O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tomou a decisão de demitir a ministra Ana Moser da pasta de Esporte nesta semana. Em seu lugar, foi indicado o deputado federal André Fufuca (PP-MA), nome indicado pelo Centrão e respaldado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
No Ministério de Portos e Aeroportos, entra o deputado federal Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE) e sai Márcio França (PSB), que vai ganhar a pasta de Micro e Pequenas Empresas – mais um ministério criado por Lula.
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A substituição ministerial no Esporte, no entanto, tem gerado críticas de aliados de Lula. Há preocupação com a redução da representação feminina em seu governo, uma vez que Lula enfatizou durante sua campanha presidencial a necessidade da igualdade de gênero no comando do país. A primeira-dama, Janja da Silva, também ficou descontente com a saída de Moser.
No início de seu governo, Lula contava com um recorde de 11 ministras em seu primeiro escalão. O número foi um marco na presença feminina nos cargos ministeriais. Entretanto, com a saída de Moser e a demissão de Daniela Carneiro (ex-Turismo), esse número caiu para 9, o que significa menos da metade do número de ministros do sexo masculino no governo.
Para aplacar as críticas relacionadas à falta de representatividade, durante o desfile do 7 de Setembro, em Brasília, Lula fez questão de se posicionar ao lado das ministras Simone Tebet (Planejamento), Sônia Guajajara (Povos Originários) e Marina Silva (Meio Ambiente).
Inchaço da máquina pública
Após a recente reforma ministerial e a adesão dos partidos do Centrão PP e Republicanos aos ministérios, o governo agora conta com um total de 38 pastas, incluindo o recém-criado espaço voltado às micros e pequenas empresas. No entanto, essa ampliação da estrutura ministerial tem sido questionada pelo possível inchaço da máquina pública.
Este é o maior número de ministérios já visto em comparação com os outros dois mandatos do presidente Lula. O recorde anterior era do governo de Dilma Rousseff (PT), que contou com 39 ministérios, marcando a maior quantidade de pastas desde o período de redemocratização do país.
Desafios para a governabilidade
Com a absorção do PP e Republicanos, o presidente Lula agora conta com a colaboração de 11 partidos em seu governo, totalizando cerca de 320 deputados em sua base. No entanto, isso não implica em apoio unânime, especialmente quando se trata de pautas mais progressistas.
Um dos desafios que o governo de Lula precisa lidar é a relação instável com o partido União Brasil, que atualmente detém o controle de 3 ministérios em sua gestão. Essa dinâmica também criou oportunidades para outras siglas se posicionarem de maneira independente, mesmo que possuam ministros em suas fileiras.
Isso é visto no caso do PP, Republicanos, MDB e PSD, que podem não alinhar automaticamente seus votos com o governo em todas as questões. Portanto, enquanto Lula fortaleceu sua base de apoio, ele ainda precisará negociar e buscar consensos, especialmente em pautas ideológicas, para garantir que seu governo tenha o respaldo necessário para aprovar medidas importantes no Congresso Nacional.
A ‘dor de cabeça’ de Lula ao acomodar o Centrão
A recente reforma não foi o único desafio enfrentado pelo presidente Lula na busca por acomodar o Centrão em seu governo. Há poucos meses, o presidente se viu envolvido em uma situação delicada durante os debates em torno da medida provisória (MP) de reestruturação ministerial. Essa MP foi aprovada com dificuldade e manteve a composição da Esplanada dos Ministérios estabelecida durante o seu mandato.
A medida passou pela aprovação na Câmara dos Deputados no final de maio, após enfrentar o risco de caducar, o que é um termo político que significa a perda de validade da medida, ou até mesmo de ser rejeitada. Esse episódio ilustrou um dos maiores desafios da atual gestão federal, relacionado à relação com o Congresso, que demonstrou certa resistência à articulação política liderada por Lula.
Na Câmara, o debate se transformou em um cenário de disputa que elevou a tensão entre o governo e Arthur Lira. Na ocasião, houve ameaças de sustar a análise da MP, com críticas à habilidade de articulação política do presidente Lula.
No Senado, a votação ocorreu no início de junho com menos complicações, mas ainda assim houve obstrução e indicação de votos contrários por parte de alguns partidos de oposição que atuam no cenário político.
A dança da primeira-dama
Após ter sido criticada, a primeira-dama, Janja Lula da Silva, apagou uma publicação nas redes sociais, nesta sexta-feira (08/09), na qual aparecia imitando uma dança indiana. Na legenda do vídeo, Janja comemorava a chegada à Índia e afirmava: “Me segura que eu vou sair dançando”. Internautas apontaram falta de empatia, em razão da situação de calamidade no Rio Grande do Sul.

A primeira-dama, Janja da Silva publicou e apagou instantes depois um vídeo em que diz “me segura, que eu já vou sair dançando” ao desembarcar na Índia ao lado do presidente Lula (PT). O petista foi até a Índia para participar do encontro do G-20. Foto: reprodução
Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou do desfile de 7 de Setembro, e, em seguida, embarcou para a Índia, onde participará do G20. O chefe do Executivo está sendo duramente criticado pelo fato de não ter ido acompanhar o atendimento às vítimas de um ciclone no Rio Grande do Sul. Ao menos 41 pessoas morreram em decorrência da tragédia.
Mais cedo, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), presidente em exercício, anunciou que os municípios do Rio Grande do Sul receberão R$ 800 por desabrigados das chuvas por meio do Ministério do Desenvolvimento Social. Alckmin também afirmou que visitará o estado no domingo (10/09), e que a comitiva deve descer no município de Lajeado e passar pelas cidades de Roca Sales e Arroio do Meio. Ainda segundo Alckmin, serão distribuídas 20 mil cestas de alimentos, sendo que as primeiras cinco mil chegam no domingo às localidades.
Questionado sobre o presidente Lula não ter feito visita ao estado, Alckmin alegou que o governo federal começou a atuar “imediatamente” e que tem conversado com Lula sobre o tema. E alegou questões de agenda por parte do petista. Por meio das redes sociais, Lula rebateu “ter orientado o governo a estar de prontidão”.
Com agências