Polêmica do leilão de arroz:
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, confirmou, neste sábado (22), ter solicitado a exoneração do diretor de Operações e Abastecimento Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Thiago José dos Santos. A informação foi publicada pelo UOL e confirmada pela CNN.
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“Vou mandar o pedido [de demissão] para o conselho de administração da Conab na segunda-feira (24)”, disse o ministro. Ainda segundo Teixeira, a decisão foi acordada com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
Thiago é conhecido como o “diretor do arroz” e foi assessor do ex-Deputado Federal Neri Geller, também demitido na semana passada da Secretaria de Política Agricultura do Ministério da Agricultura após a polêmica envolvendo irregularidades no leilão do arroz, que acabou sendo anulado pelo governo federal.
Em meio às suspeitas de fraude, Neri Geller disse à CNN que colocou o cargo à disposição. A demissão ocorreu após a revelação de que o ex-assessor e sócio de Geller, Robson França, atuou como corretor no leilão posteriormente anulado.
Fontes do setor informaram à CNN que, pelas regras do mercado, a comissão no negócio pode ultrapassar o valor de R$ 5 milhões.
França trabalhou no gabinete de Geller junto com Thiago dos Santos.
Procurado pela CNN para comentar o assunto, Santos se limitou a dizer que não foi informado sobre decisão do ministro.
“Houve uma falcatrua na empresa”, diz Lula sobre anulação de leilão de arroz importado
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentou a anulação do leilão do arroz promovido pelo governo federal. Segundo o petista, “houve uma falcatrua na empresa”.
A decisão do Executivo federal de importar o grão ocorreu após a crise provocada pelas fortes chuvas e enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul — principal estado produtor do alimento no país — no mês de maio.
“Um cara me mostrou um pacote de arroz de 5kg a R$ 36. Aí um outro me mostrou um pacote de arroz a R$ 33. Eu falei que não é possível. O povo não pode pagar R$ 36 num pacote de 5 kg. Esse arroz está caro. Aí tomei a decisão de importar um milhão de toneladas”, começou Lula.
“Depois tivemos a anulação do leilão, porque houve uma falcatrua em uma empresa. Mas por que eu vou importar? Porque o arroz tem que chegar na mesa do povo a no mínimo R$ 20 um pacote de 5 kg. Não dá para ser um preço exorbitante”, continuou o presidente.
A anulação do leilão que havia vendido 263,37 mil toneladas de arroz importado foi anunciada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) no último dia 11.
A resolução incluiu cancelar um novo leilão para 36 mil toneladas restantes do alimento que não tinham sido adquiridas no primeiro certame.
A suspeita de fraude que levou ao cancelamento envolveu a maior arrematante individual do certame realizado, a empresa Wisley A. de Souza, cuja sede é uma pequena loja de queijos em Macapá e que teve seu capital social recentemente alterado: passou de R$ 80 mil para R$ 5 milhões uma semana antes do leilão.
Na entrevista de hoje, Lula disse que o governo pretende recorrer a mais uma estratégia para reduzir o preço do grão.
“Vamos, inclusive, financiar áreas de outros estados produtivos de arroz para não ficar dependendo apenas de uma região. Vamos dar garantia de preço para que as pessoas não tenham prejuízo.”
Com informações de Cristiane Noberto e Isabel Mega, da CNN