As projeções mais otimistas de associações e empresas de pesquisa, e não alcançadas, estimavam alta de 4% a 17%.
No período de quinta-feira (23), às 00h, até esta sexta-feira (24), às 23h59, o comércio eletrônico registrou cerca de R$ 3,4 bilhões em vendas, recuo de 15,1% sobre 2022, ano em que a receita já havia caído dois dígitos.
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As informações são da plataforma Hora a Hora, da Confi.Neotrust, empresa de inteligência de dados, em parceria com a ClearSale.
Não é a maior retração de faturamento do evento, que ocorre no Brasil há 13 anos — em 2022 a queda variou de 23% a 34% no on-line, a depender da pesquisa — mas trata-se se uma diminuição em 2023 em cima já de uma queda, reduzindo mais o tamanho do bolo total de vendas do segmento. É o segundo pior resultado desde o início do evento promocional, em 2010.
Os números não consideram as vendas em lojas físicas, que há alguns anos também foram incluídas nas ações das empresas. Varejistas destacavam aumento de conversões de fluxo de consumidores em vendas ontem (24), em lojas de eletrônicos e moda.
Descontos abaixo do esperado
Renda da população ainda comprometida com dívidas e descontos abaixo do esperado pelos consumidores — reflexo de um estoque mais ajustado nas lojas ao longo do ano — podem ter afetado o desempenho.
Há alguns anos, as promoções têm sido limitadas a menor número de produtos na Black Friday, como forma de o varejo proteger rentabilidade e reduzir custo de capital, após a alta da taxa Selic que encarece estoques parados.
A receita foi afetada por uma redução no volume de pedidos, que atingiu 5,1 milhões, 14,9% menor que o mesmo período do ano passado. Além disso, o tíquete médio gasto, que mostrava reação até a quinta-feira, perdeu força.
O gasto médio por compra na data atingiu R$ 675,36, com uma estabilidade sobre 2022 ( 0,1% menor do que em 2022).
Mercado Livre e Magalu crescem
Apesar da queda, grandes cadeias líderes de venda devem ganhar mercado pelo desempenho melhor que a média. Mercado Livre e Magazine Luiza cresceram sobre 2022. Especialistas afirmam que o recuo pode ter afetado, especialmente, varejistas digitais de menor porte e segmentos mais dependentes de crédito.
“Observamos uma Black Friday mais tímida em comparação ao ano anterior, analisando principalmente o faturamento e o volume de pedidos já que ambos apresentaram queda”, disse em nota Matheus Manssur, superintendente comercial da ClearSale.
Golpistas também foram afetados
Segundo Manssur, esses indicadores também influenciaram diretamente na diminuição das tentativas de fraudes de golpistas na internet.
Sobre esse indicador, no período houve 18,6 mil tentativas de ações fraudulentas, representando em valores aproximadamente R$ 26,6 milhões, redução de 56,4% na comparação com o ano anterior. O ticket médio das tentativas foi de R$ 1.439,47.
Entre quinta e sexta, as categorias mais impactadas pelas ações dos golpistas foram:
- Ferramentas (2,7%),
- Passagens aéreas (2,5%)
- Brinquedos (2%).
Ainda segundo o levantamento da plataforma Hora a Hora, os produtos mais vendidos no período foram:
- Eletrodomésticos (20,8% do total comercializado);,
- Eletrônicos (15,1%);
- Telefonia (11,9%).
Já os meios de pagamento mais utilizados no e-commerce foram:
- Cartão de crédito (56,5%);
- Pagamentos via PIX (30,3%);
- Boleto bancário (8,2%);
- E-wallet, cashback, débito e vales (5%).
Alerta com a Black Friday da C&A
“Realizei uma compra na cea online na data de 23/11/2023, fui informada da seguinte promoção, você compraria 3 peças e a de menor valor sairia a R$ 1,00 usando o cupom. Inclusive a promoção consta no site. Fiz a compra, tudo certo. Acontece que hoje, recebi um email dizendo que justamente a peça escolhida no valor de R$ 1,00 foi cancelada, sem qualquer justificativa. Então assim, porque fazem uma promoção que não conseguem cumprir. Muito decepcionada, me sentindo enganada. Gostaria de saber o que a Cea pode fazer em relação a isso. Várias tentativas de contato sem êxito.” publicou uma consumidora no site Reclame AQUI.
