Marietta Baderna nasceu em meados de 1828, na cidade de Castel San Giovanni – província de Piacenza, na Itália. Filha de Luigia Guani e do cirurgião Antonio Baderna, seu nome de registro aparece como Baderna Franca Anna Maria Mattea.
Reconhecida pelos dicionários biográficos italianos por sua atuação precoce como bailarina, com onze anos de idade Marietta iniciou os estudos de ballet na escola de dança Carlos Blasis, estreando aos treze anos no Teatro Municipal de Piacenza. Viria a estudar também em Milão, na escola particular de Blasis, atuando em diferentes palcos europeus, da capital britânica a Milão, onde se tornou a principal bailarina no Teatro alla Scala.
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Muitas versões envolvem a história da longa viagem que trouxe Marietta ao Brasil em 1849, acompanhada de seu pai. Há, dentre elas, a suspeita de que a família estava fugindo da repressão às lutas políticas decorrentes da unificação da Itália em 1849-1849, embora não exista confirmação disto.
No Brasil, em 29 de setembro de 1849 Baderna fez sua estreia no espetáculo de ballet O Lago das Fadas, coreografado por Giuseppe Vila, recebendo inúmeras críticas positivas publicadas em vários jornais da cidade do Rio de Janeiro. No ano seguinte, em 1850, seria acometida pela febre amarela, assim como diversos integrantes do Teatro São Pedro de Alcântara, e também seu pai, que veio a falecer.
Considerada naquele momento como a grande bailarina do período romântico brasileiro, Marietta chegou a ter uma das maiores remunerações do Teatro após a morte de seu pai, período em que teria se unido a Gioacchino Giannini, com quem teve três filhos, se casando oficialmente após o segundo filho. O comportamento fugia aos padrões da época.
Marietta, na agitada segunda metade do século XIX, se envolveu em polêmicas ao apoiar o movimento abolicionista, dançar nas ruas e a levar para os palcos o lundu, dança de origem africana praticada por escravizados e vista com preconceito e hostilidade. Seus apoiadores, que defendiam a dança, a arte e a cultura africanas, passaram a ser chamados de “baderneiros” e conhecidos por baterem os pés no chão para prestigiar a bailarina no teatro. Tudo que acontecia na Corte, capital do Império, repercutiu Brasil afora. Foi a partir dessas situações que seu sobrenome passou a receber um novo sentido, ainda que pejorativo: “baderneiros” se transforma em sinônimo de confusão, bagunça e conflito. Como tal foi registrado no Dicionário Aurélio em 1986.
No ano de 1861 Marietta teria seguido para a França, voltando ao Brasil oito anos depois, trabalhando como professora de dança até meados de 1884. Ela veio a falecer em 3 de fevereiro de 1892 de “cancro uterino” na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro.
Homenageada por seu comportamento transgressivo, o nome da bailarina foi adotado pelo coletivo formado por mulheres do curso de Letras da Universidade de São Paulo (USP), criado em 2010, o coletivo feminino Marias Baderna.
Evocando sua presença na dança, surgiu o bloco de carnaval Maria Baderna em 2013 no município de Contagem – Belo Horizonte, lembrando a bailarina que introduziu danças populares afro-brasileiras em suas apresentações públicas, renovando o ballet até ali restrito à música clássica europeia.
Marilia Giannini, uma das trinetas de Marietta Baderna disse: “a suspeita de que a família estava fugindo da repressão às lutas políticas decorrentes da unificação da Itália em 1849-1849, embora não exista confirmação disto. Isso não é a realidade, Marietta e o pai, só eles vieram da Itália e se exiram no Brasil, ela veio contratada para o teatro São Pedro de alcântara. Marietta baderna quando foi para a europa em 1861, dançar na França ficou por lá 2 anos e 9 meses, volta ao Brasil/RJ em 1864 Não se sabe se Baderna e Giannini casaram, de fato tiveram três filhos e consta na certidão de óbito dela que era viúva do maestro Joaquim Giannini , não foi encontrado a certidão do casamento.”