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Por que nem todos os países europeus comemoram o 8 de maio como o fim da Segunda Guerra Mundial

Nesta quinta-feira (8), a Europa relembra os 80 anos da vitória dos Aliados sobre a Alemanha nazista, data que marca o fim da Segunda Guerra Mundial no continente. Embora seja um feriado nacional na França, o 8 de maio não é comemorado da mesma forma em todos os países europeus — e há razões históricas, políticas e até geográficas para isso.


A rendição oficial da Alemanha ocorreu em 8 de maio de 1945, às 23h01, em Berlim, poucos dias após o suicídio de Adolf Hitler. O documento foi assinado pelo marechal Wilhelm Keitel, na presença de representantes das forças Aliadas: russos, americanos, britânicos e franceses. Era o fim de seis anos de um conflito devastador que deixou cerca de 55 milhões de mortos entre civis e militares na Europa.

Em 8 de maio de 1945 chegava ao fim o período de seis anos que durou a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) – Foto: Reprodução

Celebrações na França e em Reims

Na França, o 8 de maio é uma data de grande importância nacional. O presidente Emmanuel Macron lidera hoje as homenagens no Arco do Triunfo, em Paris. Já em Reims — cidade onde o primeiro ato de rendição foi assinado na madrugada de 7 de maio — as comemorações começaram mais cedo. A ministra responsável pela Memória e pelos Veteranos, Patricia Mirallès, participou dos eventos. Foi nesta cidade, a cerca de 150 km de Paris, que o general americano Dwight D. Eisenhower montou seu quartel-general durante a guerra.

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O primeiro documento de rendição foi assinado às 2h41 de 7 de maio pelo general alemão Alfred Jodl. No entanto, o líder soviético Josef Stalin, descontente com o fato de o ato ter ocorrido em território controlado pelos americanos, exigiu uma segunda cerimônia em Berlim no dia seguinte. Por causa da diferença de fuso horário, quando a assinatura ocorreu em Berlim, já era 9 de maio em Moscou — motivo pelo qual a Rússia celebra o “Dia da Vitória” um dia depois.

 2 de maio de 1945, soldados soviéticos hasteiam a bandeira vermelha sobre o Reichstag após a queda de Berlim, uma das imagens icônicas da Segunda Guerra Mundial — Foto: Yevgeny Khaldei/AP

Por que a data varia em outros países

Nem todos os países europeus adotaram o 8 de maio como marco oficial do fim da guerra. Isso se deve ao fato de que a libertação do nazismo não aconteceu simultaneamente em todos os territórios.

Na Holanda, por exemplo, os dias 4 e 5 de maio são dedicados à memória da guerra e à libertação. Já na Itália, o feriado nacional é em 25 de abril, conhecido como o “Dia da Libertação”, que marca o levante da resistência contra o regime fascista de Benito Mussolini, em 1945.

Na Bélgica, o 8 de maio deixou de ser feriado há mais de 50 anos. Todas as comemorações relacionadas às duas grandes guerras foram unificadas no dia 11 de novembro, data do armistício da Primeira Guerra Mundial. No entanto, uma crescente mobilização popular — liderada pela chamada “Coalizão 8 de Maio” — pressiona pelo retorno do feriado. A iniciativa conta com o apoio de historiadores, sindicatos e personalidades como Simon Gronowski, sobrevivente do Holocausto e presidente da União dos Judeus Deportados e Filhos da Deportação.

“Devemos comemorar, principalmente diante da ascensão de partidos de extrema direita, que revivem ideias que remontam ao fascismo e ao nazismo”, alertou Alexis Deswaef, vice-presidente da Federação Internacional de Direitos Humanos, em entrevista à RFI.

Em resposta à mobilização, o Parlamento belga aprovou uma resolução sugerindo a criação de uma cerimônia oficial no 8 de maio. Paralelamente, a coalizão organiza nesta quinta-feira uma celebração popular em frente à estação central de Bruxelas.

Londres deu início a quatro dias de pompa, assinalando o 80.º aniversário do Dia da Vitória – Foto: WPA

E os Estados Unidos?

Nos Estados Unidos, o 8 de maio tradicionalmente não é marcado por celebrações públicas — até agora. Neste ano, o ex-presidente Donald Trump declarou que a data deve ser reconhecida. “Há 80 anos, vencemos o inimigo com a força de nossos tanques, aviões, soldados e determinação. Sem os EUA, a libertação da Europa não teria sido possível”, afirmou. Ainda assim, a comemoração não será oficializada como feriado, uma vez que o Dia dos Veteranos, celebrado em novembro, continua sendo a principal data de homenagem aos soldados americanos.

“Sem os EUA, a libertação da Europa não teria sido possível”, Donald Trump – Foto: Reprodução