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Cultura

Peru

Escritor peruano Mario Vargas Llosa morre aos 89 anos

Ganhador do Nobel de Literatura de 2010 foi candidato presidencial da direita liberal em seu país, em 1990 perdendo contra o conservador Alberto Fujimori.


Mario Vargas Llosa recebeu o Nobel de Literatura no ano de 2010 – Pontifícia Universidade Católica do Chile – Foto: Wikimedia Commons

O escritor peruano Mario Vargas Llosa, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 2010, faleceu neste domingo (13/04), aos 89 anos.

A informação foi difundida pelo seu filho, o comentarista político Álvaro Vargas Llosa, em publicação na plataforma X. Segundo a postagem, o escritor morreu em sua casa, “cercado pela família e em paz”.

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“Seu falecimento entristecerá seus parentes, amigos e leitores ao redor do mundo, mas esperamos que eles encontrem consolo, como nós, no fato de que ele teve uma vida longa, variada e frutífera, e deixou uma obra que sobreviverá a ele”, disse Álvaro.

A mensagem também esclarece que não haverá cerimônia pública de velório, apenas um evento privado. Os restos mortais de Vargas Llosa serão cremados, de acordo com o desejo do autor, segundo seu filho.

“Nossa mãe, nossos filhos e nós confiamos que teremos espaço e privacidade para nos despedir dele com nossa família e amigos próximos”, diz a mensagem.

Escritor

Jorge Mario Pedro Vargas Llosa nasceu em março de 1936, de uma família de classe média, na cidade de Arequipa, no sul do Peru.

Estudou Letras e Direito na Universidade Nacional de San Marcos e, em 1958, foi bolsista na Universidade Complutense de Madri, onde obteve o título de doutor em Filosofia e Letras.

Iniciou sua carreira como escritor nos Anos 60, quando publicou romances de sucesso como A Cidade e os Cães (1963), A Casa Verde (1966) e Conversa na Catedral (1969). Tornou-se um dos expoentes do fenômeno literário, editorial conhecido como “boom latino-americano”, do qual também fizeram parte o colombiano Gabriel García Márquez, o argentino Julio Cortázar e o mexicano Carlos Fuentes.

Entre outras obras destacadas de sua autoria estão: Pantaleão e as Visitadoras (1973), A Guerra do Fim do Mundo (1981), Quem Matou Palomino? (1986), Lituma nos Andes (1993), A Festa do Bode (2000), Travessuras da Menina Má (2006) e Tempos Ásperos (2019) – este último também foi seu último romance.

Além de peruano, Vargas Llosa tinha a nacionalidade espanhola, obtida em 1993, e também a Dominicana, concedida em junho de 2023.

Político

Apesar de ter sido um simpatizante do socialismo e admirador de Fidel Castro durante a juventude, Vargas Llosa tornou-se um militante da direita liberal a partir dos Anos 80.

Em 1990, ele foi candidato presidencial pelo partido Movimento Liberdade e chegou a vencer o primeiro turno daquele pleito, com 32,61% dos votos, contra 29,09% do conservador Alberto Fujimori, do partido Mudança 90.

No segundo turno, porém, Fujimori obteve 62,32%, contra 37,68% de Vargas Llosa. Dois anos depois, o líder conservador impôs um autogolpe e passou a governar como ditador, deixando o poder apenas no ano 2000.

Apesar de se identificar com a direita liberal, nos últimos anos o escritor passou a defender alguns líderes de extrema direita na América Latina. Também foi um dos principais apoiadores do golpe de Estado contra Evo Morales na Bolívia, em novembro de 2019.

Durante a campanha eleitoral do Brasil, em 2022, ele chegou a declarar publicamente que preferia as “palhaçadas de Bolsonaro” do que uma vitória de Luiz Inácio Lula da Silva.