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Política

Guerra comercial

Lula critica Trump e diz que Brasil não aceitará “desaforo”

Presidente afirma que EUA abandonaram a defesa do livre comércio e da democracia, adotando uma postura ameaçadora.


Lula reforçou que o Brasil não tem histórico de conflitos internacionais, mas que não aceitará imposições externas. “Não vamos aceitar desaforo”, afirmou – Foto: reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou, nesta segunda-feira (17), a postura dos Estados Unidos sob o governo de Donald Trump, afirmando que o país rompeu com a tradição de defender o livre comércio e a democracia. Segundo Lula, os EUA passaram a adotar uma postura agressiva no cenário internacional.

“E aí fico pensando: cadê a democracia? Cadê o respeito ao livre trânsito do ser humano? Se você tem livre trânsito do capital, cadê o livre comércio que foi tão apregoado? E aí começam a ameaçar o mundo. Todo dia tem uma ameaça, todo dia tem uma coisa”, questionou o presidente durante um evento da Petrobras, em Angra dos Reis (RJ).

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Lula reforçou que o Brasil não tem histórico de conflitos internacionais, mas que não aceitará imposições externas. “Não vamos aceitar desaforo”, afirmou, acrescentando que o país sempre priorizou relações diplomáticas pacíficas.

O presidente também criticou o abandono dos princípios do Consenso de Washington — conjunto de diretrizes econômicas defendidas nos anos 1980 por líderes como Ronald Reagan e Margaret Thatcher.

“A ideia era abrir mercados, eliminar barreiras comerciais e facilitar trocas. Agora, vemos um movimento contrário, com mais protecionismo e ameaças”, disse Lula.

A fala do petista ocorre em meio a tensões comerciais globais e possíveis mudanças na política externa americana sob Trump.

Lula “não faz política”, está “isolado” e “capturado”, diz advogado próximo ao presidente

Em carta, Kakay avalia que presidente mudou em seu terceiro mandato e aponta dificuldades na articulação política do governo – Foto: Reprodução

Uma carta escrita pelo advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, circulou entre governistas e aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no último domingo (16). No documento, o criminalista, que tem trânsito nos bastidores do poder, avalia que Lula mudou em seu terceiro mandato e aponta dificuldades na articulação política do governo.

Kakay relata que interlocutores próximos ao Planalto expressam dificuldades para ter acesso ao presidente e criticam seu isolamento. “Mas o Lula do 3º mandato, por circunstâncias diversas, políticas e principalmente pessoais, é outro. Não faz política. Está isolado. Capturado. Não tem ao seu lado pessoas com capacidade de falar o que ele teria que ouvir”, escreveu.

O advogado também demonstra preocupação com a viabilidade eleitoral do petista em 2026, apontando que a reeleição estaria em risco diante do atual cenário político.

“Já fico olhando o quadro e torcendo para o crescimento de uma direita civilizada. Com a condenação do Bolsonaro e a prisão, que pode se dar até setembro, nos resta torcer para uma direita centrista, que afaste o fascismo”, admitiu.

A carta surge em meio à queda de popularidade do presidente, que tem gerado preocupação dentro do PT e de sua base aliada. Pesquisa Datafolha divulgada na última sexta-feira (14) mostrou que a aprovação de Lula caiu para 24%, uma queda de 11 pontos percentuais em relação ao último levantamento, de dezembro de 2023. Trata-se do menor índice de aprovação em seus três mandatos.

Outro levantamento, divulgado no sábado (15) pelo Ipec, revelou que 62% dos brasileiros acreditam que Lula não deveria concorrer à reeleição.

No documento, Kakay chama atenção para o dado e levanta um questionamento: “Prestei atenção nesta [pesquisa] que indica que 62% não querem que Lula seja candidato à reeleição. A pergunta é: quem é seu sucessor natural?”, questionou o advogado.

Kakay sobre críticas a Lula: ‘Recebi elogios de ministros pela coragem de falar’

O criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, Kakay, surpreendeu o ambiente político ao divulgar uma carta com críticas ao presidente Lula. Não pelo teor, mas pelo fato de ele – um petista de carteirinha – verbalizar uma queixa recorrente nos bastidores do governo e do Congresso. “Ministros e senadores me mandaram mensagem elogiando minha coragem. Evidentemente, não vou abrir quem mandou”, afirmou Kakay.

As reclamações ocorrem desde o início da gestão Lula 3 e têm aumentado à medida que a popularidade do governo despenca. Como mostrou a Coluna do Estadão, nos últimos dias, governistas da esquerda ao Centrão dizem que Lula “padece do mesmo mal de Jair Bolsonaro” ao só ouvir quem não tem coragem de falar o que precisa ser dito. Parlamentares apontam ainda que o presidente “esnoba” deputados e senadores. Nomes de peso no Congresso enviaram recados ao Planalto de que “não adianta chamar na eleição”.

Na carta, Kakay não citou nomes. Mas, em Brasília, políticos diziam não ter dúvidas de que a queixa sobre Lula estar isolado e capturado, por questões políticas e pessoais, tem destinatários: o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e a primeira-dama, Janja da Silva. Procuradas, as assessorias de Janja e Rui não comentaram.

Apesar do tom elevado na carta pública, o advogado Kakay disse à Coluna que “mantém apoio incondicional” ao presidente Lula.

O advogado enviou a carta crítica inicialmente num grupo fechado de WhatsApp com apoiadores do governo. Segundo apurou a Coluna do Estadão, cinco ministros fazem parte: Fernando Haddad (Fazenda), Vinícius de Carvalho (CGU), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), Jorge Messias (AGU) e Anielle Franco (Igualdade Racial). Por lá, silêncio absoluto, e clima de constrangimento.

Procurados via assessoria, Haddad, Jorge Messias e Anielle Franco não responderam até o fechamento. Vinícius de Carvalho afirmou que não comentaria. E Paulo Teixeira disse que “tem trabalhado muito e não tem tido tempo para ler todas as mensagens que chegam nos grupos dos quais participa”.

Com InfoMoney e Estadão