Comprou na Black Friday e se arrependeu? veja quais são seus direitos
A Black Friday, que aqueceu o mercado varejista brasileiro, se encerrou oficialmente nesta sexta-feira, 25. Para alguns, porém, o pós-compra pode ser de arrependimento ? e, para os fornecedores, uma oportunidade de fortalecer os vínculos com os clientes. Para trocar ou devolver um produto é preciso ficar atento aos direitos do consumidor.
No varejo online, a projeção de pedidos de trocas e devoluções para os produtos comprados entre quinta e sexta-feira é de cerca de 338 mil, conforme dados da Black Friday Hora a Hora, site de monitoramento da Neotrust. Para as compras realizadas durante o mês, a expectativa é de trocar ou devolver aproximadamente 2,1 milhões de itens, o que representa 7,5% do que foi negociado.
O Código de Defesa do Consumidor determina que a devolução do produto adquirido deve ocorrer no prazo de sete dias da compra ou da entrega. Nesse caso, o cliente não deve ser cobrado por nenhum valor. A orientação é registrar a solicitação de cancelamento por escrito.
Líder de vendas da Aftersale, Rodolfo Ferraz reconhece o potencial do E-commerce, mas destaca a complexidade quando se trata do pós-venda, marcada “por muita fricção”, segundo ele. Ele reforça a necessidade de inteligência do fornecedor para ajudar a reduzir os impactos negativos que envolvem a decisão de compra online e a satisfação do consumidor.
“Sendo estratégico no pós-compra, o varejista potencializa suas chances na criação de lealdade. E, mais lealdade, mais fidelidade, mais recorrência”, diz. Para ele, recorrência é a intenção de recompra de um consumidor.
A moda é o segmento com maiores volumes de trocas ou devoluções. O porcentual de solicitações chega a superar dois dígitos. Na maior parte das vezes, a justificativa do cliente é por não ter atingido as expectativas.
Veja os principais motivos para as trocas:
2 – Problemas de modelagem ou tamanho diferente do esperado (ajuste ao corpo e fit): cerca de 25% do total de solicitações
3 – Insatisfação pela cor: não atende ao que se esperava / expectativa diferente da realidade / ou arrependimento: cerca de 15% do total
4 – Problemas logísticos ou de fulfillment (atrasos na entrega, envio de mercadorias erradas, envio de quantidades erradas, problemas na entrega): cerca de 8% do total de solicitações
Orientações do Procon para troca de produtos comprados em loja física ou pela internet:
A loja não é obrigada a efetuar a troca, a menos que, no momento da venda, tenha se comprometido com o cliente a fazê-la. A maioria das lojas opta pelo serviço para conquistar o consumidor e realizar uma nova venda.
Por isso, antes de comprar, é importante o consumidor se informar sobre as condições de troca do estabelecimento.
2. Troca por defeito
O fornecedor tem até 30 dias para solucionar o problema. Por isso, é essencial que o consumidor tenha um documento com o dia em que a reclamação foi feita.
Se o reparo não for realizado em até 30 dias, o consumidor pode optar pela troca do produto, devolução do dinheiro ou abatimento proporcional do preço.
3. Compra pela internet
Se a compra for por telefone, catálogo e internet, por exemplo, o consumidor pode exercer o direito de arrependimento em até sete dias da data da aquisição ou recebimento do produto. É importante formalizar a desistência por escrito.
Se já tiver recebido o produto, deverá devolvê-lo tendo direito a receber de volta o valor pago, inclusive o frete.
Caso queira apenas trocar o produto, deve verificar a política de troca do site.
4. Como trocar
Guarde a nota fiscal ou o recibo de compra e o apresente na hora de fazer a troca. Em caso de peças de vestuário, mantenha a etiqueta do produto.
5. Valor da troca
Ao efetuar a troca, deverá prevalecer o valor pago pelo produto, mesmo quando houver liquidações ou aumento do preço.
Lembrando que, quando a troca é pelo mesmo produto (marca e modelo, mudando apenas o tamanho ou a cor), o fornecedor não pode exigir complemento de valor, nem o consumidor solicitar abatimento do preço, caso haja mudança entre o que foi pago e o valor no dia da troca.
Com informações do Valor Econômico e PROCON