A decisão de Biden encerra a crise da campanha democrata. Essa crise começou durante sua fraca performance em um debate contra Trump, no último dia 27 de junho. Em quarentena se recuperando de Covid-19 em Delaware, o presidente disse que teve tempo para refletir. Frente às últimas pesquisas de intenção de voto, percebeu que suas chances de ganhar o pleito diminuíram. Concluiu que o melhor para o país é dar a oportunidade para alguém mais jovem, que tenha mais energia para seguir em campanha.
O fato já é histórico. Nunca antes um candidato à presidência americana desistiu da corrida após vencer as primárias de seu partido. Biden vinha sofrendo grande pressão por parte de seus companheiros de partido para desistir. Até antigos aliados, como a ex-presidente da Câmara de Deputados, Nancy Pelosi, e o ex-presidente Barack Obama o pressionaram.
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Reação de Trump
O candidato do partido republicano, Donald Trump, já se pronunciou sobre a desistência de Biden. Trump disse que Biden nunca esteve apto para ser o presidente do país. “O Establishment de Washington, os haters da mídia americana e o estado corrupto fizeram tudo o que puderam para proteger o Biden, mas ele simplesmente desistiu da corrida em completa desgraça!”, escreveu em sua plataforma Truth Social.

Trump afirmou que Biden foi “de longe o pior presidente da história dos Estados Unidos da América”. Foto: reprodução
Em uma mensagem publicada após o comunicado de desistência, Biden disse que apoiaria a candidatura da atual vice-presidente Kamala Harris. “Hoje quero oferecer todo o meu apoio e endosso para que Kamala seja a indicada do nosso partido este ano. Democratas – é hora de nos unirmos e derrotar Trump. Vamos fazer isso”, postou.
Além das dúvidas sobre o nome do novo candidato, a desistência de Biden pode lançar sombras sobre sua capacidade de seguir administrando o país como presidente. Alguns republicanos já tentaram acionar a emenda 25, que permite depor um presidente caso ele seja “incapaz de exercer os poderes e deveres de seu cargo”, contra Biden há poucas semanas. A saída de Biden da campanha poderia ser o precedente necessário para que essa possibilidade seja novamente considerada.
Leia a íntegra da carta renuncia de Biden
“Meus companheiros americanos, Nos últimos 3 anos e meio, fizemos grandes progressos como nação.
Hoje, a América tem a economia mais forte do mundo. Fizemos investimentos históricos na reconstrução da nossa nação, na redução dos custos dos medicamentos prescritos para os idosos e na expansão dos cuidados de saúde acessíveis a um número recorde de americanos.
Fornecemos cuidados extremamente necessários a um milhão de veteranos expostos a substâncias tóxicas. Aprovamos a primeira lei de segurança de armas em 30 anos. Nomeamos a primeira mulher afro-americana para a Suprema Corte. Aprovamos a legislação climática mais significativa da história do mundo. A América nunca esteve melhor posicionada para liderar do que estamos hoje.
Sei que nada disso poderia ter sido feito sem vocês, povo americano. Juntos, superamos uma pandemia que se deu uma vez num século e a pior crise econômica desde a Grande Depressão. Protegemos e preservamos a nossa democracia. E revitalizamos e fortalecemos nossas alianças em todo o mundo.
Falarei à Nação ainda esta semana com mais detalhes sobre minha decisão.
Por enquanto, deixe-me expressar minha mais profunda gratidão a todos aqueles que trabalharam tanto para me ver reeleito.
Quero agradecer à vice-presidente, Kamala Harris, por ser uma parceira extraordinária em todo este trabalho. E deixe-me expressar o meu sincero agradecimento ao povo americano pela fé e confiança que depositou em mim.
Acredito hoje no que sempre acreditei: que não há nada que a América não possa fazer – quando fazemos isso juntos. Só temos que lembrar que somos os Estados Unidos da América.”
Com informações de Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York