Após três dias foragido, o presidente do partido Solidariedade, Eurípedes Júnior, pediu licença do cargo e se entregou à Superintendência da Polícia Federal do Distrito Federal neste sábado (15). O dirigente possui mandado de prisão em seu nome, e é acusado de participar de um desvio de cerca de R$ 36 milhões em recursos dos fundos Eleitoral e Partidário nas eleições de 2022.
Eurípedes foi fundador e presidente do Pros, partido que, passadas as eleições de 2022, não conseguiu alcançar a cláusula de barreira, aceitando no ano seguinte a incorporação pelo Solidariedade para preservar seus quadros. O acordo incluiu a transferência da presidência da legenda, tradicionalmente liderada pelo deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP).
Continua depois da Publicidade
Na última quarta-feira, Eurípedes Júnior foi alvo de uma série de mandados de prisão da Polícia Federal contra antigos membros do Pros, acusados de desviar verbas eleitorais a partir de candidaturas laranjas. Ele possui um longo histórico de investigações contra o seu nome, motivo pelo qual inclusive enfrentou dificuldades na Justiça, em 2022, para se manter presidente da sigla.
Na última quinta-feira (13), a Polícia Federal incluiu o nome do presidente do Solidariedade, Eurípedes Gomes Macedo Júnior, na difusão vermelha da Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) – a lista de fugitivos mais procurados em nível internacional.
Quem é Eurípedes Jr
Euripedes Gomes de Macêdo Júnior (Brasília, 1 de abril de 1975) ex-presidente do Partido Republicano da Ordem Social (PROS), partido que apoiou Dilma Rousseff na eleição presidencial de 2014, e se coligou com a candidatura de Fernando Haddad em 2018.
O dirigente do partido Solidariedade, foi o principal alvo da Operação Fundo no Poço aberta na última quarta-feira (12) pela Polícia Federal.
Agentes tentaram cumprir um mandado de prisão contra Eurípedes, mas ele não foi encontrado.
A ofensiva apura a suspeita de desvio de R$ 36 milhões dos fundos partidário e eleitoral do Solidariedade nas eleições de 2022 e possíveis candidatura laranjas lançadas no Distrito Federal. O presidente do partido é citado nas investigações como “líder da organização criminosa”.
Luxo: A filha de Eurípedes Júnior ostenta com verba partidária
A Operação Fundo do Poço, da Polícia Federal (PF), revelou que Jheniffer Hannah Lima de Macedo, filha de Eurípedes Júnior, foi beneficiada com cargos, bolsas de estudos e viagens internacionais pagas com fundos partidários e oriundos da FOS (fundação do partido).
Jheniffer, que ocupou o cargo de vice-presidente do Pros em 2022, atualmente é secretária-executiva do Solidariedade. Ela também recebeu bolsa de estudos no Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP) e realizou diversas viagens dentro e fora do país. Em fevereiro deste ano, esteve em Miami com o pai.
“Nas redes sociais, apresenta vida social incompatível com seus rendimentos, além de um carro elétrico adquirido em meados de 2022, quando as contas do Pros foram esvaziadas pela referida Orcrim [organização criminosa] que estava no seu comando”, diz trecho do documento.
Empresa de fachada e laranja
A Polícia Federal descobriu ainda que Jheniffer aparece em várias comunicações suspeitas de lavagem de capitais, especialmente em transações imobiliárias pagas com dinheiro em espécie.
As atividades de Jheniffer e seu pai incluem a participação em empresas de fachada, como a GFAX Assessoria Consultoria e Gestão Ltda e Hotel Planaltina Ltda, utilizadas para lavagem de dinheiro.
Em 2019, Jhennifer e outras duas investigadas adquirem um imóvel em Planaltina (GO), que, em 2022, foi repassado para a empresa GFAX Assessoria Consultoria e Gestão.
Em nota, a defesa jurídica do presidente do partido afirma que “O Sr. Eurípedes Gomes de Macedo Júnior demonstrará perante a Justiça não só a insubsistência dos motivos que propiciaram a sua prisão preventiva, mas ainda a sua total inocência em face dos fatos que estão sendo apurados nos autos do inquérito policial em que foi determinada a sua prisão preventiva”.