A Polícia Civil de São Paulo apreendeu, nesta terça-feira (3), um carregamento de camisetas falsificadas da Seleção Brasileira de Futebol em seis lojas da tradicional “feirinha da madrugada”, no bairro do Brás, zona leste da capital. As peças chamaram atenção por uma característica inusitada: eram vermelhas, cor que não faz parte da identidade visual histórica da seleção canarinho.
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Segundo a corporação, os comerciantes falsificadores anteciparam-se a uma polêmica recente envolvendo o possível lançamento de um uniforme alternativo da seleção na cor vermelha — rumor que agitou torcedores nas redes sociais nos últimos meses. Os responsáveis pelos estabelecimentos foram presos com base na Lei Geral do Esporte, que criminaliza a falsificação de sinais distintivos de organizações esportivas, como escudos e marcas.
Além da cor inusitada, os uniformes ilegais estampavam as logomarcas da Jordan e da Nike, sugerindo uma colaboração entre as marcas que, de acordo com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), nunca foi oficializada.
Material será periciado
As peças foram recolhidas para perícia, e a polícia investiga a origem dos lotes, que estavam sendo vendidos a preços abaixo do mercado. De acordo com os agentes envolvidos, a camisa vermelha era o principal atrativo comercial nos pontos fiscalizados.
A movimentação coincide com a proximidade do jogo entre Brasil e Paraguai, marcado para a próxima terça-feira (10), na Neo Química Arena, em São Paulo, o que pode ter estimulado a procura por produtos temáticos.
Relembre a polêmica do “uniforme vermelho”
Em abril deste ano, o portal especializado Footy Headlines divulgou imagens de um suposto segundo uniforme da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2026. As imagens mostravam uma camisa na cor vermelha, o que provocou imediata reação negativa da torcida.
Uma sondagem feita nas redes sociais mostrou que cerca de 90% dos comentários foram contrários à possível mudança. Em resposta à repercussão, a CBF publicou uma nota oficial negando que os uniformes vazados fossem reais e reiterou o compromisso com as cores tradicionais: amarelo e azul.
“A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) esclarece que as imagens divulgadas recentemente de supostos uniformes da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2026 não são oficiais. A nova coleção ainda será definida em conjunto com a Nike”, afirmou a entidade na época.
Especialistas comentam
Para o advogado esportivo Ricardo Mello, a atuação rápida da polícia neste caso é importante não só pela questão da falsificação, mas também pelo impacto na imagem das entidades esportivas envolvidas:
“A pirataria esportiva não só prejudica financeiramente clubes e fornecedores licenciados, como também confunde o torcedor e pode afetar a identidade institucional das seleções. A legislação atual prevê punições severas, mas a fiscalização ainda é um desafio constante”, afirma.
Já a especialista em marketing esportivo Carla Braga vê o episódio como um reflexo de um mercado cada vez mais sensível a rumores:
“O simples vazamento de uma imagem especulativa gera produção em larga escala de produtos não-oficiais. Isso mostra a força das marcas, mas também como o público está atento — e, muitas vezes, mal informado. É fundamental que as confederações sejam claras e ágeis na comunicação para evitar distorções”, comenta.