AnúncioAnúncio

Justiça

Argentina

Ex-presidente da Argentina, Alberto Fernández vira réu por agressão à ex-esposa. Pena pode chegar até 18 anos de prisão

Fernández vira réu e ex-presidente pode pegar até 18 anos de prisão por agressões contra sua ex-esposa.


A Justiça Federal da Argentina aceitou, na segunda-feira (17), denúncia contra o ex-presidente Alberto Fernández (2019-2023) por violência doméstica e abuso de poder contra sua ex-esposa, Fabiola Yañez. A decisão foi tomada pelo juiz Julián Ercolini, que acolheu as acusações do Ministério Público por lesões leves e graves, abuso de autoridade e ameaças coercitivas.

Fernández agora responde como réu e pode enfrentar pena de três a 18 anos de prisão. Apesar disso, a Justiça suspendeu a proibição de sua saída do país, mas ele deverá comunicar destinos, tempo de permanência e detalhes dos voos sempre que viajar.

Continua depois da Publicidade

A ex-primeira-dama, Fabiola Yañez – Foto: Gregorio Borgia/AFP

Acusações e contexto da denúncia

O Ministério Público abriu a investigação em agosto de 2024, após Yañez registrar uma queixa-crime contra o ex-presidente, relatando agressões físicas e psicológicas ao longo do relacionamento. A ex-primeira-dama também afirmou que, em 2016, Fernández a obrigou a realizar um aborto.

Imagens divulgadas pela imprensa argentina mostram marcas de violência no corpo de Yañez, reforçando as denúncias de agressões frequentes. Segundo o juiz Ercolini, há provas de um “contexto de violência de gênero marcado pela relação assimétrica de poder” entre o ex-presidente e sua ex-esposa.

O magistrado destacou que, ao longo dos anos, Fernández teria praticado “assédio, provocações, controle, insultos, culpabilização, maus-tratos, menosprezo e hostilidade” contra Yañez, além de episódios recorrentes de agressões físicas.

Fernández nega acusações

O ex-presidente nega as alegações e afirma que, na verdade, ele teria sido a vítima de insultos e maus-tratos no relacionamento. Seus advogados prometem recorrer da decisão, argumentando que não há provas concretas de agressões físicas e que o caso foi politizado por adversários políticos.

A ex-primeira dama, Fabiola Yañez, que denunciou o ex-presidente Alberto Fernández por violência física e psicológica. Foto de novembro de 2022, em recepção no Palácio do Eliseu, em Paris – Foto: Christophe Ena/AP

Médico continua sendo testemunha-chave nos casos de agressão

O médico Federico Saavedra, ex-responsável pela Unidade Médica Presidencial da Argentina, irá prestar seu depoimento na manhã desta quinta-feira como testemunha no tribunal que investiga a denúncia de violência de gênero do ex-presidente Alberto Fernández contra a então primeira-dama, Fabiola Yañez. É esperado que o testemunho deva se estender durante várias horas na corte argentina.

A declaração é considerada crucial porque, além de ter sido o responsável pela Unidade Médica Presidencial, Federico Saavedra teria atendido a ex-primeira-dama no episódio mais grave de violência física sofrido, no qual Fabiola Yañez aparece em uma foto com o olho direito roxo, supostamente como consequência de um soco de Alberto Fernández no dia 11 ou 12 de agosto de 2021. Fabiola Yañez alega que Federico Saavedra lhe receitou glóbulos de arnica, uma planta usada no tratamento de inflamações. Segundo a vítima, o médico soube do motivo para o olho estar inflamado, mas preferiu não se aprofundar na questão.

“O soco no olho aconteceu na cama em Olivos [residência presidencial no município de Olivos]. Tínhamos discutido muito, como já era habitual e, para acabar com a discussão, ele me bateu, virando do seu lado da cama para o meu com um soco terrível. Gritei: ‘o que você me fez?’, mas ele não disse nada. Virou-se e, com esse soco, terminou a discussão”, descreveu Fabiola Yañez à Justiça.

“Chamamos o Dr. Federico Saavedra, chefe da Unidade Médica Presidencial, quem me deu glóbulos de arnica. Fui obrigada a não sair de casa para que ninguém me visse”, declarou ela. Fabiola já estava grávida do filho Francisco, que nasceu em abril de 2022, penúltimo ano do mandato presidencial de Fernández. A gravidez não impediu que os episódios de violência física continuassem.

Com agências