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China pressiona EUA por fim definitivo das tarifas após derrota judicial de Trump

Decisão de tribunal americano enfraquece tarifaço imposto unilateralmente; Pequim cobra Washington por alinhamento com regras internacionais.


A China voltou a exigir, nesta quinta-feira (29), que os Estados Unidos eliminem completamente as tarifas alfandegárias unilaterais impostas durante o governo Trump. O apelo acontece após uma importante derrota judicial do ex-presidente americano, que teve parte de suas medidas comerciais bloqueadas por um tribunal federal.

Durante coletiva de imprensa em Pequim, a porta-voz do Ministério do Comércio chinês, He Yongqian, pediu que os EUA “ouçam as vozes racionais da comunidade internacional e dos diversos setores domésticos”, destacando a necessidade de restaurar o equilíbrio nas relações comerciais. Desde abril, Trump havia imposto tarifas de até 125% sobre produtos chineses.

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Na quarta-feira (28), o Tribunal de Comércio Internacional dos EUA (ITC) suspendeu as chamadas “tarifas recíprocas” de pelo menos 10% sobre produtos importados, sob o argumento de que tais medidas excedem a autoridade presidencial. Segundo os juízes, a Lei de Poderes Econômicos de Emergência Nacional (IEEPA), de 1977, não confere ao presidente o poder ilimitado de impor tarifas por decreto.

A decisão judicial veio após ações judiciais movidas por uma coalizão de 12 estados e por um grupo de grandes empresas americanas. Os magistrados reafirmaram que, apesar de os EUA terem o direito de ajustar tarifas, essas decisões devem ser tomadas pelo Congresso.

Revés para a guerra comercial de Trump

O bloqueio representa uma derrota significativa para Trump, que vinha ampliando sua política de protecionismo comercial como uma das bandeiras de sua nova campanha presidencial. A medida afeta tarifas impostas não apenas à China, mas também a países como Canadá e México, além de sobretaxas aplicadas de forma ampla a todos os produtos importados. Tarifas específicas sobre veículos, aço e alumínio, no entanto, permanecem válidas por enquanto.

No início de abril, o ex-presidente havia determinado tarifas de até 50%, escalonadas conforme o país de origem. Algumas alíquotas mais elevadas chegaram a ser suspensas temporariamente para abrir espaço a negociações diplomáticas.

Até agora, Trump não comentou a decisão do ITC. Já a Casa Branca, por meio do porta-voz Kush Desai, reafirmou que o governo continuará “usando todos os recursos do Executivo para restaurar a grandeza americana”. O assessor presidencial Stephen Miller criticou duramente a decisão judicial, enquanto parlamentares democratas aplaudiram o posicionamento do tribunal.

Mercado financeiro reage com otimismo

O bloqueio às tarifas teve impacto imediato nos mercados financeiros. Diferente do cenário de incerteza observado em abril, desta vez as bolsas globais reagiram positivamente. Em Tóquio e Seul, os principais índices fecharam em alta superior a 1,8%. Na Europa, Paris, Frankfurt e Milão também registraram ganhos, enquanto Londres ficou praticamente estável.

Especialistas avaliam que a decisão do tribunal sinaliza uma mudança estrutural, substituindo ações unilaterais por mecanismos institucionais mais previsíveis. “É uma virada no debate sobre política comercial”, afirmou Stephen Innes, da SPI AM. Para a analista Ipek Ozkardeskaya, do Swissquote Bank, a reversão das tarifas pode fortalecer o crescimento global e beneficiar moedas e commodities.

A Casa Branca tem dez dias para suspender formalmente os impostos, mas agências de notícias indicam que Trump já recorreu da decisão. O desfecho judicial ainda é incerto, mas a pressão internacional — liderada por Pequim — deve manter o tema no centro do debate global.