica que, quanto mais profundo o terremoto, mais a energia provocada por ele é dissipada antes de chegar à superfície.
Por isso, um abalo a 600 km de profundidade é menos sentido por quem está na região. Os tremores que provocam estragos são os registrados a uma profundidade entre 30 e 50 km do solo.
“A região amazônica próxima à Cordilheira dos Andes registra tremores dessa magnitude (6,6), com profundidades que variam de 300 a 600 km. Esses terremotos acontecem porque a região concentra duas placas tectônicas. O abalo acontece quando a placa de Nazca, que é mais pesada, mergulha sob a placa sul-americana”, detalha.